Colecionando Corações

Capítulo 6 - Desconfianças

Lauren

Finalmente, Domingo. Hoje eu pretendia apenas sentar frente à TV com uma pizza inteira e esquecer que o mundo existe, mas infelizmente não cheguei nem perto de começar meus planos quando o telefone tocou com um chamado urgente para delegacia. Outra mulher maquiada havia aparecido.

Não me arrumei como sempre fazia, estava com pressa para voltar para casa, então apenas vesti meus coturnos, uma calça jeans preta, uma blusa e minha jaqueta de couro. Ao chegar na delegacia, todos me encaravam curiosos, andei lentamente pelo corredor, tirando meus óculos escuros quando avistei os agentes.

— Bom dia, pessoal. O Instituto Forense já liberou o relatório?

— Não, senhora. Mas já há postagens na internet — Tatiana, uma das agentes, me informou, temerosa por minha reação, todos sabiam o que eu achava dessa mídia jornalística.

Puxei o celular e vi publicações e vídeos por toda rede. O corpo da "mulher maquiada" foi encontrado no Central Park, com um vestido solto e lábios pintados de rosa. Havia textos relatando que a polícia não sabia mais fazer seu trabalho e se esse era o fim da investigação.

Manchete — "Serial Killer ataca novamente! Mais um corpo foi encontrado. Os crimes das mulheres maquiadas continuam! Onde está a polícia? A delegada Lauren Jauregui não se pronunciou quanto aos assassinatos em série. Seria seu término na polícia investigativa? Destinada ao mesmo fim que seu pai por mera incompetência? " — Notícia Popular

"Notícia popular", era o jornal em que Stefanie trabalhava. Meu sangue ferveu, senti meu rosto quente, e antes que minhas mãos ficassem mais trêmulas, desferi um soco na mesa com toda minha força.

— Que merda! Ele fez de propósito! Aos domingos, notícia de fácil circulação!

Tatiana se aproximou, me entregando um copo de água.

— Eu não quero água, caralho. Quero achar esse desgraçado!

Lucas veio correndo ao meu encontro quando me ouviu elevar a voz e tomou a frente da garota que me olhava assustada.

— Lauren, calma, isso não vai ajudar em nada. Não perca a cabeça, isso não vai te fazer nada bem. Você sabe que é assim que eles atuam, é o trabalho do jornalista.

— É um absurdo, Lucas! A perícia malmente saiu do local e esses abutres já divulgam falsa informação! Você sabe a influência da mídia, podem foder com tudo! — Exclamei andando de um lado para o outro, sentindo minha têmpora latejar.

— Calma, Lauren! Ou você vai acabar como seu pai!

Suas palavras me acertaram em cheio, fazendo parar minha inquietude para tentar assimilar com mais clareza que havia acabado de ouvir essas palavras logo do meu melhor amigo, justamente quem sabia que esse era meu ponto fraco.

O encarei incrédula e imediatamente ele se deu conta do que dissera. Se aproximou de mim cautelosamente, tentando afagar meus braços, mas o empurrei para longe. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas antes que escorressem, coloquei meus óculos escuros e segui para o meio da delegacia, onde todos assistiam a cena.

— ATENÇÃO! Amanhã eu não admito atrasos, quero todo aqui pontualmente. Cada time devidamente dividido e organizado. Quero ouvir soluções e não ideias! Equipe de perícia, equipe técnica, equipe de campo, FAÇAM A PORRA DO TRABALHO DE VOCÊS. Não vou mais tolerar outro escândalo desse. Precisamos pegar esse cara para já!

Virei as costas e me retirei da delegacia. Entrei no carro e dirigi o mais rápido possível para casa de Stefanie. Bati sua porta com o punho fechado e não demorou muito para que ela abrisse.