25_ Marcus, por favor...

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Rain Miller

... ouvi vozes discutindo.

Foi inevitável não escutar de quem eram as vozes e o que elas falavam.

- Eu estou dando o meu melhor! - Ouvi a voz desesperada do Marcus.

- Eu sei, mas o seu melhor não é suficiente. - Foi a vez da diretora falar.

Que véia filha da...

Um silêncio preencheu o lugar e em seguida, ouvi uma cadeira ser arrastada e passos até a porta.

Arregalei os olhos e corri para o início do corredor.

Lição número cinco: Nunca seja apanhado no flagra.

Aprendi isso apanhando por beber direto na boca da garrafa...

Quando o Marcus abriu a porta, ele parecia completamente enfurecido.

Eu tive vontade de abraçar ele quando o seu olhar perdido encontrou o meu.

É estranho ver ele sem aquela droga de sorriso bobo idiota.

Coloquei um sorriso no rosto e fingi que estava chegando agora. Ele não falou nada, apenas passou por mim e eu entrei na diretoria.

- Rain... - Cumprimentou a diretora assim que me viu. A voz dela parecia cansada.

A briga deve ter sido longa...

- Deixa eu adivinhar, o professor de matemática te acusou de mais uma barbaridade? - Se forçou a sorrir enquanto eu me sentava. - Assaltar as coisas dele? Desenhar coisas inapropriadas? Ou talvez ameaçar ele?

- Na verdade, ele me pediu para entregar isso. - Contei entregando o ficheiro que tinha o meu nome.

A diretora, confusa, abriu o ficheiro e arregalou os olhos em surpresa.

- Uau... Isso é incrível. - Sorriu. - Como você conseguiu tirar a nota mais alta da turma?

- O Marcus me ajudou. - Contei e ela arregalou ainda mais os olhos.

- O Marcus? - Repetiu surpresa.

- É. - Encarei ela. - Ele tem passado praticamente a semana toda estudando comigo na biblioteca. Eu aprendi mais nessa semana que na minha vida toda estudando. - Contei.

- O meu filho fez isso? - Perguntou ainda em choque. Ela parecia surpresa.

Ela soltou o ficheiro na mesa e voltou a me encarar. Por um momento, ela ficou apenas em silêncio me observando.

- Você é exatamente igual à sua mãe... - Comentou com um sorriso.

- Eu acho que sim. - Sorri envergonhada.

- Vocês têm os mesmos olhos. - Apontou.

- Os olhos cansados? - Ri.

- As mesmas mãos.

- Eu nunca notei. - Confessei olhando para as minhas mãos.

- Mas a sua personalidade... - Me olhou com os olhos semicerrados. - A sua mãe não carrega essa raiva toda.

- A diretora tem razão. A minha personalidade é uma das coisas que eu peguei do meu pai.

[...]

- Você já percebeu que quando você passa muito tempo olhando para escuridão, parece que a escuridão começa a encarar de volta? - Comentei com um sorriso sentindo o Marcus fazer carinho no meu rosto.

A gente tá no terraço e eu estou deitada no peito do Marcus.

- Sem a escuridão, a gente não conseguiria ver as estrelas.

- Eu amo as estrelas.

Senti a mão do Marcus descer do meu rosto até o meu pescoço, onde ele começou a fazer carinho também.

- Eu também amo as estrelas. - Falou e eu encarei ele. - Mas eu trocaria todas elas pelos seus olhos. - Sorriu.

- Isso é estranhamente familiar. - Ri.

- Ah, sério? - Usou o sarcasmo. - Quer dizer que eu não tenho sido o único elogiando os seus olhos? - Me deu um sorriso de lado e eu ri.

- Idiota... - Sussurrei e ele riu.

- Qual a sua hora favorita? - Perguntou.

- Quando eu to dormindo. - Sorri. - E a sua?

- Agora são 01:11, então essa é a minha hora favorita. - Sorriu de volta e eu arregalei os olhos.

- Eu nem vi a hora passando. - Me sentei no chão frio, o que me fez sentir falta do corpo do Marcus.

- Você quer ir embora agora? - Perguntou se sentando também.

- A gente meio que precisa. - Sorri me levantando.

Saímos do terraço e logo estávamos andando pelos corredores.

- Eu posso te pedir uma coisa? - Questionei.

- Tudo que você quiser, meu amor. - Brincou me olhando com um sorriso de lado.

- Eu quero que você fale com a sua mãe. - Mencionei e o sorriso do Marcus desapareceu na hora.

- O quê? - Perguntou confuso.

- Eu sei que vocês andam brigando muito ultimamente, e eu quero que você fale tudo que sente pra ela. Você precisa contar pra ela como você se sente com essa situação toda que ela te coloca. - Expliquei sentindo o olhar dele sobre mim.

- Sem jeito... - Falou ele baixinho.

- Marcus, por favor... - Olhei pra ele pelo canto do olho.

O Marcus parecia estar considerando me jogar pela janela ou me dar um soco.

Eu preferia que ele me desse um tapa na bunda ou no rosto...

- Eu vou fazer isso, só por você, ok? - Falou por fim e eu sorri orgulhosa dele.

continua...

O Colégio InternoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora