Capítulo 8

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-Como assim você não conseguiu pegar? –Zechs arqueou tanto as sobrancelhas que elas puderam ser confundidas com a franja igualmente loira do homem.

-Quer que eu soletre para você? –Duo retrucou irritadiço, não acreditando que estava perdendo seu precioso lanche para dizer a mesma coisa, cinco vezes, para esse homem. Ou seja, que ele não conseguiu pegar o medalhão. Nos fundos da biblioteca Quatre conversava aos sussurros com Treize, enquanto seu outro amigo, Trowa, havia desaparecido no intervalo para uma reunião do time de basquete, do qual fazia parte.
-Bem, pois precisamos recuperá-lo, já que o ritual vai ser hoje a noite. E ter um vampiro sanguinário perambulando por a
-Olá! –Duo chamou, interrompendo o balbuciar desconexo de Zechs. –Isso daqui é Sunnydale meu amigo. Vampiros sanguinários são o que mais existe nessa área.
-Não como o velho mestre da tricentenária ordem da Super Nova, que no passado conseguiu ser aprisionado por uma caça-vampiros e um feiticeiro.
-Se é uma ordem tricentenária, por que se chama Super Nova? Não há nada de novo nela então. –O garoto brincou, balançando as pernas para frente e para trás, enquanto via o loiro inglês andar de um lado para o outro, sentado em cima da mesa.
-A questão é que é um velho vampiro poderoso, que se for liberto dará muito trabalho…
-E eu cuidarei dele, sem problema algum. É só me dizer onde fica a toca dessa ordem Super Star.
-É Super Nova.
-O que seja.
-E não é tão fácil assim. Você pode ser forte garoto, mas não chega aos pés do velho mestre.
-Está dizendo que eu sozinho não consigo derrotar o sujeito? Ta achando que eu sou um garotinho inexperiente? Eu já estava nessa de caçar demônios antes mesmo de você desgrudar o nariz dos livros e se tornar um sentinela ativo. Então não venha me dizer que eu não sou capaz de derrubar o cara. – "Sem contar que eu terei ajuda." Pensou Duo enquanto Zechs ganhava uma expressão desgostosa ao olhar para ele.
-Se você está tão certo disso. –Começou o loiro de maneira contida, não suportando a arrogância daquele menino. Sabia que ele tinha anos de experiência, como também sabia, pelo que leu nos relatórios sobre ele, que o americano era muito cheio de si. E essa prepotência toda um dia ainda o levaria a derrota. E não estava a fim de perder um caça-vampiros, ainda mais do espécime mais raro – um garoto -, no seu primeiro trabalho como sentinela. –Procurarei pistas sobre onde é a toca deles e assim você consegue pegar o medalhão para impedir o ritual. –Terminou, embrenhando-se na biblioteca a procura dos livros certos.
-Mal posso esperar então! –Duo gritou, enquanto via o inglês sumir por entre as estantes. Assim que ele estava fora do alcance de suas vistas e sua voz, virou-se para Quatre que tinha parado ao seu lado. –Descobriu onde é a toca dessa ordem? –Perguntou ao loirinho enquanto via Treize aparecer do outro lado dele, carregando, como sempre, um livro entre as mãos.
-Não muito longe de onde você achou o medalhão. Na verdade, é bem embaixo de onde você o achou. –Disse Treize, folheando as páginas de seu livro. –Parece que tem um acesso a toca através de um portão dentro do mausoléu. Você se lembra de tê-lo visto?
-Vagamente, eu estava mais preocupado com o fato de que eu estava apanhando. E ainda estou dolorido. –Gemeu um pouco, colocando uma mão sobre a cintura, onde um hematoma começou a aparecer desde o fim da batalha da noite anterior.
-Bem, isso é tudo o que eu pude conseguir. Então, juntarei as coisas e nós iremos para essa toca…
-Nós quem, cara pálida? –Duo chamou Treize, enquanto esse ia para o armário de armas a um canto da sala.
-Eu irei com você –Foi tudo o que o homem respondeu. –Você vai precisar de ajuda se não conseguirmos chegar a tempo de impedir o ritual.
