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Após finalmente estar abaixo do teto áspero da escura pedra que envolve toda a caverna e me livrar da neblina, o sol começa a esquentar me fazendo revirar os olhos.

E então escuto seus passos pesados se aproximarem.

⎯ Então, eu não sou nenhum bruxo mago, muito menos alguém que saiba mexer com magias... Então irei fazer algo básico e vou precisar que você reforce assim que possível.

E lá vamos nós, entrar no joguinho de novo, já entendi que esses anos aqui afetaram sua mente, não sei oque aconteceu no passado, eu gostaria de poder ajuda-lo, mas mal posso entende-lo. Essa história é mirabolante demais. Porém vi ai minha chance de fugir.

⎯ Eu te darei minhas pernas, durante o dia. E a noite as usarei apenas pra caçar. Criei para ti essa poção, beberei parte dela, você beberá a outra parte e derramaremos nossos sangues pra selar.

Ele pega minha mão, me fazendo olhar a mão dele, sua mão grande tem as costas peludas,  unhas afiadas e sujas de terra, e então ele segura forte meu pulso, colocando a ponta de sua unha em minha palma. Ele rasga a carne me fazendo gemer e fechar os olhos.

Ele fecha minha mão e aperta sob um frasco fazendo o sangue escorrer pra entro.

E então ele faz o mesmo com a própria mão, e o frasco começa a brilhar.

Esfrego os olhos, incrédula tentando entender o porquê do brilho, enquanto ele sequer muda de expressão, como se fosse algo comum e cotidiano.

Que diabos...

Ele derruba uma gota dos líquidos em sua mão revelando que os dois tons de vermelho ficaram verdes, bizarro. Ele lambe e me entrega o frasco.

⎯ Não beba tudo.

Pode deixar, vai ser um grande esforço não virar de uma vez, porque isso tá com uma cara realmente muito boa.

⎯ Olha...- Olho para seus olhos e em seguida encaro o frasco com certo receio e nojo. - É....

⎯ Eu sei que é de outro mundo, e que não confia mais na própria mente depois de ter visto e ouvido tantas coisas, mais acredito, que se você veio pra cá, teve um motivo...

⎯ Eu...

Não sei oque pensar, mais a curiosidade é maior que o nojo, então faço como ele, derrubo um pouco em minha mão, cheiro, encaro, e lambo com receio fazendo careta antes mesmo de sentir o gosto.

⎯ É amargo.

⎯ Alianças como essa costumam ser mesmo, esse é o gosto da nossa relação.

Tá, oque essa criatura de dois metros que come como um animal e permanece com os ossos expostos espera que aconteça agora? Bom, eu não sei como vim parar aqui e ele tem uma cauda, então não devia duvidar tanto, mais ainda sim... Parece que aceitar verdades impossíveis me torna mais louca, não a justificativas, provável que isso seja um sonho.

Ele olha no fundo de meus olhos, e tento não desviar meu olhar de seu rosto, mas acabo não conseguindo, e quando ele está prestes a dizer algo,  coloco a mão em sua bochecha.

⎯ Eu sei que está sofrendo, farei o possível e o impossível pra interromper sua maldição.

⎯ Quebrar a maldição não concertaria meu rosto, nem faria as pessoas deixarem de me odiar e ter medo, mais prometo que lhe recompensarei se conseguir.

⎯ Olha, suas marcas não são sobre seus pecados e defeitos, são sobre você , e tudo oque já viveu. Não vejo em você o olhar de um culpado.

⎯ E como pode reconhecer esse tal olhar?

O assassino do meu pai... Nunca esquecerei a expressão em seu rosto, e o ódio que vi em seus olhos, apesar de obviamente ser culpado, o perverso homem não demonstrava remorso nem mesmo em frente a filha da vítima, apenas desprezo, como se estivesse pronto para fazer o mesmo comigo se fosse necessário.

⎯  Isso não importa, ignore.

Ele parece satisfeito.

⎯ Vamos, vou te levar até a saída.

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Entre Dois mundos Where stories live. Discover now