5 - Parte I

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No dia em que eu pude te conhecer
Conduzido por meu fardo
Rodando a metrópole para espairecer
e agora muito em meu interior eu guardo
Todo o estorvo pude esquecer

Observando pelo infinito sua feição fechada
Íris ansiosas em sua direção até que você notasse
Mais uma vez, minha atenção foi levada
Por todas as juras que antes eu citasse
No estabelecimento vazio de luz prateada.

- Libeel.

  Sra. Merlin teve mais uma de suas chamadas recusadas, Miranda torceu nariz e voltou a ler seu livro, aquele era o momento em que ela estava livre, afinal. Respirou fundo ao perceber que não conseguiria retornar à seu estado de concentração anterior e pegou o celular ativando o não perturbe.

  Passou-se semanas e o poeta não havia postado nenhum outro poema. Terminou sua poesia com um site logo abaixo, que Miranda acessou e saiu em uma música, que também havia sido provavelmente dedicada para o inspirador do poema. Miranda poderia quase jurar que estava sentindo falta de ler sobre sua vida, mesmo que ela não pudesse imaginar situações, poderia quase perceber a sensação de cada um deles.

  Caso se esforçasse mais um pouco, ela criaria coragem e mandaria uma mensagem procurando por um contato direto. Não havia tido isso até então, talvez uma simples conversa sobre seus textos, mas ela ainda não se sentia completamente preparada para iniciar um diálogo convencional.

  Tudo bem? Claro, você? Legal. Seu nome? Eu não acho que posso dizer. Certo. Sua paixão? Poesia. Oh, certo, essa eu já sabia.

  Não era exatamente o que Miranda estava procurando. Ela não estava procurando por uma conversa convencional, já tinha os seus melhores amigos para isso, afinal. Isso a levou para o pensamento de que talvez ela não devesse começar de forma convencional, quando resolvesse finalmente iniciar uma conversa com Libeel.

  Merlin não sabia quando resolveria finalmente e com isso em mente encarou a descrição do perfil do poeta - o qual a garota não percebeu que havia aberto enquanto se questionava.

Se não agora, quando? - Gary Herbert.

  Aquilo causou um riso nasalado na garota que tinha em mente de que sempre encontraria respostas no perfil de Libeel - o qual tinha um número convencionais de seguidores e citações que não eram de sua autoria. Miranda não prestava muita atenção nelas, admirava acima de tudo o talento que o poeta tinha e em como ele era capaz causar sensações na mesma.

  Miranda observou as janelas do metrô por alguns segundos, trocou a música que tocava em seus ouvidos e abriu a aba de mensagens privadas procurando por um nome — Libeel.

Eu gostaria de saber o que aconteceu no estabelecimento de luz prateada. Muito direto.

Talvez eu queira saber o que procedeu após no estabelecimento de luz prateada. Muito formal.

Você esqueceu o celular no estabelecimento? Muito forçado, não havia intimidade entre eles, afinal.

Qual a continuação?
Eu gostaria de uma conclusão.
Talvez uma citação sobre o que levou sua atenção no estabelecimento de luz prateada.

Eu Sempre Quis Escrever Esse LivroWhere stories live. Discover now