-Não, você não vai. É perigoso e pode ser que você mais atrapalhe do que ajude. –Disse o jovem americano, preocupado. Não que Treize não soubesse se cuidar, ele sabia, já o ajudara por muitas vezes. Mas em todas essas vezes ele sempre saía muito machucado.
-Você vai precisar de ajuda. Dentro de uma toca, você sozinho não será páreo para o número de vampiros que estará lá. –Treize tentou argumentar.
-Quem disse que eu estarei sozinho? –Duo arqueou as sobrancelhas em resposta.
-Como? –Dessa vez foi Quatre que entrou na conversa. –Quem vai com você? –Perguntou curioso e viu com um certo divertimento as bochechas do amigo ficarem rosadas. –Ah, sim, entendi! –Declarou com um grande sorriso surgindo no rosto.
-Ele só vai lá para ajudar. –Duo gritou em protesto, avermelhando mais ainda.
-Claro que ele vai. –Quatre falou em um tom de estar atestando o óbvio.
-Então tira esse sorrisinho da cara! –Retrucou o americano de maneira irritada.
-Por que está tão nervoso? Eu não disse nada. –Rebateu o árabe, tentando sumir com o sorriso mas achando isso uma tarefa difícil. Era impressionante ver como Duo perdia o controle cada vez que esse tal de Heero era mencionado. Por Alá, ele precisava encontrar-se com esse homem, saber o que ele tinha para poder deixar seu amigo nesse estado.
-Então Yuy irá com você? –Treize entrou na conversa dos dois jovens, estendendo a Duo a bolsa com as armas.
-Sim. Ele e aquele amigo dele, aquele meio demônio, qual o nome dele mesmo?
-Chang. –Disse o ex-sentinela.
-Isso mesmo. Por isso não precisa se preocupar, Treize. Eu voltarei com todos os pedaços no lugar, pode ter certeza.
-Assim espero Duo, assim espero.
-Tem certeza que não quer a minha ajuda? –O loirinho perguntou pela enésima vez enquanto via Duo fechar a porta de seu armário.
-Não, Quatre! É perigoso. Haverá vampiros grandes e fortes no local e você pode se ferir. E se você se machucar eu não vou me perdoar, sem contar que Trowa poderá arrancar meu couro fora se isso acontecer.
-Mas eu sei me defender. –O americano apenas ergueu uma sobrancelha para o amigo, duvidando um pouco das palavras dele. Quatre parecia ser tão frágil, a ponto de quebrar a qualquer momento com um simples golpe, que ele duvidava muito que ele conseguisse derrubar um vampiro. –Eu tenho magia. Eu andei treinando muito e por isso acho que já estou no nível intermediário da coisa.
-Mesmo que você fosse o maior bruxo do mundo, ainda sim é perigoso. –Declarou decidido.
-Mas Duo… -O garoto começou, com os seus olhos azuis ganhando uma expressão triste de filhote abandonado. Duo rapidamente virou o rosto para não ver aquela expressão. Retirava o que havia dito. Quatre não era tão indefeso. Bastava ele arregalar os olhos azuis, fazer beicinho e ele poderia conquistar o mundo com isso. Derreter o coração mais duro que existisse. Quem sabe até derrubar um vampiro.
-Okay… O que o Quatre está tentando arrancar de você para ele estar fazendo essa cara? –Trowa aproximou-se do grupo e Duo abriu um grande sorriso. Aí estava o único homem do universo que conseguia sobreviver aos beicinhos de Quatre Raberba Winner.
-Diga a ele, Trowa, diga a ele que é perigoso para ele ir comigo hoje na toca da ordem Super Nova, tentar impedir o ritual, porque haverá muitos vampiros lá e ele poderá se machucar. Diga a ele. –Quatre resmungou algo sob a respiração diante do que Duo disse. Dentre o trio de amigos, Trowa sempre era o mais sério e racional. E ele nunca conseguia convencer o moreno a fazer algo se ele não quisesse. O homem era imune as suas manhas.
