Capítulo 10 - Friend(zone)

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Lauren

Abri a porta e me deparei com Danilo, o amigo de Camila, parado a minha frente.

— Oi! Desculpe chegar assim sem avisar, consegui sua localização com um rapaz da delegacia. Soube o que aconteceu, posso ver a Camila? — Ele parecia nervoso, esticando o pescoço para ver dentro do meu apartamento.

Abri espaço para que ele entrasse e Camila surgiu na sala esboçando um amplo sorriso, feliz por ver seu amigo. Se abraçaram e ele parecia muito preocupado, mais do que um amigo ficaria.

Servi uma xícara de café para mim e para Camila, já Danilo aceitou apenas um copo de água. Nos sentamos no sofá, contanto à ele uma desculpa fajuta do ocorrido. Para todos que perguntavam, a resposta era que Camila havia esquecido o celular mais uma vez no trabalho, e fui acompanhá-la, me assustei e acabei disparando a arma sem querer. Não era uma desculpa perfeita, mas foi o que surgiu na pressa.

Danilo era, na verdade, muito agradável. Conversamos a tarde toda sobre diversos assuntos, mas ele insistia em saber sobre meu pai, parecia ser um de seus “fãs”. Tentei esquivar de suas perguntas mudando o foco para ele:

— E você? É ligado ao seus pais?

— Meu pai faleceu há alguns anos atrás, parada cardíaca. Mas éramos muito próximos, sim! Ele tinha uma funerária, quando eu era menor, o ajudava na preparação dos falecidos e aí surgiu minha paixão pela medicina legal! — Ele falou nostálgico, parecia sentir falta de seu pai. Eu entendia exatamente como era isso.

— E sua mãe?

Ele congelou com minha pergunta e apenas respondeu que ela havia falecido há muito tempo atrás. Camila me lançou um olhar de repreensão, o que entendi como um sinal para não aprofundar o assunto. Então lancei outro tópico:

— Como vocês dois se conheceram, no Instituto Forense mesmo? — Perguntei me referindo a amizade dele com Camila.

— Na verdade nos conhecemos há anos, fizemos residência de medicina juntos. Perdemos contato por alguns anos, mas nos encontramos novamente, coincidentemente, como parceiros de trabalho.

— Ainda bem, eu morria de medo de trabalhar com alguém chato! — Camila disse, se inclinando para deixar a xícara na mesinha de centro.

— Eu também! Felizmente, eu e Camila já fazíamos dupla antes, então a dinâmica no trabalho não demorou a surgir.

— Me diga, Dan, porque estou morta de curiosidade para saber como era Camila numa sala de aula — Perguntei sorrindo antes mesmo de ouvir a resposta.

— Eu era uma excelente aluna, obviamente. Primeira da turma, sentava na primeira fila e sempre tirava 10.

Para mim, não havia nada de errado em sua resposta se não fosse pela gargalhada que ela e Danilo soltaram segundos depois.

— Até parece! Sim, ela só tirava 10, mas porque sempre fora muito inteligente, era a primeira da turma porque ninguém tinha a precisão que ela tinha nessas mãos firmes. Mas era péssima aluna! Respondona, sempre atrasada ou discutindo com outras meninas da turma — Danilo contava tudo com um grande sorriso no rosto, como se estivesse revivendo tudo aquilo.

— Meu Deus, eu realmente acreditei que Camila seria muito nerd!

— Porque pensava assim, Lauren? — Suas sobrancelhas estavam franzidas em minha direção, questionadoras.

— Acho que não te vejo “fora da lei”, você é muito certinha.
Ela continuava a me observar com seus olhos castanhos, mas agora eles continham um brilho divertido, combinando com seu sorriso de canto.

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