RENEGADES • [jjk + pjm]

CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Oi meus amores! Me perdoem pelas três semanas de sumiço, a vida deu uma complicadinha por um tempo. Mas segue aí um capítulo cheirosinho pra vocês. Aproveitem ♡

#RenegadesJKJM

⏳

---

𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑻𝑹𝑰𝑵𝑻𝑨 𝑬 𝑻𝑹𝑬𝑺

[ Białystok, 19 de agosto, 1941 ]

Sob a dissimulação do negrume da noite era mais fácil camuflar as fissuras que, de outro modo, seriam visíveis em sua fachada.

Jakub preferia os turnos noturnos por esse motivo.

Por outro lado, eram também nessas noites que ele não conseguia fazer nada de útil, atarefado e contabilizado durante a maior parte das horas — ao longo das quais, fora de serviço, o manto do céu ampararia suas más condutas.

Ficar parado em meio aos corpos tentando dormir no chão entre as ruínas não era algo a que alguém pudesse se acostumar, não se tivesse crescido neste lugar como Jakub o fizera.

Nada parecia o mesmo: as ruas estavam superlotadas durante o dia, entornando guardas e citadinos indefesos e ordens incessantes que restauravam nenhuma ordem sequer. Durante a noite, tarde da noite, uma vez que o dia de trabalho acabara, o ar exalava os maus tratos e medo impelidos durante o dia, acentuados pelo riso extraviado e a alegria daqueles que tinham a liberdade de sair pelos portões ao final do turno.

Cada vez que o fazia, Jakub sentia como se fosse ele o responsável por aprofundar as feridas.

Firme como uma estátua, ele segurava sua arma e permanecia de pé no trecho da rua que lhe permitia uma visão perfeita de um dos estabelecimentos abandonados alguns quarteirões abaixo, onde ele sabia estar a família de Patryk. Era onde a maioria das crianças ficava, dado que o andar térreo era relativamente espaçoso e auxiliava os adultos em controlá-las.

Antonina ajudara muito a mantê-los sob controle. Poucos haviam incitado qualquer tipo de confronto com os guardas.

Não que isso significasse total isenção de contenda, no entanto. Há algumas semanas, uns garotos haviam negligenciado a tarefa designada a eles, descartando os tecidos a meio caminho de seu destino em favor de correr pelas ruínas da sinagoga queimada.

Sucederam-se alguns hematomas e um tanto de sangue.

Quando Jakub entrara furtivamente no prédio, mais tarde, com um pequeno pano em mãos enrolado em torno das pequenas pérolas brancas que encontrara no chão, tentara convencer os meninos de que os dentes caídos poderiam ser entregues à fada dos dentes, ainda assim. Eles não pareceram acreditar, mas, mesmo assim, ele deixara uma moeda sob seus travesseiros quando adormeceram.

Nina revirara os olhos para ele do outro lado do cômodo, mas sorrira.

Era um feito raro ultimamente.

Embora fisicamente Jakub pudesse suportar tais turnos sem nenhuma dificuldade, sua mente estava lenta e dolorosamente se arrefecendo. Havia pouco de si mesmo a que ainda pudesse ser fiel, e à medida que os dias passavam sob a mesma conduta metodicamente desumana, ele nem mesmo tinha certeza quais de suas partes eram autênticas e quais eram fabricadas à luz das circunstâncias.

O símbolo atado a seu uniforme e em torno de seu bíceps fazia Jakub se odiar um pouco mais a cada dia.

Ao menos, sua mãe o mantivera são o suficiente para continuar retornando e fazendo o que ele prometera a si mesmo que faria. Ela e a consciência de que Patryk estava a quilômetros de distância de onde a guerra encontrava seu cume.