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Minhas costas doem muito, mesmo com as pálpebras pesadas juro ter sentido a dor em meus sonhos, e agora, provável que sejam entre 05:00 e 06:00, o frio me faz tremer.

Meu coração está em prantos, minha alma está quebrada, sinceramente... Se meu pai estivesse vivo, eu estaria pensando em como ele me levaria daqui em seus braços e me salvaria como sempre, mais ele não está. E por tudo que passei após a chegada de Talita em minha vida, talvez eu possa estar pensando que a vida de minha mãe esteja um pouco melhor sem mim.

Um pouco? Estou sendo gentil comigo mesma, muito, pois talvez ela me veja como um peso morto, a impedindo de seguir seus sonhos e fazer suas coisas... Ela sempre foi tão amável e boa pra mim, porém agora acho que lhes devo isso, tirar esse peso dela, julgo que será um alívio.

Um suspiro de frio e dor escapa de meus lábios entre abertos, como é humilhante não poder fazer nada sozinha, nem mesmo fugir dessa besta. Quais os planos doentios de alguém que come pessoas e animais vivos?

Ele terá uma missão difícil se quiser me comer mesmo, pois rejeitei até mesmo carnes caras, suas batatas cruas e carnes que sangram não são nem uma opção.

Ele é civilizado pra um selvagem, mais é um ogro. Sabe conversar e não sabe, e se minhas pernas funcionassem e eu tivesse um motivo pra viver, correria sem olhar pra trás, pois ele não é nada gentil, oque explica o fato de ele estar sozinho.

Escuto ruídos e som de passos, tento erguer a cabeça um pouco pra ver do que que se trata, porém minhas costas não permitem então volto a tremer e resmungar.

⎯ Eu trouxe frutas frescas.

Tento olhar, mas novamente os limitados movimentos me prendem.

⎯ Se levanta e come coisinha.

⎯ Se eu pudesse me levantar teria ido morrer de forma mais digna longe da qui.

Ele resmunga e joga 3 peras em minha direção.

Eu as pego, e meu semblante de desgosto se desfaz e forma um sorriso quando vejo que são reais.

Logo mais duas frutas roxas e redondas rolam em minha direção.

⎯ Oque é isso?

⎯ Fruta da noite.

⎯ Nunca comi nem ouvi falar. É algo do estrangeiro?

⎯ Não, aqui tem tantas árvores disso que os aldeões chamam de praga.

Hm... Uma fruta estranha e nova, regional.

⎯ Você não é desse mundo né?

⎯ Da onde mais eu seria?

⎯ Parece uma humana, aqui tem poucos. Os humanos não vem da "terra"? Esse planeta realmente existe ?

Ele está brincando comigo, não vou dar ouvido as lorotas de um canibal.

Mordo a pera, enquanto encaro o Sr. Esquisitão comer suas frutas agachado e de costas como sempre.

Porém, dessa vez, posso notar uma calda marrom que antes imaginei ser parte da vestimenta, e sobre seus cabelos a duas setas que parecem muito orelhas de lobo ou um animal assim. Já tinha visto tudo isso antes, porém antes dessa conversa, ignorei imaginando ser fruto de delírio ou apenas um pano solto nas vestes mal feitas.

Agora com ele molhado parecem mais reais. Devo me preocupar? Esse lugar está afetando minha sanidade, tenho que tirar a prova.

Me arrasto pra perto dele, provável que tenha percebido mais ignora pensando que provavelmente eu peça mais uma fruta, e então aproximo minha boca da calda e mordo o mais forte que consigo.

⎯ Porque fez isso ? Está realmente fraca, quase não senti nada, mais prefiro que não faça novamente.

Estou realmente louca?

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