41_ Bundinha de grilo.

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Rain Miller

Desci do carro sentindo o olhar do meu pai sobre mim, e sem olhar para trás caminhei lentamente até o colégio.

Tinham alguns alunos no gramado que me observavam, mas eu apenas passei direto por eles. Senti os meus olhos queimarem e fui até o banheiro mais próximo enquanto segurava o choro.

Entrei no banheiro, me olhei no espelho e respirei fundo me apoiando na pia.

Finalmente, eu me deixei chorar. Senti as lágrimas quentes descerem pelas minhas bochechas, e me controlei para não soluçar.

Eu nunca gostei de chorar na frente dos meus pais, e mesmo que durante aquela briga, tudo que eu mais queria fazer era chorar, eu não chorei.

Vi a porta do banheiro abrir e a Hilary entrar.

Ela parecia estar chocada por me ver chorar mas logo sorriu debochada.

- Parece que um fim de semana em casa realmente foi capaz de te destruir. - Comentou se aproximando com os braços cruzados.

Ela ficou do meu lado, e eu limpei as lágrimas tentando ignorar a existência dela.

Eu não consigo lidar com ela agora, na verdade, eu não consigo lidar com ninguém agora.

- Eu não vim aqui pra te ameaçar, ou falar coisas sem sentido e muito menos pra te julgar. - Esclareceu e eu olhei confusa pra ela. - Eu to aqui pra te ajudar.

Eu permaneci encarando ela com confusão no olhar e a mesma apenas suspirou se aproximando ainda mais.

Eu recuei e ela falou.

- Eu percebi que das últimas vezes eu posso ter sido uma idiota, tentando te avisar de uma coisa sem explicação nenhuma. Mas eu realmente preciso que você me escute agora sobre o Marcus.

- Eu não vou falar com você sobre uma pessoa que você mal conhece. - Revirei os olhos.

Eu tentei sair mas então notei que a porta estava trancada.

Me virei com ódio para a Hilary e ela me encarou neutra.

- Você é quebrada. - Falou e eu encarei ela com indignação.

- Que merda você quer dizer com isso? - Perguntei desacreditada.

- Não me interprete mal, Rain, todo mundo é quebrado. O problema, é que, você quebra tudo em que toca. - Se aproximou.

Aquelas palavras foram como um tapa que rasgou a minha pele.

- Você quer realmente quebrar o Marcus? - Questionou ela.

- Eu não to quebrando ele. - Respondi com a voz baixa.

- Você é assim, e sempre vai ser. Por mais que você queira o Marcus, você só tá machucando ele aos poucos. - Explicou.

- Chega. Eu quero sair. - Falei tentando abrir a porta.

- Ele é como um vaso caro e precioso, você está jogando ele pra cima e pegando no último instante. Eu sei que você vai deixar ele cair em algum momento. - Continuou sem se importar.

- Abre a merda dessa porta, Hilary. - Mandei não aguentando mais escutar.

- Uma pessoa boa melhora a vida de uma pessoa má, mas uma pessoa má destrói a vida de uma pessoa boa. - Soltou.

- Eu não sou uma... SÓ ABRE A PORTA. - Ordenei em pânico.

- Só porquê ele te ama, não significa que você faz bem para ele.

E de repente, tudo congelou.

Eu não gritei mais, eu não tentei abrir a porta e muito menos consegui pensar direito.

- Ele me ama? - Perguntei em choque.

- A pergunta importante aqui, é, você o ama? - Questionou.

Silêncio.

- Eu não sei... - Finalmente respondi olhando pra baixo, depois de alguns segundos em silêncio.

- O amor se torna um pesadelo quando você não sabe amar...

A minha garganta parecia ter se fechado e a minha mente era nada mais que uma confusão naquele momento.

- Pessoas confusas machucam pessoas incríveis... - Sussurrou ela e eu assenti.

Voltei a encarar a Hilary e ela apenas suspirou caminhando até a porta.

- Espero que você saiba o que precisa fazer. - Falou ela antes de destrancar a porta e sair.

[...]

Entrei na aula de matemática, e encontrei os rostos surpresos de todo mundo me encarando.

A Aly abriu um sorriso cheio de dentes e quase pulou na cabeça de alguém de tanta felicidade.

Eu me sentei do lado dela de cabeça baixa e a mesma ficou confusa.

- Espero que o seu fim de semana tenha sido incrível, senhorita Miller. - Desejou o Robisvaldo com um sorriso sincero.

- Claro, eu só quase cai do sexto andar de um prédio e destrui o resto de saúde mental de algumas pessoas. - Soltei com um sorriso falso.

As pessoas na sala viraram os rostos pra me encarar em choque e o sorriso do Snape de Taubaté lentamente se desfez.

- Eu lamento muito ouvir isso mas tenho certeza que você pode deixar esse assunto pra mais tarde... - Falou o Snape sem saber o que fazer e com o olhar baixo.

Eu assenti, ainda sentindo os olhares de algumas pessoas sobre mim, e grudei a minha cara na mesa.

- Senhorita Miller? - Chamou o professor de matemática e eu levantei o rosto. - A diretora pediu para que você encontrasse ela no seu escritório assim que chegasse. - Informou.

Eu fui lentamente até o escritório da diretora e quando eu estava prestes a bater na porta, o Marcus saiu da sala e me encarou surpreso.

A surpresa no rosto dele rapidamente se transformou em um sorriso bobo.

Ele me abraçou pela cintura e o meu rosto caiu sobre o peito dele.

- Marcus, você pode ter uma bundinha de grilo até legal mas eu garanto que você não tem rabo, fecha essa porta menino! - Ouvi a voz da diretora.

O Marcus riu e fechou a porta antes de voltar a me abraçar.

A minha bochecha voltou a bater contra o seu peito e eu inspirei o seu perfume profundamente sentindo as borboletas correrem pelo meu estômago. Os braços do Marcus apertaram a minha cintura e eu passei as minhas mãos pelas costas dele.

Senti uma lágrima cair do meu olho e eu apertei ainda mais o abraço dele.

Eu sei o que eu preciso fazer.

continua...

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quando tiver 10.999 comentários eu posto o próximo cap da merda ainda hj

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