Capítulo 9

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-Bem vinda de volta a Sunnydale.

-Obrigada, mas não precisava essa festa toda para mim! –Disse sardônica, sorrindo para ele.
-Hilde e festa são palavras que sempre andam juntas, eu aprendi isso com você.
-E aprendeu muito bem.
-No entanto, isso daqui está mais para o caos. –Disse abruptamente e segurou com força os ombros dela, a puxando para o lado e saindo do lugar onde estavam, justamente no momento em que o velho mestre tinha acabado de pousar em suas antigas posições.
-Dois caçadores… -O mestre sussurrou em um tom predador. -… Isso vai ser interessante.
-Eu que o diga. –Hilde sorriu abertamente e nem esperou mais nenhum sinal, apenas partiu para o ataque, desferindo o primeiro golpe no vampiro, que bloqueou o seu chute com um braço só. Porém, tão entretido estava com a garota, que não notou o outro chute que vinha em sua direção e que lhe acertou em cheio nas costelas. Mas quando Duo tentou dar outro chute, não conseguiu, pois a sua perna foi presa entre o corpo e o braço da criatura e ele foi lançado longe. Enquanto o mestre estava ocupado com Duo, Hilde aproveitou essa chance para desferir um soco nele, que novamente o acertou em cheio no rosto, o fazendo rosnar em desgosto.
-Cão que ladra não morde. –Caçoou a garota, mas o sorriso escarninho logo desapareceu de seu rosto quando em uma velocidade impressionante, ela se viu sendo erguida do chão, pelo pescoço, pela mão grande do vampiro, e sendo sufocada por ele.
-Hei! –Um grito e algo cortando o ar e antes que a caçadora ou o mestre pudesse perceber, a mão não estava mais lá. Na verdade, estava caída no chão envolta em uma poça de sangue, enquanto Duo estava a alguns passos de distância rodando a deathscythe ao lado de seu corpo.
-Moleque miserável! –Foi em direção dele, pronto para atacá-lo, mas o americano foi mais rápido dessa vez. Usando a parede como apoio, ele correu por ela, impulsionando o salto e passando pelo mestre, girando o corpo bem a tempo de acertar um chute na nuca dele. Um ponto sensível, segundo ele tinha aprendido com Treize, e deve ter doído, até mesmo nesse vampiro velho.
-Agora vamos brincar de caçador e caçado. Afinal, -Um sorriso medonho estava surgindo na bela face do garoto. –o Shinigami ainda não se divertiu. –E deu outro chute, acertando um ponto acima do joelho, o desnorteando mais ainda. E não deixou tempo para que ele se recuperasse. Rapidamente se agachou, usando suas costas como suporte para Hilde, que rolou por cima dele e desferiu um chute duplo no vampiro, que cambaleou um pouco, recuando um passo.
-Uma estaca, precisamos de uma grande estaca. –Murmurou a garota, olhando a sua volta. –O distraía. –Duo apenas sorriu de maneira feral.
-Sem problemas. –E foi em direção a criatura, segurando na gola de sua blusa e desferindo sucessivos socos no rosto distorcido do monstro. –Isso é para você aprender a não me subestimar.
-Tire as suas mãos de mim, garoto. –O vampiro conseguiu se soltar de Duo, dando um golpe no rosto dele com as costas da mão. O americano vacilou um pouco mas ficou de pé, com um sorriso vitorioso impresso na face. –Por que está sorrindo perto do seu fim? –Perguntou a criatura, detestando aquele sorriso.
-Bye, bye. –Foi tudo o que o garoto disse no mesmo momento em que uma grossa tora de madeira atravessava o corpo do mestre e ele virava pó. E como se fosse um passe de mágica, boa parte dos vampiros que estavam servindo o mestre começaram a fugir desesperados do local. Eram dois caçadores agora em vez de um, e isso poderia ser perigoso. Os poucos que restaram não duraram muito para contar história, e logo o lugar estava totalmente deserto, com apenas os traços da batalha vivida deixados como marca.