-Quatre, é perigoso. –O rapaz disse ao namorado, que resmungou novamente. –E é por isso que Duo precisará de ajuda.
-O quê? –Duo quase deu um pulo no lugar. Onde Trowa estava querendo chegar?
-Por isso acho que ele não se importará se eu for com ele, não é?
-Não, não, não e não. –Negou veementemente, sacudindo a cabeça de um lado para o outro e fazendo a longa trança dançar em suas costas. Certo que, diferente de Quatre, Trowa sim sabia se cuidar. Sabia lutar e poderia derrubar um vampiro com bastante habilidade. Mas lutar contra o mal não era função dele. Ele não era o escolhido. E se algo acontecesse ao moreno, seria Quatre dessa vez que arrancaria o seu couro. O jeito que um cuidava do outro lhe causava até um pouco de inveja. Queria isso para si, mas com a vida que levava duvidava muito que alguém gostaria de namorá-lo.
-Viu? Problema resolvido. Trowa não vai lhe perseguir porque simplesmente ele vai com a gente. –O árabe sorriu de orelha a orelha, dando um beijo estalado na bochecha do namorado.
-Era só o que me faltava. Alguém mais vai querer ir comigo essa noite para a festa dos vampiros doidos? –Perguntou o americano de maneira sarcástica.
-Olá! –Uma nova voz entrou no grupo e Duo e Quatre pularam de susto, enquanto Trowa permanecia impassível em seu lugar.
-Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece. –Resmungou o garoto de trança. –O que você quer aqui Peacecraft? –Perguntou desgostoso, enquanto via Relena parada na frente deles, segurando um cesto de palha entre os braços e sendo acompanhada pela fiel escudeira, ou cão vigia como chamava Duo e cia., Dorothy Catalonia.
-Bolinhos. –A jovem abriu um grande sorriso cordial para eles, que apenas lhe deram como resposta um arquear de sobrancelhas. –Sei que não nos entendemos muito…
-Verdade? Queimou quanto dos seus dois neurônios para descobrir isso? –Escarneceu o caçador.
-… Mas até mesmo os esquisitos… -E lançou um olhar de desdém para Duo e Quatre e Trowa, que estavam de mãos dadas. O loirinho teve que se segurar para não lançar um feitiço bem feio em cima daquela garota. -… são eleitores em potencial.
-Deixe-me ver se eu entendi. –Trowa começou e os seus dois amigos sentiram que viria algo forte. O rapaz não era de falar muito, mas quando isso acontecia, sempre vinha uma bomba. Ainda mais se esta bomba está relacionada à rainha da futilidade da escola. –Você está querendo comprar os nossos votos com bolinhos, é isso?
-Bolinhos feitos em casa. –Retrucou a garota com um grande sorriso branco.
-Quais são as outras candidatas à rainha mesmo? –Perguntou o jogador.
-Eu acho que aquela menina do quinto ano, Meredith alguma coisa me parece uma boa opção de rainha… -Quatre começou com o comentário, sendo levado por Trowa para longe dos armários, Duo ainda ficou no lugar.
-Bem… eu aceito o bolinho. –Disse o garoto, pegando o bolinho oferecido por Relena. –Afinal, lanche de graça qualquer um quer. Hei rapazes! Eu acho que é Meredith Anderson o nome da menina. –Duo gritou, correndo para alcançar os amigos.
-Ele está atrasado. O sol já se pôs há vinte minutos. –Duo resmungou novamente e Quatre rolou os olhos, puxando para cima do ombro a bolsa com armas que carregava.
-Relaxa Duo. Você parece uma garota em seu primeiro encontro. –Brincou o loiro e o americano ficou vermelho até as pontas das orelhas.
-Encontro? Isso daqui não é um encontro! É trabalho. –Quase gritou e Quatre rolou mais uma vez os olhos, enquanto Trowa escondia um sorriso que queria, porque queria, aparecer diante da reação do amigo. Ele sabia o que o namorado estava fazendo, estava provocando Duo, pois esse sempre perdia o controle quando o assunto era esse tal de Yuy. E, assim como o árabe, ele também não via a hora de conhecer esse vampiro.
