Capítulo 10

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Robert foi até o armário de suprimentos, pegou a caixa de primeiros socorros e voltou para onde estava, encontrando Maya  que avisou que tinha levado Andy para seu beliche. Chegando lá, ela estava deitada na cama já sem sua blusa para diminuir o tempo de dor que passaria, caso precisasse esperar por isso também.

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Duzentos e setenta dias...

Esse foi o tempo total que Andy teve que ficar de molho em casa. Nove meses... Ela descansou até os fios de cabelo.

Ela saiu da casa do pai, depois de muito discutir e convencer ele de que ela estava bem. Não voltou pra casa da Maya e nem pra de ninguém. Ela queria ver como era estar realmente sozinha, em um espaço de onde as pessoas não pudessem a expulsar. Então finalmente ela estava morando sozinha.

As cicatrizes no rosto tinham desaparecido completamente, como se ela nunca tivesse sofrido aquela acidente. O abdômen, peito e pescoço ainda doíam um pouco, nada demais. Andy já havia sido liberada para praticar alguns exercícios físicos, nada do que ela fazia antes. Caminhar era o único exercício que ela realmente gostava de fazer. A lembrava das corridas que praticava antes, junto com Maya. Por falar em Maya, ela manda todos os relatórios de cada chamado, a Andy. Dizia que era melhor pra Andy não perder a prática e pelo menos imaginar como tudo estava acontecendo.

Quanto as lembranças de Andy, tudo continuava em branco. A última consulta com a Dra. Grey, tinha sido no dia anterior e ela a liberou para voltar a trabalhar. Somente no escritório, nada de chamados ainda. Talvez fosse mais fácil para Andy poder lidar com o tédio estando na estação. Com certeza seria melhor.

“Você não está acabando com os meus bombeiros, não é Bishop?” -perguntou Andy parada na porta do escritório, sorrindo para Maya.

"O que você está fazendo aqui na estação, se eu tenho te mandado todos os relatórios?" -Maya não esperava ver Andy por ali.

"Finalmente fui liberada pra trabalhar. Pena que é só na papelada, por enquanto."

"Andy, isso é ótimo." -exclamou Maya estando realmente feliz por Andy estar de volta a sua casa e colocou a mão no queixo como se estivesse pensando- "confesso que foi meio chato sem você aqui." -concluiu ela, abraçando a amiga.

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Estava anoitecendo e Andy estava entediada de estar ali parada só olhando papéis. Precisava de alguma distração e finalmente os alarmes tocaram.

Já que ela era a capitã, ninguém poderia impedi-la de participar de um chamado. Óbvio que Robert e Maya não iriam gostar muito disso, mas Andy planejava ser cuidadosa e iria ficar no carro de socorro. Quando estava correndo pro carro, esbarrou em Maya- "Andy, cuidado. O que você está fazendo?"

"Estou entediada de estar aqui, então vou no chamado."

"Mas a Dra. Grey só te liberou pra ficar na papelada."

"Eu sei, Maya. Mas prometo que não vou me esforçar mais que o necessário." -ela levantou a sobrancelha pra Andy a questionando- "eu prometo, Maya."

Então logo saíram para atender ao chamado. Chegando lá, um carro com uma família trafegava em seu sentido normal em direção ao Woodland Park Zoo em Seattle, quando dois carros apostando corrida vieram em sua direção e colidiram. Os dois carros, fugiram sem prestar socorro.

"Ok, pessoal. Escutem. Temos quatro pessoas dentro daquele carro. Bishop, Montgomery, Gibson e Miller, vocês verificam as vítimas. Sullivan e Hughes, verifiquem o local." -dar ordens para o até então capitão dela, era estranho. Mas era algo novo para ela. Um novo bom- "Precisamos garantir que não há vazamento de combustível que cause algum incêndio."

Andy e Warren estavam no carro de socorro, esperando para verificar as vítimas. A primeira vitima que trouxeram para checagem, foi uma garota de 13 anos. Ela estava responsiva e aparentemente bem.

"Olá, eu sou capitã Herrera, mas você pode me chamar de Andy." -ela foi o mais calma possível pra que a menina não ficasse muito preocupada- "Qual seu nome?"

"Meu nome é Anne."

"Lindo nome! Anne, você sabe me dizer o que aconteceu?"

