Memory day

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Hope narrando

Eu odeio o dia de hoje. Ele poderia acontecer em qualquer momento do ano, e provavelmente não me irritaria tanto quanto por ser hoje. O dia da memória. Eu acho esse dia uma grande perda de tempo. É um dia onde somos liberados de todas as aulas, onde normalmente recebemos nossas famílias, e onde nos lembramos das pessoas que perdemos.

Por que um dia para isso? Eu já sinto falta dos meus pais e do meu tio todos os outros dias, agora eu tenho que ter um dia em que eu seja praticamente forçada a sentir isso? Que grande baboseira. Então, como forma de protesto, e porque simplesmente é o que eu amo fazer, eu passo o dia na cama.

O único problema é que sempre acham que eu estou mal, chorando, então ninguém vem aqui. Ninguém vem aqui normalmente, mas nesse dia, parece ser uma regra não ousar chegar perto do meu quarto. Esse ano, eu imaginava que seria diferente. Achei que Josie iria aparecer e me obrigar a sair porta a fora e fazer meus pais orgulhosos, onde quer que estivessem. Bom, não foi o que aconteceu. Na hora do almoço, eu já estava me sentindo mal por ela não ter vindo, mas então me lembrei que ela tinha perdido a mãe recentemente.

Antes, ela não "celebrava" esse dia, porque nunca havia conhecido a mãe, então praticamente não tinha perdido nada, mas dessa vez era diferente. Quis estar com ela, mas algo me impediu de sair da cama, então eu apenas fiquei. Minha mente tentou mais de uma vez navegar nos meus tenebrosos sentimentos em relação aos meus pais, mas eu sempre achava algo que me fazia voltar.

Mas então eu cheguei no momento mais importante para mim naquele dia. Todo ano, no mesmo horário, eu pegava meu teclado, onde eu raramente tocava, e cantava a música que havia escrito no primeiro dia da memória depois que eles morreram.

Sozinha

Estou me matando lentamente

Estou dando duro, mesmo sendo deixada de lado

É a mesma coisa todos os dias

Eu escrevo músicas, que nunca serão tocadas

Me disseram o que está certo e errado

Eu não tenho uma vida romântica

E todo mundo está morrendo

Então estou tentando deixá-los orgulhos antes deles partirem

Alguém pode me ajudar?

Por favor, alguém me ajude

Eu não me importo com ninguém, nem com nada

Porque estou cansada de ficar tão sozinha

Sinto falta da minha família

Bem, eu não me importo com ninguém, nem com nada

Porque estou cansada de ficar tão sozinha

Estou gastando mais do que ganho

Bebo o tempo todo para esquecer que não estou machucada

Porque eu vou a festas às vezes

E eu beijo um garoto e fico fingindo a noite toda

Porque eu não sei muito sobre mim

Ainda tenho vergonha de quem eu costuma ser antes

Então eu estou tentado

Mas eu ainda não estou dentro dos padrões, dos padrões

Me ajude

Por favor, alguém me ajude

Eu não me importo, com ninguém nem com nada

Porque estou cansada de ficar tão sozinha

Sinto falta da minha família

Deus, eu não me importo, com nada, nem com ninguém

Porque estou cansada de ficar tão sozinha

Eu não me importo, com ninguém, nem com nada

Porque estou cansada de ficar tão sozinha

E sempre acabava do mesmo jeito. Eu chorando como um bebê no quarto, sozinha, abraçada em meu próprio corpo. Sempre fazia desenhos e mais desenhos deles, e quando minha mão doía, eu tomava um banho, e acompanhava todos até o cemitério.

A tradição era escrever uma carta para a pessoa que você perder, e espalhar pelo lugar, mas eu não via razão nisso também. Dessa vez, eu levei um amigo: uma garrafa de Bourbon que eu achei na sala do Sr. Saltzmann e roubei. Me sentei no topo de uma árvore, onde provavelmente nem os vampiros e lobisomens conseguissem me ver, e ali eu bebi a garrafa inteira. Vi Josie e Lizzie chorando no tumulo da mãe, mas não quis chegar lá, porque até mesmo elas notariam o cheiro de álcool. Então eu fiquei ali, até todos irem embora, cerca de uma da manhã.

A garrafa não chegou perto de me deixar bêbada, porque só tinha metade, então eu ainda estava sã. Bom, era o que eu pensava até me pegar falando alto, sozinha.

- Oi mãe, oi pai. Eu não sei se vocês estão me ouvindo, e eu estou pagando o maior mico, mas eu senti que precisava falar com vocês. Eu não sei se o zumbi que vi aquele dia era realmente vocês falando, mas se era, desculpa por contar as mesmas coisas. Sabe, pai, eu fiz o que te prometi. Bom, eu tentei. Eu não namorei nenhum cara mais velho, nem fiz tatuagens irresponsáveis, mas eu voltei para a escola. Não foi muito legal. Eu comecei a pensar que destinava as pessoas a morte, então me afastei de todo mundo. Foi bem solitário. Mas eu me reergui. Falo com meus tios todos os dias. Eles fazem um bom trabalho cuidando de mim, embora saiba que não chega aos pés do que vocês fariam, que eles não me ouçam. E eu conheci alguém. Bom, na verdade não, porque eu já a conhecia, mas acho que deu para entender. O nome dela é Josie Saltzmann, e eu realmente a amo demais. Gosto de imaginar que vocês dois também gostariam dela se estivessem aqui, e isso me acalma em muitos momentos, de verdade. Eu estou me sentindo uma idiota falando aqui, sozinha, porque mesmo que vocês me ouçam, eu não ouço vocês. Agora, preciso voltar para a escola, embora não queira. Tudo que eu quero é ficar aqui e passar a eternidade falando com vocês, mas provavelmente vão dar minha falta então... até algum dia.

Pulei da árvore, deixando a garrafa no chão e andei sem pressa nenhuma para a escola, sentindo a estranha e reconfortante presença dos meus pais ao meu redor, como não acontecia a muito tempo.


NOTAS DA AUTORA:

Eai galera, tão nadando no rio de lágrimas aí? 

Esse capítulo é muito, muito triste, então pensei em aparecer aqui e trazer um pouquinho de felicidade. Obrigada pelas quase 400 views, vcs são incríveis <3 

Não tenho muito pra falar kkkkkkkkkkkkkk tão gostando da história? me deem um feedback do que estão achando até agora... eu tenho essa fanfic desde agosto de 2020, e eu tenho ela escrita até o cap 36 lá no Spirit Fanfic, para algum apressadinho que queira ler, mas continuem me dando apoio por aqui também ein, por favor... 

Bom, é isso, até a próxima.

Just one more girl - HOSIEWhere stories live. Discover now