[🤠] i miss the touch | pt. três

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quando louis era criança, ele conhecera uma garota reconhecida pelo nome (S/N). ele a afastava durante todos os seus encontros. durante um deles em especial, louis vira que ela já não o dava mais atenção, estava ocupada demais devorando algo enquanto conversava com outra criança chamada rasmus.

rasmus sempre fora gentil com (S/N), diferentemente de louis, ele nunca a ignorou ou afastou, sempre dera atenção à ela e realmente a ouvia.

porém, durante uma viagem de volta para casa depois de uma das reuniões do pai, a chuva começou e se demorou por muito tempo. (S/N) havia dormido no carro e o pai saira um minuto para destrancar a garagem e leva-la para dentro de casa, no entanto, a chuva o pegou antes que ele se afastasse três metros da caminhonete. a pequena (S/N) acordara assustada com os gritos do pai enquanto ele sufocava.

quando tentou sair apressadamente do carro para salvar o pai, a porta estava trancada, a impedindo de fazer qualquer coisa. como tinha apenas dez anos de idade, (S/N) enfiou a cabeça no meio do joelho e tampou as orelhas, tentando não escutar enquanto o pai engasgava com o próprio sangue.

(S/N) ficara naquele mesmo lugar por pelo menos três dias, sem comer, sem se hidratar, sem nem mesmo dormir ou se mover. as vezes ela se via pegando no sono, mas imediatamente acordava com um pesadelo.

três dias depois que a chuva veio e levou seu pai, alguém bateu no vidro da caminhonete e (S/N) vira os olhos de um garoto através do uniforme branco que ele usava. olhos tristonhos mas firmes, gentis e ao mesmo tempo preguiçosos.

o garoto a mandou se proteger e ele quebrou a janela da frente, abriu a porta e a entregou um uniforme parecido com o seu. ela o vestiu rapidamente e enfiou o capacete por cima da cabeça antes de sair de fato do carro depois de três dias e três noites presa.

o corpo de seu pai não estava ali, e ela agradeceu por isso, se perguntando onde fora parar enquanto seguia o garoto para dentro de um caminhão. hesitante, ela segurou a mão dele enquanto ele a levava para dentro do furgão e trancava a porta, a mantendo sentada de frente para si. em momento algum o garoto desviava o olhar e isto começava a irritar (S/N).

---- como sobreviveu à chuva ?

ela não respondeu.

---- aquele homem caído no chão era seu pai ? -

ela não respondeu outra vez, não podia, não queria. era demais para ela suportar.

---- ei, vai ficar tudo bem - ele sorriu pequeno para ela, tudo que ela conseguia ver era seus olhos, mas o sorriso chegou até eles antes de desaparecer quando um dos dois homens no banco da frente dizer:

---- ei, garanhão, parece que vai ganhar uma promoção.

o garoto não sorriu, apenas olhou para (S/N) e pegou sua mão, devagar, e beijou as costas para mostrar que não era o inimigo.

---- você vai ficar bem - ele disse quando o furgão atravessou a demarcação de uma das propriedades do governo. ---- vai ficar bem - ele repetiu, mais para si que para a garota, porque ele sempre se importara, mas era mais atento que ela, via o mundo exatamente como era : mal, perigoso, difícil. ele sempre a afastara pois não queria que ela soubesse como as coisas realmente funcionavam, queria manter aquela garota inocente intacta, queria manter o ruim longe , então teria de se afastar, porque sabia que o mal o rondava. o mal estava em sua família . seu pai era um homem cruel, ele sempre soubera, fazia experimentos em inocentes apenas para chegar em seus objetivos egoístas.

e, agora que (S/N) havia sobrevivido, ela seria a próxima. ele a torturaria e testaria apenas para chegar à uma resposta que - para louis- de nada valia se ela estivesse morta. ele sempre se importou - sempre - e enquanto a levava direto para a morte certa ele sentiu seu coração se partir e podia jurar que morreria ao entregar seu amor para o pai. louis sempre se importou, além da conta, e à medida que o pai examinava a garota desnutrida de cima à baixo ele soubera que não apenas sempre se importara mas também que sempre a amara.

- ATUALMENTE -

---- não quero voltar pra lá.

---- então não volte - o agente diz contra meus lábios. tento me afastar mas não consigo pois ele me pressiona contra a parede de gesso. louis roça seus lábios nos meus, deixa beijos no meu queixo e bochecha. então beija meus lábios fervorosamente e eu, sem pensar, retribuo. ---- fique comigo.

não sei o que isso quer dizer... sei o que aconteceu antes, com todas aquelas pessoas que foram obrigadas a passar 24 horas presas naquela cela comigo, eu as matei, porque não sei o que fazer com as coisas que saem do meu corpo e não sei como fazê-las sumir não sei como fazê-las aparecer e tenho medo que louis vire outro na lista de pessoas mortas... pessoas que eu matei.

---- não posso - me forço a dizer quando seus lábios deixam os meus. ---- não quero, nunca quis estar... nessa situação - faço um gesto entre nós e ele entende e se afasta. mesmo que eu não queira, continuo a falar. porque não o quero perto de mim, correndo perigo. mesmo que eu não o conheça, sinto que é importante. ---- é sua culpa eu estar aqui, você me trouxe para cá, quando meu pai havia acabado de morrer, você me entregou à ele e acabou com a minha vida.

lágrimas rolaram pelo rosto do agente, e mais lágrimas vieram em seguida, e eu me senti extremamente culpada por tudo que eu disse, por fazê-lo chorar. senti vontade de me aproximar e me desculpar e dizer que não queria dizer nada daquilo, mas louis parou de chorar quando passou a mão no rosto. seu rosto agora estampava frieza e imparcialidade, como se o garoto que me beijara antes e chorara em minha frente não tivesse sequer existido.

então me lembrei.

me lembrei de uma criança, que era eu, que tentava se aproximar de outra criança, que era ele, mas ele sempre a afastava. foi quando rasmus chegou que eu comecei a não me importar mais com a presença de louis. mas louis costumava se sentar ao nosso lado, como que para escutar nossa conversa. durante todos aqueles anos ele me ignorara como se eu fosse nada, então se aproximou apenas porquê o outro garoto falava comigo e se importava de verdade em saber sobre mim. então eu completei dez anos de idade, e meu pai dirigiu comigo no banco de trás em direção à nossa casa, a chuva começou e o levou consigo. louis chegou e eu não o reconhecera, ele me dera um uniforme para me proteger da chuva e me levou para um furgão, segurou na minha mão e sussurrou mentiras antes de me entregar ao dono desse laboratório. armando... que fez experimentos comigo até que eu virasse essa... coisa.

por causa de louis, eu matei todas aquelas pessoas inocentes e doentes. ele, não eu. ele matou aquelas pessoas.

explodi em sombras antes que me desse conta e não me importei de levar um rosto conhecido para a morte.












imagines. louis partridgeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora