vinte e dois

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𝕸𝖆𝖉𝖗𝖎𝖉, 𝕰𝖘𝖕𝖆𝖓𝖍𝖆

ANNA

"Anjinho, suas fotos ficam ainda melhor quando você meche nelas nesse computador"

Olho para a flor branca em minha mão, sentindo meu peito apertar. Lembrava dos meus melhores momentos com o meu pai, suas frases de efeito, suas falas.

Levantei o olhar ao espelho, vendo que o vestido preto me caia bem, se não fosse para uma causa tão devastadora, o motivo de eu estar o usando.

"Anna, não se rebaixe a menininhas de colegial".

Meu rosto estava inchado e minha aparência era de cansada. Meus ombros estavam fartos. Já faziam dois dias da partida do meu pai, e depois de resolver tudo, e todos os parentes de toda parte chegaram, finamente o enterraríamos.

Zaya não comia desde que ele entrou na UTI, Kylian fez o impossível, mas sempre que ela comia, colocava para fora.

— Chocolate? — Escuto e pisco algumas vezes. — Estamos esperando você.

Observei através do espelho, Neymar se aproximar e em seguida me abraçar por trás, deixando beijinhos na minha bochecha.

— Você está bem? Consegue fazer isso? — Perguntou.

— Não, não estou bem e sim, consigo. — Respondo e dou um sorriso leve. — Obrigada por estar aqui.

— Eu iria ao fim do mundo por você, se fosse o necessário. — Disse.

Abri um sorriso sem mostrar os dentes, sentindo que talvez não conseguiria mesmo fazer aquilo.

— Vamos?

— Antes... — Disse e me virou para ele.

Sorriu e acariciou minha bochecha, levou a mão ao bolso do terno preto que vestia e baixei meu olhar até sua mão, encontrando uma caixinha preta na mesma.

— O que você está...

— Quer namorar comigo? — Pergunta. — Não precisa responder agora, só quero que saiba que eu não quero perder você de vista, nunca mais.

Sorri e uni nossos lábios em um beijo casto, sentindo toda a energia positiva que ele me transmitia, e toda força que ele representava.

— Anjinho? — Minha mãe chamou e olhamos em sua direção. — Está na hora. — Deu um breve sorriso e Neymar guardou a caixinha.

Ela parecia ser a mais forte de nós três, estava conformada e tranquila, mantendo sua fé.

Entrelaço minha mão a de Neymar e saímos da sala, onde a família de quem estava sendo velado ficava.

"Você é a mais velha, tenha pulso firme"

As lembranças me abateram em forma de metralhadora quando vi o caixão. Tinha um tom escuro de madeira, com detalhes em dourado, da forma que tem que ser.

Respirei fundo, sentindo minha força ir embora. Como era a filha mais velha, tinha que estar à frente junto com a minha mãe. Soltei a mão de Neymar e deixei um beijo em sua bochecha.

"Oh anjinho, tenho tanto orgulho da mulher que é".

Olhei para a flor branca em minha mão e em seguida para o caixão. Respirei calmamente e comecei a descer os degraus.

"Obrigada por me fazer avô, olha esse garotão que lindo."

Tudo parecia estar correndo em câmera lenta, a cada passo uma lembrava de algo diferente, e a vontade de sair correndo e gritando, apenas aumentava.

PHOTOGRAPHY | NEYMAR JRWhere stories live. Discover now