Capítulo quinze

281 26 22
                                    

When we're finished saying nothing
Can we, please, get back to loving?
When it's good, it's really something
Can we, please, get back to us now?

(Louis)

Sempre gostei de viajar com Harry, sabíamos bem como planejar uma viagem, bons destinos, loucas aventuras e muito companheirismo. Fazíamos de qualquer lugar do mundo a nossa casa, porque só precisávamos um do outros. Passávamos semanas viajando, correndo de um lugar para o outro, mas fomos perdendo essa intensidade pelo caminho.

A viagem de volta para Londres foi, de longe, uma das piores da minha vida. Apesar de todo o propósito aquele retorno, meu coração ainda se perturbava um pouco, lutando com a minha razão, tentando chegar em um acordo de que tinham feito a escolha certa.

Foi difícil me despedir da minha família depois daquelas duas semanas imerso em uma realidade completamente diferente da que eu vivia nos últimos meses. A saudade já apertava como um sapato velho. Minha mãe disse que eu estava fazendo a coisa certa e que, às vezes, a coisa certa demora para se ajeitar.

A volta é sempre interessante, porque nunca é a mesma pessoa que abre a porta de casa. Eu não era o mesmo Louis de quinze dias atrás e doia muito admitir isso.

Abrir a porta de casa e sentir a sua presença foi muito forte, tudo parecia diferente, mas dentro da sua mesmice. A sensação de voltar para casa foi gelada, distante, solitária. Apesar de sentir Harry bem ali atrás de mim, fechando a porta, tudo parecia vazio. Senti uma pontada de desespero porque, naquele momento, eu entendi que não adiantava eu estar ali, porque não ia dar certo. Eu tinha uma bagagem comigo, uma bagagem que construí longe do meu marido e que era difícil admitir que havia sido bom, porque era a verdade. Foi bom ficar longe de Harry, mas eu ainda não sabia digerir isso.

Eu não esperava que tudo estivesse tão intacto. Olhar em volta e observar que estava tudo do mesmo jeito que deixei quando saí era como um soco no estômago, exagerado, mas era.

— Não se preocupe, eu limpei a casa — a voz de Harry era cautelosa, como se ele estivesse com medo de quebrar alguma coisa — eu não achei aquele cheirinho que você gosta, então comprei um de cereja. Pensei que ficaria enjoativo, mas é bom. Quer dizer, o cheiro já saiu, mas está tudo limpo.

Ele tentava se justificar como se a casa não fosse dele também, como se apenas eu vivesse ali. Isso me fez pensar em como meu marido me enxergava ali. Eu não sabia o que dizer. Não conseguia entrar na casa, não sabia para qual cômodo fugir. Segui meus pés que pareciam ter vida própria e entrei em nosso quarto. Tudo igual, exceto pela cama bagunçada do lado que Harry dormia.

Deixei minhas coisas ao pé da cama, me sentei para procurar um par de roupas na mochila. Harry mexia em algo em seu lado do guarda roupas, de costas para mim. Entrei no banheiro em silêncio, tranquei a porta e respirei aliviado ao ver o meu reflexo no espelho. Passei a mão pelo rosto, exasperado, me sentindo fora de mim.

Liguei o chuveiro e mergulhei a cabeça no jato forte de água quente, sutilmente, a sensação de que eu pertencia ali brotou dentro de mim. Tinha esquecido como eu gostava desse chuveiro, da forma como o peso da água caia nas costas, como a temperatura era ideal.

Joguei todos os meus pensamentos para uma pequena caixinha e a tranquei, foquei apenas na sensação do banho quente, da água em meu rosto. Perdi as contas de quanto tempo fiquei ali, como se eu estivesse fugindo do que me esperava do lado de fora.

•••
(Harry)

Ele escorreu, bateu a cabeça e está desacordado ou então o box do banheiro caiu em cima dele.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Apr 21, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Sincerely yours | l.s Where stories live. Discover now