Epílogo

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– Duas semanas demoram muito! – Beatrice fez um bico enorme e cruzou os braços, deixando claro que não iria ceder.

  Depois de meses e meses adiando a tão esperada viagem para a casa de tio Max — toda vez que alguém finalmente encontrava um tempo, outra pessoa do grupo tinha ocupações no mesmo —, Miranda e Liana finalmente conseguiram organizar todas as coisas para partir no fim da tarde de um sábado. Poucos minutos antes de irem para o café, encontrarem com o resto do grupo, Beatrice decidiu que estava magoada demais para deixá-las partir.

– Beatrice, não faça isso. – Amélia a repreendeu e Liana apenas balançou a cabeça.

– Escute, – Miranda ajoelhou-se para ficar no mesmo nível de altura que a pequena, que estava agora com sete anos. – São duas semanas bem rápidas e assim que voltarmos, estará perto do nascimento de Elliot, e nós iremos direto para o hospital visitá-lo. – Ela completou e os olhos da garotinha brilharam com a perspectiva.

  Miranda estava feliz e leve, mal podia esperar pelo nascimento do irmão, mas nada superava Beatrice. A garotinha decidiu por si mesma que Elliot já era alguém importante de sua família e parecia mais agitada do que Miranda para conhecê-lo.

– Promessa de dedinho? – Ela perguntou, um pouco mais compreensiva. Miranda concordou e estendeu o dedo menor, que foi aceito pela menina. – E depois de Elliot vocês irão ter um bebê?

  Liana engasgou com as palavras da irmã e pareceu ficar pasma com a perspectiva, virou-se para a menor incrédula.

– Beatrice! – Ela ralhou e Miranda apenas riu, esperando por uma discussão.

– Mamãe disse que vocês podem adotar! – A garotinha continuou argumentando e Miranda apenas balançou a cabeça para a namorada, dizendo que não iria adiantar discutir.

  Liana mirou a porta com a maior incredulidade no rosto ao ver sua mãe deixando o quarto de mansinho.

– Primeiro Elliot e depois nós pensaremos nisso, tudo bem? – A garotinha deu por vencida após a sentença de Miranda e apenas concordou, cabisbaixa.

  Ambas despediram-se de Amélia e de Beatrice, que foi a mais difícil de convencer. Miranda sorriu com a perspectiva de que a família de Liana estava se tornando também, sua família.

– Nós pensaremos nisso... – Liana resmungou em tom baixo, mas não o suficiente, já que Miranda levantou uma sobrancelha. – Você promete muitas coisas à ela.

– Ah, pare. Você sabe que ela irá esquecer em algumas semanas. – Miranda respondeu em um tom distraído e Liana soltou uma risada. – O quê?

– Não seria uma má ideia. Eu poderia ver uma mini-Miranda correndo pela casa. – Comentou com os olhos na estrada e Miranda ponderou.

– Eu poderia ver uma mini-Liana seguindo os exemplos da mãe e tornando-se uma stalker. – Miranda provocou a namorada, que apenas a encarou para que retirasse o comentário, mas ela apenas riu.

– Dê um tempo. É exatamente por isso que nós estamos juntas hoje. Você sabe que o maior esforço foi meu! – Liana rebateu com sarcasmo e a risada de Miranda morreu no mesmo instante.

– Eu poderia te processar por isso. Você deu sorte de ser tão bonita! – Miranda respondeu, e as duas sorriram para a estrada.

  Ambas sabiam que o que havia entre elas nesse momento, era muito além do físico. E isso, entrou para mais uma lista do mural de Miranda — que agora era repleto de cor amarela e de fotos com a sua nova família. A lista de coisas que ela não trocaria por nada nesse mundo.

Eu Sempre Quis Escrever Esse LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora