Capítulo 25 - Shot through the heart

600 79 42
                                    


Lauren

Observei meu melhor amigo secar uma única lágrima solitária que escorreu por sua bochecha. Lucas estava sentado na cadeira em frente a mesa, segurando a foto de Barbara congelada no lago do Central Park.

— Lucas, eu sinto muito. — Passei a mão por suas costas carinhosamente.

— Eu imaginei que ele atacaria novamente, eu sabia disso! Mas nunca esperei ver um rosto conhecido nessas fotos. — Ele largou as fotografias em cima da mesa, apoiando seus cotovelos nas pernas, olhando para os próprios pés.

Observei a foto realizada pela perícia, Barbara tinhas as bochechas maquiadas exageradamente com blush, dando-lhe cor à pele cinzento-azulada; seus lábios estavam naturalmente roxos, por baixo de um batom vermelho, resultando em um macabro violeta-avermelhado, parecendo que a morte havia bebido vinho antes de dar-lhe o beijo final. Os lindos cabelos cacheados estavam soltos, congelados ao redor de sua face, e suas vestes eram usuais, possivelmente próprias dela; por fim, em seus pés, ainda calçava os sapatos de patinação.

Arrastei a cadeira, sentando-me ao lado de Lucas, passando a mão por seus cabelos escuros.

— O que vocês tiveram foi muito sério?

— Não. Sim. Mais ou menos — Ele suspirou pesadamente — Começamos a sair pouco tempo atrás, e senti que poderíamos realmente ter algo, mas...

— Mas? — O encorajei a continuar.

— Descobri que ela era casada! Eu era amante e nem sabia. — Sorriu fraco — Me vi obrigado a terminar nossa relação, percebi que não iriamos a lugar nenhum, e obviamente eu estava em um cenário que seu coração não estava.

— Sinto muito — Beijei sua bochecha e recolhi as fotografias, as guardando dentro da pasta amarela — Vamos pegar o responsável, eu prometo. Por hora, não há muito há ser feito, tire o dia de folga, vá pra casa, descanse. Amanhã é um novo dia.

Ele assentiu, enxugou o rosto com rispidez, e se retirou. Capturei o restante do material e o devolvi para o armário onde mantinha todos os casos em andamento.

A perícia habilmente entregara seu laudo, restando apenas o da autópsia. Peguei meu celular em cima da mesa e liguei para Camila que, após alguns toques, caiu na caixa.

Não quero brincar de gato e rato, Camila, estou trabalhando.

Verifiquei o distintivo e a arma no coldre axilar, peguei a chave do meu Audi e a caderneta. Passei pelo corredor da delegacia, alcançando o elevador ainda com as portas abertas. Desci até a saída da delegacia e entrei no carro, em poucos minutos já estava no Instituto Forense.

Procurei pela sala de Camila, e quando entrei apenas Danilo estava lá. Ele estava debruçado sobre um cadáver que tinha seu tórax completamente aberto. Dei dois toques na porta, chamando sua atenção.

— Bom dia, Dan!

— Delegada! A que devo a honra? — Ele levantou seu tronco, permitindo que eu pudesse ver suas mãos ensanguentadas.

— Estou procurando Camila, ela não me atende.

— Ela antecipou suas férias, só volta em fevereiro. É somente com ela ou posso ajudar?

— Oh, não sabia que ela estava de férias, mas tudo bem. Eu queria saber se já tem o laudo disponível do corpo da garota que chegou ontem.

— Acabei de fazer, pode pegar em cima da minha mesa.

Olhei ao redor a procura de sua mesa que ficava logo ao lado da de Camila. Duas pequenas escrivaninhas, muito bem organizadas. Me dirigi até onde ele havia indicado e capturei a prancheta, destacando a folha. Me voltei para o homem que me assistia atentamente.

Colecionando CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora