6 - Parte I

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Escolhemos acreditar em tudo que nos beneficia
em toda via,
Transformando pensamentos
em uma fábula de quimera
Propícios a levar o primeiro bote

- Libeel.

  Miranda abriu os olhos e levou alguns minutos para assimilar que estava sozinha em sua cama. Levantou de supetão e observou o quarto, em seguida se dirigindo para a porta.

  Ela encontrou o garoto de olhos azuis amarrando os sapatos e observando seu mural com a feição um pouco franzida e confusa. Miranda piscou atordoada por alguns momentos e se perguntou se deveria dizer algo. Se Benjamin realmente fosse Libeel, reconheceria seu poema que havia sido escrito na lateral, alguns dias atrás.

  A maior parte dela, nessa altura, já não acreditava que ele fosse Libeel.

– Libeel... – Miranda tentou e se arrependeu em seguida quando a mesma feição anterior foi direcionada para ela.

  Benjamin coçou a cabeça por um momento e esfregou um olho com as costas da mão. Miranda porém, não desviou o olhar.

– O que você quer dizer? – Benjamin já não parecia o rapaz doce do dia anterior e Merlin chegou a conclusão de que havia se precipitado demais. Ela continuou em silêncio assimilando por algum tempo e o garoto a olhou como se ela fosse algum tipo de animal excêntrico e pudesse o atacar a qualquer momento. – Eu tenho que ir.

  Após ele se retirar, a garota demorou alguns segundos para finalmente soltar o fôlego e assimilar o diálogo estranho e breve que havia compartilhado com o garoto que agora, ela tinha completa certeza de que não era Libeel.

  Absorvendo seus pensamentos e sentimentos nesse momento, ela se perguntou como pôde escolher acreditar nisso. Benjamin não despertava em si nenhum sentimento a não ser indiferença e um pouco de frustração.

  Miranda acessou o onbook enquanto estava sentada no chão de sua cozinha com uma xícara de porcelana na mão esquerda e ficou alguns segundos relendo a mensagem de Libeel que ela ainda não havia respondido.

  Ela gostaria que o poeta tivesse sido um pouco mais claro em suas palavras e nesse momento surgiu o pensamento de que era bem provável que Libeel estivesse mais longe do que ela poderia imaginar. A ideia de que o estabelecimento citado no poema fosse BurntCoffee parecia completamente tola nesse momento. Libeel poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

Você já escolheu acreditar em algo por algum momento, porque imaginou que aquilo faria com que você se sentisse um pouco menos vazio?”

  Miranda estava nesse momento indo contra tudo que ela propôs no dia anterior, ela estava mudando de assunto radicalmente e tentando puxar outro tópico como se já houvesse algum tipo de intimidade entre eles. Mas ela não se importava exatamente, Libeel era todas as pessoas e talvez já houvesse sido ela por um tempo, caso ele já tivesse passado por tal situação.

  Ela se surpreendeu um pouco quando a resposta chegou de imediato.

     “Sim, nós fazemos isso o tempo inteiro.” 

  Miranda não admitiria tão cedo que ficou um pouco decepcionada pela curta resposta, mas esse pensamento se dissipou rapidamente quando o poeta compartilhou mais um de seus textos, datando que havia sido escrito três anos atrás.

“Eu tenho a impressão de que você já passou por tudo que eu estou provando pela primeira vez.”

“Eu sou como você, Magnoly. Mais semelhante do que você pode imaginar.”

Eu Sempre Quis Escrever Esse LivroHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin