Capítulo 2

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O corpo desceu rolando o escorregador, sendo seguido por um rapaz. Logo que tocou o chão e conseguiu pôr-se de pé, levou um chute certeiro no tórax o fazendo perder o equilíbrio e recuar um passo, chocado com a força do golpe.

-Isso foi engraçado!- Riu o garoto que havia lhe batido, pondo-se em posição de ataque. –Faz de novo?- Terminou e o homem avançou sobre ele, apenas para ser fortemente empurrado sobre as mesas que estavam naquele parquinho.

-Eu vou te matar!- Grunhiu o sujeito e o garoto novamente riu, pronto para atacar mais uma vez quando algo o fez parar e subitamente a sua visão ficou turva, assim como um certo amolecimento abateu o seu corpo o impedindo de ficar em guarda para o golpe que veio a seguir. Quando conseguiu se recompor novamente, já era tarde. O homem avançou com tudo para cima dele, o derrubando no chão e fazendo a sua arma voar para longe, começando a sufocá-lo. O garoto ainda tentou tirar o sujeito de cima de si mas, estranhamente, parecia que todas as suas forças tinham se esvaído. E quando percebeu que seus pulmões exigiam ar e o mundo a sua volta estava começando a ficar escuro, repentinamente o peso do atacante foi tirado de cima de si.

Inspirando várias vezes e tossindo um pouco, ele piscou, dentro da pouca luz que tinha no parque àquela hora da noite, para poder ver o que tinha acontecido com o sujeito que quase o estava matando estrangulado, quando percebeu que esse estava lutando com um outro homem. E parecia que o seu salvador desconhecido era bem forte para conseguir lutar em pé de igualdade com o seu atacante.

Assim que percebeu que já tinha fôlego para voltar para a briga, o rapaz levantou-se, um pouco cambaleante, e começou a procurar a sua arma. Porém, notou um pouco tarde, que não precisaria mais dela. Com uma girada de corpo, seu salvador conseguiu acertar o homem, com um chute, no rosto, o fazendo ficar desnorteado, para logo depois cravar algo em seu coração o fazendo virar pó, literalmente.

O rapaz assistiu com um certo fascínio o sujeito virar pó, quando percebeu que seu salvador estava vindo em sua direção.

-Não deveria andar sozinha a essa hora da noite, menina.- Disse em uma voz grossa e profunda, que teria feito todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem se não fosse por um porém: ele o confundiu com uma mulher.

-Agradeço a sua preocupação e a sua ajuda…- Começou, sacudindo a poeira de suas roupas negras, ainda não erguendo os olhos para mirar o seu salvador.-… mas eu sei me cuidar muito bem, pode ter certeza.- Terminou, erguendo a cabeça e quase caindo sentado de choque. O homem a sua frente era de uma beleza quase elementar, com revoltos cabelos castanhos e profundos olhos azuis, junto com a pele pálida iluminada pela luz fraca dos postes.

Ao ver a pessoa a sua frente erguer a cabeça para mirá-lo, o salvador deu um pequeno ofego de susto. Não era uma menina, era um rapaz. Com os cabelos mais longos que ele já vira em um homem e os olhos mais belos que encontrara em um ser vivo. Violetas, como o céu do entardecer.

-Bem, não parecia para mim que você estava se cuidando.- Retrucou o sujeito dos cabelos curtos, ainda inebriado com a beleza daqueles olhos.

-Foi apenas um… acidente de percurso. Mas, mesmo assim, valeu pela ajuda.- Rebateu com um meio sorriso, virando-se sobre os pés e saindo as pressas daquele parquinho, antes que se perdesse mais no azul profundo daqueles olhos.

A porta do velho mausoléu abriu-se com um suave rangido, permitindo que a figura entrasse dentro do local, sendo recepcionada pela fraca luz que vinha do fogo quase extinto da lareira.

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