Adulto mentalmente estável

1.7K 189 251
                                    


Bakugou se abaixou devagar, voltando a sentar no chão frio de ladrilhos do banheiro de Uraraka. Suas costas encostaram na porta fechada, seus pés escorregaram para baixo do móvel da pia.

Ele não teve coragem de olhar para Ochako naquele momento, sua mente foi para um lugar bem distante por quase dois minutos inteiros. Encarando o vazio, sua face não expressava nada, o que era bem distante do que ele sentia. Bakugou se sentia cheio, prestes a explodir.

No silêncio desolado do banheiro, os dois jovens se remoeram em seus próprios dilemas.

Foi Uraraka que emitiu o primeiro som, um baixo e pouco convincente riso, que atraiu o olhar vermelho de Katsuki.

Ela riu de novo, com um pouco mais de vontade. Seu rosto estava muito vermelho e seus olhos se encheram de lágrimas de alívio.

— Ah, porra! Que bom — Ela escondeu o rosto nas mãos e curvou o corpo em um pranto misturado com risadas.

Bakugou balançou a cabeça incrédulo. Naquele momento percebeu que Uraraka não estava tão bem emocionalmente como ele tinha acreditado. Ela parecia meio maluca, um comportamento que vindo dele seria quase comum, mas dela, era praticamente bizarro. Ela precisava mais do dele do que ele imaginava.

Os dois eram alma gêmeas, afinal de contas, obviamente eram importantes um para o outro, mesmo que não estivessem cientes disso.

— Você devia tomar um banho — Ele sugeriu de repente — Você tá muito agitada, Ochako, vai ajudar você a ficar mais calma.

Ela balançou a cabeça.

— Eu estou com muita fome, só almocei hoje, preciso cozinhar alguma coisa.

— Eu cozinho para você, não se preocupe.

Ela ergueu o rosto, seus olhos castanhos estavam vermelhos pelo choro. Seu rosto inteiro estava escarlate na verdade, ao contrário do usual, Ochako parecia desvairada, não fofa.

— Você não é meu marido, Ka-Bakugou, não precisa cuidar de mim — O tom embargado dela tentou trazer crueldade, mas pareceu bobo e infantil, e o loiro não se sentiu afetado — Não é meu marido — Repetiu, fungando.

— Por pouco — Ele disse, dando um sorriso espertinho que não saiu tão debochado como ele planejava — Agora levanta, você vai morrer de frio nessa merda de piso gelado.

Decidindo ser o adulto mentalmente estável da situação, Bakugou se ergueu e meio a força, levantou uma Ochako relutante, que fazia um bico e chorava novamente.

Ele abriu a porta do banheiro e empurrou ela - gentilmente - para fora. Ochako resmungou, cruzando os braços e se virando para ele.

— Você deveria ir embora, eu consigo me virar sozinha — Ela resmungou, esfregando as bochechas molhadas — Tô ótima agora, você pode ir — Repetiu — E deveríamos fingir que isso nunca aconteceu.

— Eu vou ficar e nós vamos conversar sobre isso — Ele rebateu convicto — Agora você vai tomar a porra do seu banho e eu vou checar se tem algo comestivel na porcaria da sua geladeira — Uraraka abriu a boca para reclamar — Caralho, Ochako, chega! Você não vai se livrar dessa.

Ela fungou, piscando os olhos molhados, Bakugou apoiou o ombro na parede, erguendo as sobrancelhas. Ele não iria dar o braço a torcer. Ochako finalmente desistiu e caminhou cabisbaixa em direção ao que Katsuki presumiu ser o seu quarto.

Quando ele ouviu a porta fechar, começou a explorar o ambiente novo. Primeiro, achou os interruptores e ligou algumas das luzes da casa. A sala de Uraraka foi iluminada, era bem mais colorida do que ele imaginou, um sofá azul escuro centralizado com uma televisão, uma mesa de centro cheia de objetos aleatórios em cima, uma dúzia de almofadas no sofá e algumas em cima do tapete felpudo que contornava o espaço do cômodo.

Akai itoWhere stories live. Discover now