Capítulo 24 - Game on

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Lauren

A pulsação em minhas têmporas me obrigou a abrir meus olhos, finalmente despertando. Rolei para o lado, checando o horário no relógio do celular, eram quase 11h da manhã e eu ainda estava com sono.

Tornei a fechar meus olhos, massageando a lateral de minha cabeça numa tentativa para amenizar a latência. Minhas memórias vagaram para noite anterior, em que eu observava Camila e Mateus conversarem naquela garagem. Ele gesticulava com veemência e Camila parecia cada vez mais acuada, enviando alertas para que eu pudesse reagir a qualquer movimento suspeito do homem, mas ele nada fizera. Apenas entrou em seu carro e arrastou para fora do prédio, deixando Camila sozinha. Lembro-me do seu olhar ao longe, era confuso e duvidoso. Ela não veio ao meu encontro, então entendi que preferia digerir toda situação sozinha. Apenas entrei no meu carro e fui embora, a deixando com um olhar firme, mas complacente, demonstrando que estaria ali se ela precisasse de mim.

O toque do meu celular reforçou minha dor de cabeça, afastando-me das lembranças de ontem. O nome de Lucas apareceu no visor da tela, logo à frente de sua foto. Apenas recusei a ligação e tornei a fechar meus olhos, me envolvendo no edredom macio.

Após insistentes ligações, perdi a paciência e resolvi atender:

"O que, Lucas?!"

"Bom dia, meu docinho"

"O que você quer, pelo amor de Deus? " — Revirei os olhos soltando um grunhindo.

"Eu e Mani estamos chegando em sua casa. Esteja pronta em 5 minutos, vamos visitar meus pais! Eles retornaram de viagem e querem desejar um feliz natal pra Laurenzinha deles" — Eu praticamente podia visualizar seu largo sorriso somente pelo entusiasmo em sua voz.

"Tudo bem, já estou levantando. Mas que fique claro que não por você, e sim pelo chocolate quente de sua mãe"

Desliguei a ligação e corri em direção ao banheiro para uma rápida ducha quente. Assim que terminei, ouvi o som da campainha repetidamente, era a marca de Lucas sempre que vinha me visitar. Vesti o roupão e apressei meus passos para abrir a porta.

— Meu Deus, minha cabeça está estourando! Pode parar com esse barulho?!

— Bom dia, minha rabugenta preferida — Ele me agarrou, forçando um abraço grudento.

Me desvencilhei de seus braços e cumprimentei Normani com um breve beijo no rosto, já correndo de volta para o quarto.

— Vê se não demora, Laur! Estou com fome — Ouvi a voz de Normani vinda da sala.

Fiz uma rápida maquiagem, apenas para esconder as olheiras, e optei por vestir uma calça legging preta, uma blusa vermelha por baixo do grosso casaco da mesma cor, ficando pronta em menos de meia hora. Descemos o elevador, passando pelos portões até a saída do prédio, onde o carro de Lucas estava estacionado.

O caminho até o subúrbio nova-iorquino era relativamente longo, visto que meu apartamento ficava no centro. Tomando distância dos prédios e do movimento eufórico da cidade, começamos a visualizar a sequência padronizada de casas. Assim como as demais, a casa dos pais de Lucas tinha a frente pintada de branco com um telhado cinzento.

O chão estava coberto pelo tapete da neve branca, as árvores com seus galhos secos e esbranquiçados. Contudo, embora a paisagem melancólica, o sol se fazia presente, iluminando as ruas e derretendo o gelo onde não estava tão espesso.

— Olhe só, minha mãe parece mais contente em te ver do que me ver! — Lucas exclamou descendo do carro.

A mãe de Lucas se encontrava parada na porta de casa, batendo palminhas tamanha era seu entusiasmo com nossa chegada. Era uma senhora rechonchuda, já de cabelos brancos; tinha feições doces e os olhos castanho mel assim como os de Lucas. Já seu pai, também de cabelos grisalhos, tinha uma grossa barba, mesclada com alguns fios negros. Era alto e tinha a mandíbula muito bem delineada, completando um misto perfeito que tornava Lucas tão belo como era.

Colecionando CoraçõesWhere stories live. Discover now