Lauren
Observei meu melhor amigo secar uma única lágrima solitária que escorreu por sua bochecha. Lucas estava sentado na cadeira em frente a mesa, segurando a foto de Barbara congelada no lago do Central Park.
— Lucas, eu sinto muito. — Passei a mão por suas costas carinhosamente.
— Eu imaginei que ele atacaria novamente, eu sabia disso! Mas nunca esperei ver um rosto conhecido nessas fotos. — Ele largou as fotografias em cima da mesa, apoiando seus cotovelos nas pernas, olhando para os próprios pés.
Observei a foto realizada pela perícia, Barbara tinhas as bochechas maquiadas exageradamente com blush, dando-lhe cor à pele cinzento-azulada; seus lábios estavam naturalmente roxos, por baixo de um batom vermelho, resultando em um macabro violeta-avermelhado, parecendo que a morte havia bebido vinho antes de dar-lhe o beijo final. Os lindos cabelos cacheados estavam soltos, congelados ao redor de sua face, e suas vestes eram usuais, possivelmente próprias dela; por fim, em seus pés, ainda calçava os sapatos de patinação.
Arrastei a cadeira, sentando-me ao lado de Lucas, passando a mão por seus cabelos escuros.
— O que vocês tiveram foi muito sério?
— Não. Sim. Mais ou menos — Ele suspirou pesadamente — Começamos a sair pouco tempo atrás, e senti que poderíamos realmente ter algo, mas...
— Mas? — O encorajei a continuar.
— Descobri que ela era casada! Eu era amante e nem sabia. — Sorriu fraco — Me vi obrigado a terminar nossa relação, percebi que não iriamos a lugar nenhum, e obviamente eu estava em um cenário que seu coração não estava.
— Sinto muito — Beijei sua bochecha e recolhi as fotografias, as guardando dentro da pasta amarela — Vamos pegar o responsável, eu prometo. Por hora, não há muito há ser feito, tire o dia de folga, vá pra casa, descanse. Amanhã é um novo dia.
Ele assentiu, enxugou o rosto com rispidez, e se retirou. Capturei o restante do material e o devolvi para o armário onde mantinha todos os casos em andamento.
A perícia habilmente entregara seu laudo, restando apenas o da autópsia. Peguei meu celular em cima da mesa e liguei para Camila que, após alguns toques, caiu na caixa.
Não quero brincar de gato e rato, Camila, estou trabalhando.
Verifiquei o distintivo e a arma no coldre axilar, peguei a chave do meu Audi e a caderneta. Passei pelo corredor da delegacia, alcançando o elevador ainda com as portas abertas. Desci até a saída da delegacia e entrei no carro, em poucos minutos já estava no Instituto Forense.
Procurei pela sala de Camila, e quando entrei apenas Danilo estava lá. Ele estava debruçado sobre um cadáver que tinha seu tórax completamente aberto. Dei dois toques na porta, chamando sua atenção.
— Bom dia, Dan!
— Delegada! A que devo a honra? — Ele levantou seu tronco, permitindo que eu pudesse ver suas mãos ensanguentadas.
— Estou procurando Camila, ela não me atende.
— Ela antecipou suas férias, só volta em fevereiro. É somente com ela ou posso ajudar?
— Oh, não sabia que ela estava de férias, mas tudo bem. Eu queria saber se já tem o laudo disponível do corpo da garota que chegou ontem.
— Acabei de fazer, pode pegar em cima da minha mesa.
Olhei ao redor a procura de sua mesa que ficava logo ao lado da de Camila. Duas pequenas escrivaninhas, muito bem organizadas. Me dirigi até onde ele havia indicado e capturei a prancheta, destacando a folha. Me voltei para o homem que me assistia atentamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Colecionando Corações
FanfictionQuais são seus limites? O que faz seu sangue ferver, coração acelerar e o suor escorrer? O que te faz perder o controle? Você sabe diferenciar o mocinho e o vilão? Ou acha que sabe, mas só os confunde? Você sabe a índole de todos que te cercam? Ne...