-Você nunca ouviu falar em misturar trabalho com prazer? –Quatre alfinetou ainda mais e Duo ficou quase roxo. O casal apenas não sabia se o amigo estava dessa cor por vergonha ou irritação.
-Não há prazer no meio dessa história, nunca haverá prazer, está me ouvindo Winner? –Dessa vez ele gritou e o loiro riu, enquanto Trowa apenas dava um sorriso discreto com o canto dos lábios.
-Grite mais alto Maxwell, acho que eles não conseguiram te ouvir lá dentro do ninho. –A voz grossa entrou no meio do grupo e em questão de segundos os três adolescentes estavam armados e apostos para qualquer batalha.
-Interessante. –Heero atestou enquanto via os garotos abaixarem as armas direcionadas ao pescoço de Wufei.
-Aprenda uma coisa nessa cidade, meu caro. Nunca, mas nunca mesmo aproxime-se sorrateiramente por detrás de um garoto dentro de um cemitério. –Duo advertiu, prendendo novamente a deathscythe na cintura.
-Como caçador, você deveria estar mais alerta. –Wufei resmungou.
-Como demônio, você deveria ter mais amor a sua vida, antes de espreitar um caçador. –Retrucou Duo no mesmo tom sarcástico do chinês.
-Quem são esses dois? –Heero os interrompeu, antes que eles começassem a brigar no braço ali mesmo. E atestou, apesar do pouco tempo de convivência, que Duo e Wufei tinham um gênio muito parecido, o que ocasionava produção de faíscas cada vez que eles se encontravam.
-Trowa Barton. –O moreno de olhos verdes se apresentou, olhando o homem a sua frente de cima a baixo de maneira avaliadora. Alto, forte, cabelos castanhos e rebeldes e olhos azuis duros e frios. Não é a toa que Duo se encantou por ele. O sujeito transmitia força e mistério por cada poro de seu corpo.
-Quatre Winner. –Disse o loiro com um sorriso, estendendo uma mão para Heero, que somente a olhou mas não a recebeu. Rapidamente o garoto recolheu a mão, não muito abalado com a frieza do homem. Ele lhe lembrava um pouco Trowa antes de eles começarem a namorar. E agora via porque Duo não parava de tagarelar sobre o vampiro bicentenário. Ele era tudo o que o americano havia dito e um pouco mais. Isso seria divertido. Agora que tinha encontrado o famigerado Heero Yuy, teria como provocar o amigo melhor.
-Heero Yuy. –Respondeu o japonês, se perguntando o que aqueles dois humanos faziam ali.
-Wufei Chang. –Resmungou o chinês.
-E eu sou Duo Maxwell. –Caçoou o caçador. –Agora que estamos todos apresentados, será que poderíamos? –E apontou para a entrada do mausoléu, por cima de seu ombro.
-Não tão rápido. –Heero interrompeu e Duo bufou. Ele queria terminar logo com isso e voltar para casa. Tinha um trabalho de história para fazer ainda. –O que eles dois estão fazendo aqui? –Perguntou, caminhando até Quatre e Trowa e parando na frente deles. De Quatre ele podia sentir uma energia estranha emanando do garoto. Ele tinha magia correndo nas veias. De Trowa ele não conseguia captar nada de anormal, mas só de olhar poderia perceber que ele era forte.
-Eles estão aqui para ajudar. Irão vigiar a entrada do mausoléu para impedir que qualquer coisa saia errada. Se não conseguirmos impedir o ritual e parar esse tal mestre… -Duo mordeu o lábio inferior.
-Eu tentarei lacrar novamente o vampiro. –Quatre terminou pelo amigo, sentindo suas mãos suarem frio e começarem a tremer. Um feitiço desse porte é muito mais do que ele poderia esperar, e não sabia se já estava pronto para fazer algo assim.
-Bem… -Wufei olhou dos três adolescentes para Heero, pedindo orientação. Ao seu ver, parecia que não era a primeira vez que eles lutavam juntos. Irônico, um caça-vampiros com amigos e família, essa era nova. –Então melhor entrarmos para impedir logo o pior. –Declarou, passando por eles e entrando no mausoléu.
-Vá em frente, não precisa esperar pela gente. –Duo escarneceu, quase acompanhando o chinês mas sendo parado por Trowa.
-Duo… -O rapaz começou de maneira extremamente séria. -… Tome cuidado. –Decretou, soltando o braço do amigo, que lhe deu um pequeno sorriso.
-Vocês também. –Sussurrou o garoto, pegando algumas armas que estavam na bolsa com Quatre e entrando em seguida no mausoléu.
O cheiro úmido invadia o lugar junto com o cheiro de sangue. As vozes eram abafadas pelas paredes de pedra e um cântico estranho ressoava por dentro da caverna. Duo, Heero e Wufei desceram pela entrada que tinha no mausoléu e esconderam-se atrás de uma grande pedra, observando a roda de vinte ou mais vampiros em torno do que parecia ser um pequeno lago com um líquido vermelho escuro.
-Eca, não me diga que aquilo é sangue? –Duo fez uma careta de nojo ao sussurrar sua dúvida aos seus companheiros.
-Aquilo não é sangue. –Respondeu Heero indiferente, observando a movimentação no círculo de vampiros.
-Engraçadinho. –Retrucou o americano, percebendo que o homem tinha mentido e sido sarcástico. Aquela coisa vermelha era sim sangue, e ele suspeitava que era sangue humano.
-O que iremos fazer, Yuy? –Wufei sussurrou ao amigo, que ainda observava os seus arredores, bolando alguma coisa para impedir esse ritual.
-Eu sei o que vamos fazer. –Duo interrompeu. –Heero e eu iremos lá dar umas porradas nos vampirinhos e enquanto eles estiverem distraídos conosco, você vai lá no altar e cata aquele medalhão, o levando para Quatre, que irá destruí-lo com um feitiço que Treize descobriu essa tarde. Assim, nenhum mestre ressurge, eu volto a tempo de fazer meu trabalho de história, e todos nós ficamos felizes. O que você acha? –Heero e Wufei trocaram olhares e o chinês deu de ombros. –"timo! –O americano bateu as mãos levemente, abrindo um sorriso feral. –Vamos deixar o Shinigami sair para brincar.
Heero sentiu um tremor descer pelo seu corpo diante daquele sorriso e do brilho que os olhos violetas emitiam, aquela era a mesma expressão que Duo tinha na noite anterior quando eles lutaram juntos.
-Certo. Wufei, quando você estiver pronto. –Disse o japonês.
-Pronto. –Retrucou o meio demônio e Duo e Heero saíram de seu esconderijo, andando sorrateiramente por dentro da caverna para não atrair a atenção dos vampiros, ainda. Quando o jovem americano aproximou-se do vampiro mais próximo de si dentro do círculo, tirou a sua estaca de dentro de sua bota e a cravou nas costas da criatura. Assim que os outros perceberam um de seus companheiros subitamente virar pó, o caos rapidamente foi-se instalado.
-Peguem os intrusos. –Um dos vampiros gritou e Wufei viu nisso a sua deixa para agir, correndo sorrateiramente por entre pedras e objetos e alcançando o altar que tinha acima da piscina de sangue, pronto para pegar o medalhão.
Duo tinha acabado de derrubar um vampiro, quando sentiu um braço grosso e forte o segurar pelo pescoço e prender o seu corpo contra um maior que o seu. O ar começando a lhe faltar por causa do aperto do braço, enquanto ele tentava lutar por liberdade. Com sua agilidade, ergueu a sua perna rapidamente, dando um chute, por cima de seu próprio ombro, no rosto do sujeito que o segurava, o fazendo soltá-lo. Quando se viu livre, deu outro chute no vampiro, na boca do estômago, o desnorteando um pouco a tempo de cravar uma estaca em seu coração e fazê-lo virar pó.
Heero gemeu quando a madeira chocou-se contra a sua coluna, para depois rosnar diante da ousadia do infeliz que tinha lhe batido. Quando o objeto veio novamente em sua direção para lhe bater, ele segurou no pedaço de madeira e o puxou da mão do vampiro que o atacava, girando-o em suas mãos e o segurando firmemente, descendo um golpe violento contra o rosto da criatura. Assim que o vampiro recuou atordoado, o japonês quebrou a madeira na coxa, ganhado um pedaço menor e com uma ponta mais afilada. O vampiro mal teve tempo de registrar o que tinha acontecido e já havia virado pó.
Wufei estava vendo os seus dedos quase tocarem na jóia, quando em um puxão brusco ele foi afastado do altar e um chute foi desferido contra as suas costelas. O chinês curvou-se sobre o corpo por causa da dor, mas não se entregou a ela por muito tempo. No que viu, pelo canto dos olhos, um soco vir em sua direção, rapidamente o bloqueou, revidando com um outro soco o vampiro que havia lhe atrapalhado. Conseguiu afastá-lo de seu caminho tempo o suficiente para poder pegar novamente o medalhão, quando percebeu que esse tinha sumido do altar. Rodou seus olhos negros pelo local e viu com um certo desespero que um outro vampiro tinha pegado o amuleto e continuado o cântico, enquanto a piscina de sangue começava a borbulhar. Iria correr para impedir o desgraçado de completar o ritual, quando alguém lhe deu uma gravata, o prendendo no lugar, enquanto outro vampiro vinha para cima de si para atacá-lo. Usando o corpo desse que estava vindo em sua direção, ele ergueu as duas pernas e deu um chute duplo na criatura a jogando para longe, enquanto seu captor era arremessado para trás, junto consigo, por causa da força do impacto, e se chocava contra a parede de pedra. Com a dor da batida, o vampiro o soltou e ele aproveitou para dar uma cotovelada na barriga dele, o fazendo se dobrar de dor, e com uma girada sacar rapidamente a sua katana, cortando o ar com ela e conseqüentemente a cabeça do vampiro.
-Duo! Heero! –Gritou para os dois que ainda batalhavam. –O amuleto!
Duo socou o vampiro a sua frente e depois se virou para onde Wufei apontava, vendo com desgosto o amuleto na mão de um dos sacerdotes daquela Ordem. Deu uma girada de corpo e chutou o demônio para tirá-lo do caminho e começou a correr. Se aquela criatura terminasse de recitar o feitiço, eles teriam grandes problemas. Seu percurso foi interrompido por um vampiro que se pôs na sua frente, mas não deixou que o demônio o parasse. Usando as pedras como alavancas de impulsão, ele continuou correndo, subindo nas rochas e dando um salto, chutando o vampiro no meio do caminho enquanto pulava por cima dele. Em outro grande salto subiu na borda da piscina, que borbulhava ainda mais forte, e chutou o medalhão para longe da mão do sacerdote que recitava o feitiço.
-O caçador. –O sujeito rosnou para ele.
-Também é um prazer te conhecer. –Riu debochado, partindo para cima dele.
Heero deu uma rasteira no demônio e cravou rapidamente uma estaca em seu coração. Quanto mais eles lutavam mais vampiros apareciam. Como ele detestava essa raça, apesar de fazer parte dela. Eram parasitas, isso sim, e não via a hora de se livrar dessa maldição dos infernos. Sentiu algo se chocar contra a parte de trás do seu joelho, o fazendo dobrar um pouco a perna, e soltou um outro rosnado de frustração. Por que eles não morriam? Virou-se para o seu agressor, os caninos afiados mostrando-se por entre os lábios, enquanto os olhos azuis ficavam ainda mais frios na face contorcida sendo tomada pelo demônio dentro de si. Num pulo foi para cima do seu adversário, segurando nas vestes cerimoniais que ele usava e o arremessando contra a parede de pedra. Não o deixou se erguer por completo e desceu um soco no rosto dele, o pegando novamente pelas vestes e o jogando através da caverna. Em outro pulo parou em frente a ele, o pegando pelo colarinho das roupas e começando a socar repetidamente o rosto da criatura, a deixando tonta. Quando viu que ele não conseguiria distinguir seis de meia dúzia, rodou a estaca na mão e a enfiou no peito dele. Rapidamente virou pó.
Levantou-se, estalando a coluna para aliviar um pouco a tensão, mas não baixando a guarda, pois ainda estavam em campo de batalha. Olhou a sua volta à procura de Wufei e viu que esse estava entretido com dois vampiros, mostrando a eles a sua habilidade e maestria em empunhar uma espada oriental. Não precisaria se preocupar com ele, o chinês sabia se cuidar. Continuou a vasculhar o local, alguns vampiros haviam fugido, outros vinham em sua direção, outros indo em direção a Duo, que ainda batalhava na borda da piscina que começava a soltar uma fumaça esbranquiçada e densa. Mas não era a fumaça que estava atraindo a atenção do japonês, mas sim a sombra que estava surgindo na superfície do líquido avermelhado.
-Duo! Cuidado! –Gritou para o garoto que ignorava o novo adversário que estava surgindo. Tentou alcançá-lo mas quatro vampiros bloquearam o seu caminho. Essa missão seria mais difícil do que aparentava.
O americano tinha acabado de transformar o seu adversário em pó quando ouviu o grito de Heero. Virou-se para ver que o moreno estava preso em uma luta de quatro contra um, e já iria ajudá-lo quando algo segurou no cós de sua calça e na gola de sua camisa, o lançando através da caverna. Caiu de maneira dolorosa no chão duro, virando-se para ver o que o atacou, apenas para presenciar um vampiro feio de doer – na sua concepção – pousar sobre si com um sorriso sinistro no rosto marcado e um brilho mortal nos olhos vermelhos.
-Ah… o caçador. –Disse com uma voz rouca, dando um suspiro e inspirando profundamente. –Humano, jovem… -O mirou com os seus olhos vermelhos. -… Belo. –Murmurou, traçando um dedo com unha longa pela bochecha de Duo. Os orbes violetas escureceram diante da ousadia e ele deu um chute nas costas do demônio em cima de si, o fazer tropeçar e sair de sobre o seu corpo. Curvou a coluna e num impulso estava de pé, pondo-se em posição de ataque.
-Quem te deu o direito? –Rosnou com nojo ante a ação do demônio.
-Espirituoso, eu vejo. Pena que não vai durar muito.
-É o que veremos. –Correu, fechando o punho fortemente para lhe socar, mas com uma mão foi parado pelo vampiro, que torceu o seu braço o fazendo estalar de forma desagradável. O empurrou, o afastando de si e Duo segurou o braço ferido.
Mesmo com o braço latejando, o garoto ainda não desistiu, o atacando novamente com o braço bom, mas novamente sendo bloqueado e lançado através da caverna, chocando-se contra a parede úmida e escorregando até o chão.
-Isso já está começando a se tornar um hábito. –Resmungou o caçador sob a respiração, pronto para se levantar mas tendo o seu corpo preso contra a pedra.
-Você é muito fraco moleque! Lembre-se que precisou mais que uma caçadora para poder me derrubar. –Rosnou, apertando seus dedos longos fortemente em volta do pescoço de Duo e erguendo o outro punho para golpeá-lo.
-E que tal dois caçadores? –A voz divertida soou atrás dele e antes que o rapaz tivesse consciência do que estava acontecendo, o velho mestre foi tirado de cima de si, sendo ele, dessa vez, lançado pela caverna.
Duo piscou os olhos violetas, trazendo eles novamente ao foco e tentando recuperar um pouco o ar. Ergueu-se um pouco, usando a parede como apoio, e mirou a recém chegada que lhe lançava aquele famoso sorriso traquinas. Aquele sorriso que ele não via a mais de um ano. Uma parcela da ajuda que ele tinha pedido.
-Hilde. –Murmurou, sorrindo de volta para a colega caçadora.
-A primeira e única e, como sempre, você me deixa de fora da diversão D. –Retrucou, olhando em volta e vendo o caos que estava o lugar.
-Bem vinda de volta a Sunnydale.

Duo, o caça vampiros! Where stories live. Discover now