"Eu estava indo ao park com minha família mas vieram dois carros e bateu na gente. Eles fugiram e não sei como meus pais estão. Eu tentei chamar por eles mas eles não responderam. Eu preciso saber como eles estão." -a menina entrou em pânico.

"Ok, Anne. Você precisa se acalmar."

"Eu não posso me acalmar. Eu quero ir até meus pais." -ela disse tentando se levantar da maca.

"Meus amigos estão cuidando dos seus pais e você precisa se acalmar pra que eu cuide de você. Quando eu terminar aqui, trarei uma notícia dos seus pais." -Andy olhou para Ben buscando algum tipo de informação em relação aos pais da menina, mas ela conhecia aquele olhar. Era um olhar que ele só dava quando algo negativo acontecia. A mãe dela infelizmente teve um traumatismo craniano e não sobreviveu ao impacto. Imediatamente Andy voltou a atenção para a menina, quando ela começou a codificar- "Estamos perdendo ela. A frequência dela está caindo. Warren, precisamos entubar ou ela não chega viva ao hospital."

Depois de longos minutos, finalmente tinham tudo controlado. Eles não puderam fazer nada pela mãe daquela menina, mas o pai e o irmão estavam estáveis e já tinham sido levados ao hospital.

"Ok, pessoal. Estabilizamos a paciente, estamos levando-a ao Seattle Pres. Verifiquem tudo aqui e voltem pra estação. Nos encontramos lá"

Assim que chegaram a estação, todos foram para o vestiário e Andy foi para sua sala, parando quando ouviu uma voz profunda que a fazia arrepiar cada vez que ouvia- "É bom ter você de volta...senti sua falta por aqui." -Robert estava parado na porta enquanto a observava.

"É um pouco estranho mandar nos meus amigos e principalmente em você..." -não se sabe se era algo que Andy costumava ser, mas naquele momento ali, só os dois, a deixava tímida- "Meu pai sabia ser um pai e um capitão incrível. Espero estar a altura dele nisso." -concluiu ela tentando quebrar a tensão que cresceu naquele lugar.

"Você é a pessoa mais qualificado daqui para qualquer coisa, Andy. Todos confiam cegamente em você."

"É disso que eu tenho medo... de fazer algo errado e colocar todos eles em risco."

"Você vai se sair muito bem nesse trabalho." -ele estava sentado na cadeira na frente dela acariciando sua mão.

"Eu preciso me lembrar de você..." -era tudo tão familiar, mas por mais que ela se esforçasse, não vinha nenhuma imagem a sua cabeça.

"Você vai se lembrar..."

"O escritório mudou para uma pista, Andrea?" -Pruitt estava parado na porta. Robert instintivamente se afastou de Andy, como se fosse um adolescente que estava sendo descoberto pelo pai da namorada.

"Pai? O que está fazendo aqui?"

"Cuidando da minha filha! Vamos pra casa, eu deveria ter confiado no meu instinto de que você não ficaria aqui fazendo o único trabalho que pode fazer."

"Eu não vou embora, eu não fiz nada demais. E com todo respeito, o senhor não manda mais aqui!"

"Por mais que eu ainda não mande aqui, enquanto eu ainda viver, e é por pouco tempo, você é minha filha e deve respeito a mim." -Pruitt a pouco tempo havia relembrado que ele está morrendo. Quando ele disse isso, um filme passou pela cabeça de Andy, de momentos que ela teve com ele.

"Pai, você falar que está morrendo, não vai fazer eu sair daqui."

"Já que você não quer ir embora, eu posso falar com Dra. Grey pra reconsiderar a decisão de te liberar. Acho que ela imediatamente vai considerar minha ideia. Você decide." -Pruitt a irritava, mas era o pai dela. Andy era sua única filha, então querendo ou não, ela teria que entender toda essa superproteção da parte dele, que só queria garantir que ela estivesse segura. Mesmo a irritando, ele tinha razão.

"Tudo bem, pai. Você está certo. Eu vou" -ele a olhou surpreso, não acreditando que ela havia dito aquilo.

"Andrea Herrera, rapidamente abrindo mão de discutir comigo? Milagre."

"Não se acostume." -ele deu um abraço nela e foram pra casa.

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FireWhere stories live. Discover now