Capítulo dois

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"Embora a pressão seja difícil de aguentar
É o único jeito de eu escapar
Parece uma escolha difícil de se fazer
Mas agora eu estou embaixo de tudo"

— Louis não veio? – Gemma questionou antes de depositar um beijo em minha bochecha.

— Não. Ele precisava organizar algumas coisas do trabalho. – menti. Não gostava de mentir para minha família, mas não estava afim de ser bombardeado de perguntas e muito menos de participar de uma sessão de terapia em grupo, abordando temas sobre como casamentos são difíceis e como devemos dar o braço a torcer em algumas situações.

Eu só queria usufruir de algumas horas sem falar sobre aquilo que tanto me machucava.

— Como está o trabalho, Harry? Muitos mistérios para serem resolvidos? – nem preciso me virar pra identificar o dono da voz arrastada. Zayn.

— Alguns, mas o maior de todos ainda não decifrei. – o puxei para um abraço e cochichei apenas para ele ouvir – quando você pedirá minha irmã em casamento!

Ouvi ele sorrir e, ao se desvencilhar do abraço, fez sinal negativo com a cabeça.

— Tudo tem seu tempo, bro. – ele disse em um tom de voz baixo.

— O que estão cochichando aí, hein? – Gemma o abraçou por trás, os braços em volta da cintura de Malik.

— Nada demais, babe. – ele a olhou por cima do ombro, enquanto acariciava seus braços. – Perguntei para seu irmão como ele está se sentindo sabendo que seu time consegue ser tão ruim ao ponto de perder para o Doncaster.

Revirei os olhos com a mentira dele.

— Como ele se sente eu não sei, mas que Louis deve ter zoado até sua última geração, disso tenho certeza.

O comentário de minha irmã fez meu coração apertar dentro do peito, me lembrei do dia do jogo e sorri triste.

Nunca fui muito fã de futebol, mas sempre acompanhava Louis. Era quase uma lei em nossa casa. As quartas-feiras eram sagradas. Comprávamos cervejas, petiscos e sentávamos em frente à TV, o volume alto saindo das caixas de som. Às vezes nem era o time de Louis jogando, mas sua paixão pelo esporte era tamanha que ele sempre seguia essa espécie de ritual.

Era contagiante a energia que ele transmitia enquanto assistia aos jogos, mas também era engraçado. Ele ficava bravo e dava palpites técnicos que eu não entendia. Ele sabia tanto do assunto – e também era um ótimo jogador – que até poderia ter seguido carreira, se sua paixão por música não falasse mais alto.

O último jogo do meu time não foi tão bom e não era o resultado do placar que me incomodava, mas sim o silêncio da casa, sem os gritos e palavrões do meu esposo ecoando pela sala.

Acho que, depois de assistir os três primeiros jogos do mês sozinho, ele se cansou e decidiu assistir ao último jogo com Niall.

Cheguei em casa mais cedo na quarta-feira, na expectativa de, apesar de tudo, assistirmos ao jogo juntos, imaginando que ele estava se preparando para seu sagrado momento, mas ele não estava lá.

Fui até a cozinha e abri a geladeira, nada de petiscos ou cervejas.

— Hum, ele deve ter ido até o mercado. – pensei em voz alta.

Tomei um banho, me enxuguei, enrolei a toalha na cintura e me sentei na cama, distraído com o telefone.

Abri o Instagram e cliquei automaticamente no ícone de Louis, para ver o story que ele havia publicado. Era uma foto dele com Niall, na cervejaria de Horan. Sorri ao ver a cara do irlandês toda vermelha, provavelmente pela quantidade de cerveja que deveria ter tomado e percebi que ele tinha furado a orelha.

Sincerely yours | l.s Onde histórias criam vida. Descubra agora