Capítulo nove

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"Eu já tentei por várias vezes impedir,
Mas por te amar deixei você partir
Tudo bem se você não quiser voltar,
São consequências que eu tenho que aceitar."

(Liam)

Existe uma explicação científica para o amor. Quando ele surge, o cérebro se acende como uma árvore de natal, mas, ao invés de luzinhas brilhantes, as reações químicas são encarregadas de energizar e iluminar nosso corpo, o que leva o nosso coração a bater mais forte e a termos mil e uma reações físicas.

Eu acredito na ciência, não há como duvidar, mas algo dentro de mim me diz que a ciência não é o único fator que determina os seus sentimentos por alguém. O cérebro é uma máquina poderosa, difícil de decifrar. Há códigos e chaves que a humanidade ainda não foi capaz de descriptografar. Em meu íntimo, eu entendo que o amor e o destino andam de mãos dadas, mas não porque somos marionetes de uma força maior. Não, eu definitivamente não acredito nisso. Eu acredito que, seja lá o que rege o universo, usa a ciência como uma aliada para que estradas se cruzem ao longo do caminho.

São fatores que, normalmente, não são levados em consideração como um conjunto, nós sempre pensamos em apenas um fator, nunca encaixamos o amor, destino e ciência como peças do mesmo quebra-cabeça, talvez seja por isso que nos perdemos pelo caminho, porque somos tão obcecados pelos extremos, pela linha de chegada, pelas respostas, que esquecemos que, a peça chave, a essência de tudo o que precisamos está bem ali, andando lado a lado com a gente, durante a caminhada e não apenas no começo ou no final.

Eu sou um cara que acredita muito no amor e no seu poder, mas também acredito na ciência e que, o que for para ser, será.

Quando me apaixonei por Zayn, eu não tinha parado para pensar em tudo isso. Nos éramos tão jovens e a vida parecia tão intensa aos vinte e poucos anos, como se o futuro fosse algo distante, mas ao mesmo tempo, ele estava logo ali.

Quando o vi pela primeira vez, ele era apenas um cara que estava perdido pelos corredores da universidade procurando por seu dormitório. Eu carregava o meu violão nas costas e tinha acabado de sair do quarto de meu primo, que também estudaria ali. Zayn, que estava completamente perdido, se esbarrou em mim e pediu desculpas, olhando por cima de meus ombros, seus olhos brilharam de alívio ao ver o número na porta do quarto que eu havia acabado de fechar.

Destino.

— Me desculpe, cara! Estou dando voltas e mais voltas nesse maldito dormitório. Você também fica no 125? — ele questionou enquanto guardava alguns papéis na mochila. Ele também carregava uma mala de rodinhas consigo.

— Ahn... — limpei a garganta — não, eu... é meu primo quem fica aqui, eu estava o ajudando — as palavras saíram confusas de minha boca, eu ainda tentava processar aqueles olhos castanhos-mel-esverdeados parados em mim, o perfume amadeirado exalando de seu pescoço.

— Seu primo é um cara legal?

— Acho que sim...

Eu não me dava muito bem com ele, mas, isso mudou quando descobri que Zayn era seu colega de quarto. Depois desse primeiro encontro nos corredores dos dormitórios, eu passei a frequentar o quarto, sempre com desculpas esfarrapadas, pegando algo emprestado ou ajudando meu primo a estudar, tudo isso para ficar mais próximo do rapaz de sobrenome diferente. Mas Malik parecia ter uma vida agitada no campus, ele era o cara bonito que todos queriam estar próximos. Ele tinha uma espécie de imã que atraia todos os olhares de onde ele estivesse.

Comecei a sentir coisas pelo dono dos cabelos pretos, mas que vez ou outra aparecia de outra cor. Zayn parecia não notar muito a minha presença, mas quando ele o fazia, eu me sentia completamente fraco e suscetível a qualquer coisa que ele dissesse. Um dia, estava esperando Michael, sentado no chão do corredor, quando Zayn apareceu todo suado, sem camisa, usando apenas uma bermuda, meias que iam até o joelho e uma chuteira. Ele me convidou para entrar e esperar dentro do quarto.

Sincerely yours | l.s Where stories live. Discover now