treze

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𝕻𝖆𝖗𝖎𝖘, 𝕱𝖗𝖆𝖓𝖈𝖆

ANNA

— Oi mãe. — Digo, ao chegar a recepção do hospital.

— Oi, anjinho. — Respondeu calma e veio me abraçar.

— Alguém pode me explicar o porquê dele ter passado mal? — Olho para minha mãe e Zaya, que continuava sentada, com um semblante de medo. — Za?

Ela despertou dos pensamentos e me olhou, continuava com o rosto um pouco abatido.

— Vamos vê-lo, anjinhos. — Minha mãe disse e saiu puxando nós duas. — Seu pai tem algo a falar com vocês.

Aquilo não estava me cheirando bem. Meu coração palpitou e em nervosismo, prendi a língua entre os dentes, como sempre fazia.

Ao chegarmos no quarto onde seu Eduardo estava, entramos e ele sorriu ao nos receber.

— Anjinhos. — Disse alegre.

— Que susto que o senhor me deu em. — Falo, e vou até ele.

O aperto em um abraço, e deixo beijinhos em sua bochecha. Recebendo sorrisos dele.

— Pai, é verdade? — Zaya o questiona, virei meu rosto para olhá-la e ela tinha algumas lágrimas nos olhos, prestes a cair.

— O que? O que é verdade? — Volto a olhar o meu pai, ainda confusa.

— Está tudo bem. — Mamãe diz.

— Alguém pode me dizer? — Pergunto, impaciente.

— Deixa ele dizer, vamos ver se ele tem coragem. — Zaya soou brava.

— Pai?

Ele sorriu carinhoso e segurou firme minha mão, em seguida acariciando meu rosto.

— Anjinho, o papai tá um pouco doente. — Começou.

— Tá mas, já está no hospital e vai ficar bom. — O tranquilizo.

— É que o que eu tenho...

— É câncer. — Minha irmã completa. — Em estágio quatro, terminal.

[•••]

Observava a enfermeira retirar o sangue do meu pai para novos exames. Pelo que eu entendi, ele veio para Paris para se despedir.

O médico falou que faria o possível pra deixá-lo confortável, já que ele tinha apenas algumas semanas. Não sabia o que pensar, o que raciocinar.

Pelo que foi explicado, o câncer que estava no estômago, havia avançado de estágio, mesmo fazendo todo tratamento, a metástase, agora estava na maioria dos órgãos importantes.

Meu pai parecia tão tranquilo, e minha mãe também. Zaya teve que ser levada, porque passou mal após a notícia, Neymar levou ela para casa.

O Médico também disse que poderia fazer algumas cirurgias que prolongaria a qualidade de vida até o dia D, chegar. Mas eles dois negaram. O que me deixava mais chateada é que eles falavam comigo todos os dias, no mesmo horário, e nunca mencionaram nada.

No prontuário do meu pai, ele havia feito algumas cirurgias e nós nunca notamos nada. Eu me sentia totalmente culpada.

O barulho dos meus próprios pensamentos estavam me deixando maluca. A culpa, o medo e a dor me deixavam ainda mais... Exausta!

— Anjinho? — Ouvi e levantei a cabeça, para ver minha mãe.

— Senhora? — Caminho até ela.

— Que tal ir para casa? — Perguntou.

— Estou bem aqui. — Nego, sentindo a voz embargada.

— Zyan deve estar com saudades de você. — Seu Eduardo disse, segurando minha mão e a levando até a boca, deixando um beijinho nem.

— Estou bem aqui. — Repito. — Pai, me desculpa.

— Pelo que? — Pergunta confuso.

— Por não ter notado. — Cai em choro.

— Anjinho, eu não quis falar para não preocupar vocês. — Diz. — Estamos bem, e eu me sinto bem.

Neguei com a cabeça, sabendo que não era verdade.

— Pai eu vou perder você. — Digo sentindo meus olhos embaçarem. — Eu não posso, eu...

— Anjinho, lembra quando você tinha nove anos e caiu do balanço? — Pergunta e afirmo. — Quebrou o joelho e disse que iria morrer de dor?

Soltei uma risada leve, sentindo minha mãe passar os braços ao meu redor, me abraçando por trás.

— Lembro.

— Também senti medo de perder você. — Falou. — Seu choro era desesperador, mas olha aqui você, linda e com o joelho intacto.

— Pai mas o que isso tem...

— Tem tudo haver. — Me corta. — Eu sei que está com medo de me perder, eu senti a mesma coisa quando foi você. — Continuou.

— Só que com o senhor é....

— Diferente. — Minha mãe completa. — Anjinho, nós sabemos que é doloroso.

— Fique tranquila, eu estou. — Seu Eduardo termina. — Já chorei e me preocupei o que tinha para preocupar. Já cumpri minha missão, criei duas filhas lindas, tenho um neto maravilhoso e um genro razoável.

— Papai. — Ele deu risada.

Acabei o acompanhando e ele soltou um beijinho no ar para mim. Minha mãe me apertou mais conta si.

— Não se perturbe. — Dona Izabel disse. — Deus, quis assim.

Sempre me admirava o tamanho da fé dos meus pais, era sempre confortável.

PHOTOGRAPHY | NEYMAR JRWhere stories live. Discover now