O caminho de volta para o cemitério foi lento, com Duo, Heero e Wufei escalando pedra por pedra, sentindo os ferimentos protestarem diante do cansaço agora que a adrenalina tinha abaixado. Assim que alcançaram a saída do mausoléu, Duo quase perdeu o contrapeso quando um corpo pequeno chocou-se contra o dele.
-Duo! –Quatre murmurou, o abraçando fortemente.
-Mais devagar Quat, eu estou todo dolorido. –Retrucou o americano e o loirinho o soltou. Assim que se viu livre da prisão que era o abraço do garoto, viu quem mais estava lá. Trowa, óbvio, intacto como o tinha deixado. Treize também os acompanhava, junto com uma jovem mulher, que ele só viu por breves momentos no passado. –Lucrézia Noin.
-Maxwell. –Disse a mulher em reconhecimento.
-Vocês vieram rápido ao meu pedido.
-Hilde mal deixou que eu arrumasse as malas direito.
-Ah, -Duo virou-se para os dois demônios que estavam com ele, pronto para apresentá-los, mas sentiu uma pontada no coração quando viu um corte feio na testa de Heero. –você está ferido. –Declarou, aproximando-se do japonês e tocando com as pontas dos dedos o corte. Como se tivesse levado um choque, Heero enrijeceu os ombros e segurou no pulso de Duo, o afastando suavemente de si.
-Eu estou bem. –Disse com uma voz rouca.
-Bem, acho que vocês já conhecem Hilde Schbeiker. Ela esteve aqui em Sunnydale há um ano atrás, sozinha, alegando que o seu sentinela estava em um retiro na Inglaterra.
-Mas a verdade é que o meu sentinela estava morto, e um vampiro poderoso, o que o tinha matado, estava atrás de mim. Quem pode me culpar? Eu me desesperei. Vi o sujeito que era o meu único amigo ser morto na minha frente e não pude fazer nada.
-Não foi sua culpa, Hil, já discutimos isso. –Duo disse, sorrindo um pouco para ela. –Claro que o vampiro a seguiu até aqui, mas conseguimos dar um jeito nele juntos.
-Descobrimos que Duo e eu formamos uma bela equipe. –Hilde sorriu, envolvendo Duo pela cintura e o trazendo para mais perto de si. Nesse momento Heero começou a ponderar se seria muito arriscado matar a caça-vampiros na frente de tantas testemunhas. Ela estava segurando Duo muito forte para o seu gosto.
-Mas como pelas regras do conselho uma caçadora não pode ficar sem sentinela… -Noin disse com uma voz suave. -… fui enviada para ser a vigilante da srta. Hilde.
-A ignorem. Ela não é tão formal assim, na verdade, às vezes, ela é pior do que eu. –Hilde brincou e Noin torceu um pouco o nariz em desagrado.
-Bem, nós estamos aqui. E agora que estamos aqui, o senhor Khushrenada poderia nos fazer o favor de explicar o que está acontecendo. Por que Sunnydale iria precisar de dois caçadores? Por que vocês chamaram ajuda? –Noin perguntou, virando-se curiosa para Treize. Não tiveram muito tempo de conversar, pois assim que chegaram, Hilde havia se dirigido à biblioteca onde supôs que encontraria Duo, mas apenas viu Treize lá. E vendo a recém chegada, o ex-sentinela pediu que ela se dirigisse ao cemitério porque o seu caçador poderia estar precisando de ajuda. Não estava nada errado quando chegaram e encontraram o local em um certo caos, com Trowa e Quatre lutando contra alguns vampiros, e como se uma guerra estivesse acontecendo dentro do mausoléu.
-Você deve saber que as atividades demoníacas da Boca do Inferno estão ficando mais fortes.
-Assim como eu sei, sr. Khushrenada, que o senhor não é mais o sentinela do jovem Duo. –A mulher torceu de novo o nariz, desaprovando a decisão do Conselho. Se estivesse no lugar de Treize, com certeza teria agido da mesma maneira. O teste dos dezoito de Hilde já estava chegando, também, e ela já tinha se apegado muito a aquela menina agitada para deixar que algo de muito mal lhe acontecesse.
-Mas ele é melhor do que aquela Barbie Inglesa. –Resmungou Duo, mexendo o braço ferido para ver a extensão do machucado que estava nele.
-Quem? –Hilde perguntou confusa.
-Zechs Marquise é o nome dele. O novo sentinela enviado. –Respondeu Treize. –E quanto as suas perguntas, srta. Noin, eu poderei explicá-las com todo o prazer assim que voltarmos à biblioteca.
-Isso mesmo… vocês voltam e conversam e eu volto para casa. –O americano recolheu as suas coisas e as socou dentro da grande bolsa largada aos pés de Quatre.
-Precisaremos de você para discutir como foram as coisas lá dentro. –Treize alegou.
-Não, não precisam. Brigamos, vencemos e tudo está resolvido. Eu ainda tenho deveres para fazer e Irmã Helen deve estar preocupada.
-Mas Duo…
-Treize… você está me sufocando, preciso de mais espaço aqui. –O garoto disse em um falso muxoxo e o inglês rolou os olhos.
-Vá então. Mas você está bem para ir sozinho? –Perguntou o homem e Hilde iria abrir a boca para se oferecer para acompanhar Duo, mas Heero foi mais rápido.
-Eu vou com ele. –Disse com a sua voz monocórdia e pôde jurar que vira Quatre e Trowa esconder um sorrisinho.
-Eh… eu acho que não… -Duo tentou protestar, mas Heero já tinha começado a caminhar na direção de onde ficava a sua casa.
-Vai Duo. –Quatre deu um empurrão nas costas do amigo, o incentivando. O garoto de trança apenas resmungou algo e seguiu Heero, que já estava longe.
-Bem, aqui estamos. –Murmurou o caçador, parando em frente ao portão do orfanato. –Estou são e salvo. Acho que não precisa me acompanhar até a porta… por causa… você sabe.
-É, eu sei. –Retrucou Heero. O caminho do cemitério até a casa de Duo havia sido feito em silêncio absoluto, mas em um agradável silêncio dessa vez. E agora, parecia que os dois estavam hesitando em se separar depois de uma noite tão agitada.
-Bem, é isso… -Sussurrou o americano, sem saber o que dizer. Ficar perto de Heero sempre o deixava nervoso de alguma maneira. –Er… eu realmente acho que você precisa cuidar dessa ferida. –Disse suavemente, erguendo novamente os dedos para tocar no corte onde o sangue já estava seco. E, novamente, Heero sentiu aquele tremor lhe passar pelo corpo, reagindo por impulso e segurando os dedos quentes dele entre os seus frios.
-Eu já disse que estou bem. –Retrucou, afundando-se naquelas duas ametistas que agora demonstravam um misto de descrença e preocupação. –Curo rápido, deveria saber disso.
-É… -Foi tudo o que Duo respondeu, sentindo-se estranhamente dormente diante daqueles olhos azuis. Mal percebeu que os seus rostos estavam ficando perigosamente próximos, até que seus lábios se tocaram.
O jovem sentiu seus joelhos fraquejarem e nem registrou o braço do japonês o envolvendo pela cintura para suportá-lo. Tudo que entrava na sua mente eram aqueles lábios frios, frios e maravilhosos. Estava mergulhando nas sensações que o beijo de Heero proporcionava, quando a luz da varanda da frente da casa acendeu, e uma voz familiar ecoou pelo local.
-Duo? É você meu filho? –Duo afastou-se dos braços de Heero com uma velocidade impressionante, quando ouviu a voz de seu tio o chamar. Seus olhos violetas estavam tão largos que pareciam que iriam sair das órbitas. Ele não poderia acreditar no que tinha feito. Tinha beijado um homem. Pior, tinha beijado um vampiro.
-Duo… eu… -Heero tentou dizer algo ao americano assustado, que parecia estar em um estranho estado de choque.
-Eu tenho que ir. –Respondeu o garoto de trança rapidamente, abrindo o portão do jardim de supetão e correndo para a casa, batendo a porta assim que entrou e deslizando pela madeira até encontrar o chão.
Heero ainda ficou alguns minutos parado no portão, e levou lentamente os dedos aos lábios. Ele o havia beijado, por poucos segundos, mas o havia beijado. Deus! O que aquele garoto americano tinha para fazê-lo perder um controle que levou dois séculos para adquirir? Sacudiu a cabeça, tentando tirar um pouco da mente a presença de Duo impregnada em seu corpo, e deu meia volta. Em algumas horas iria amanhecer, e ele sentia que precisaria de um longo descanso para recuperar todas as suas forças.
-O que vocês querem dizer com: o mestre foi destruído? –Zechs estava irritado, não, melhor, ele estava colérico. Quem aqueles fedelhos pensavam que eram para saírem assim em missão sem lhe comunicar? Ele era o sentinela, e Duo precisava enfiar isso na cabeça dura dele. Treize não estava mais na jogada e o americano teria que se acostumar com isso.
-Olha, era o que você queria que nós fizéssemos, e nós fizemos. Caso encerrado. –Disse Duo displicente e viu o loiro caminhar até ele, de maneira rígida, e parar a sua frente, cruzando os braços por detrás do corpo.
-Não… -Falou calmamente, com os seus olhos azuis escurecendo um pouco. -… não é caso encerrado, sr. Maxwell. Você tem um sério problema disciplinar, que eu pretendo resolver.
-E o que você vai fazer? Me prender na parede e me dar chicotadas? –Escarneceu o garoto, o olhando de modo desafiador.
-Se for preciso. –Retrucou Zechs de maneira confiante.
-Ninguém vai prender ninguém na parede, sr. Marquise. –Treize interferiu e Zechs virou-se para ele com um olhar assassino.
-Sr. Khushrenada, o fato do Maxwell não me obedecer é porque o senhor deu muita liberdade a esse garoto. Não seguiu o manual com ele.
-O senhor vai entender que com o Duo o manual não se aplica.
-Pois deveria, assim ele não seria tão rebelde, desobedecendo às ordens do Conselho.
-Conselho, Conselho, Conselho! Eu já estou de saco cheio desse Conselho, formado por velhos gagás que ficam sentados em uma sala redonda fumando charutos e tomando scott enquanto nós caçadores estamos aqui fora arriscando as nossas vidas, uma vida que a gente não escolheu. –Duo gritou, descendo da bancada onde estava na biblioteca, e caminhando com fúria até Zechs. –E eu to pouco me importando para o que você pensa, sentinela de quinta categoria, almofadinhas que não sabe de nada! –Protestou irritado e aquilo foi à gota d'água até para um inglês tão compenetrado como Zechs. Antes mesmo que Duo pudesse perceber, ele estava sendo erguido do chão pelo colarinho de sua camisa negra, sendo colocado na altura dos olhos, agora escuros, do homem loiro. Trowa, Treize e Quatre estavam a ponto de ir a socorro do jovem, quando uma voz melodiosa invadiu o local.
-Ponha ele no chão, Zechs. –No mesmo instante o loiro abriu os seus dedos, largando Duo, que o olhava surpreso, no chão.
-Noin… -Zechs virou-se para a mulher na entrada da biblioteca, que o olhava fixamente enquanto Hilde ia até Duo e o ajudava a se levantar. –O que faz aqui? –Disse o homem entre dentes, passando a mão pelos fios loiros do cabelo, tentando se acalmar.
-Fiquei surpresa quando encontrei o sr. Khushrenada ontem a noite e ele me disse que você era o novo sentinela do sr. Maxwell.
-Vocês dois se conhecem? –Trowa perguntou, enquanto Duo se escondia por detrás dos amigos, olhando ainda surpreso para Zechs. O homem tinha conseguido atacá-lo de uma maneira que desbancaria qualquer vampiro. E ele que pensara que o loiro só sabia ler livros.
-Zechs… Zechs não foi destinado a ser sentinela. –Respondeu a mulher displicente, entrando na biblioteca e caminhando até o homem, parando a sua frente. –Mas como ele não tinha para onde ir, meu pai o treinou, assim como me treinou, e no fim ele acabou seguindo a vida que tanto desprezou. Posso saber o porquê, sr. Marquise? Você nunca me explicou direito. –Perguntou com um olhar firme e o homem virou-se, afastando-se dela e recolhendo alguns livros seus que estavam espalhados sobre a mesa, os enfiando em sua bolsa.
-Que pergunta idiota, como se você não soubesse. –Respondeu entre dentes, fechando a sua bolsa violentamente. –Pois bem, o sr. Maxwell cuidou da Ordem Super Nova. Reportarei isso ao Conselho. Agora se me derem licença.
-Não tão rápido, Zechs. Por que não explica a eles o que eu acabei de dizer? Eles parecem um pouco confusos. –Lucrézia apontou para os quatro homens dentro do local e para Hilde.
-Não tenho que dar satisfações a ninguém. –Retrucou, caminhando até a porta, mas parando quando novamente ouviu a voz de Noin.
-Sabe por que você não gosta do Duo? Porque a sua mãe era exatamente assim, não era?
-Hunf! É, e isso a matou. –Respondeu, indo embora do local.
-Boiei! –Hilde disse entre o grupo de garotos.
-Eu também. –Duo acompanhou a amiga enquanto Trowa e Quatre acenavam positivamente com a cabeça. Treize apenas piscou um pouco e soltou um suspiro.
-Eu sabia que o nome dele era familiar. –Disse o homem enquanto Noin concordava com a cabeça. Treize já havia desvendado o mistério.
-Poderia me explicar então? –Hilde perguntou ao ex-sentinela.
-Filho de Eve Marquise, estou certo? –Falou o homem.
-Certíssimo. –Respondeu Noin. –Eve Marquise foi uma caçadora, assim como vocês dois. –E apontou para Duo e Hilde. –A conheci quando era pequena, pois meu pai foi o sentinela dela. Como você Duo, Eve era um pouco rebelde e não era muito de seguir ordens. Ela tinha com o meu pai uma relação parecida com a que Treize tem com o Duo. Uma coisa pai e filha. Ele a apoiava em quase tudo, e principalmente quando ela ficou grávida.
-Está querendo nos dizer que uma caça-vampiros teve um filho? –Quatre perguntou chocado. –E que o filho dela é o senhor Zechs?
-Isso mesmo. Mas Eve, apesar da maternidade, ainda era muito apegada à missão. Às vezes até levava Zechs, pequeno ainda, para algumas patrulhas. Até que em uma dessas patrulhas, Eve não saiu viva. E Zechs estava lá para ver tudo.
-Que horror! –Hilde tapou a boca com as mãos. –Está querendo dizer que ele testemunhou a morte da mãe, ainda pequeno?
-Sim. E por não ter família, Zechs ficou aos cuidados de meu pai, que o treinou como sentinela… e como caça-vampiros. Claro, ele não herdou os poderes de um caça-vampiros, mas é habilidoso como um. Porém, ele não gosta muito dessa vida.
-Se não gosta, o que ele está fazendo aqui sendo o meu sentinela? –O americano cruzou os braços sobre o peito, franzindo o cenho. –Por que foi treinado como um?
-Vingança. –Noin deu de ombros. –Zechs jurou que mataria o vampiro que matou a sua mãe.
-E ele conseguiu? –Perguntou Quatre curioso.
-É, eu consegui. –Todos se viraram para a porta, para ver que o assunto da conversa havia voltado. –Eu esqueci um livro. –Disse indiferente, caminhando até a mesa para pegar o livro esquecido.
-Se não gosta de ser sentinela, por que aceitou vir para Sunnydale? –Perguntou Duo, enquanto via o homem guardar o livro.
-Não sou otário garoto, sei o porquê da Boca do Inferno estar agitada. Pedi ao Conselho que me designasse a ser o seu novo sentinela, pois queria estar aqui quando o inferno viesse a terra. Afinal, estou devendo uma a um amigo, e prometi que o ajudaria, e soube que ele estava na cidade.
-Amigo? Que amigo? –Treize aproximou-se dele, olhando fixamente no rosto do homem mais novo, rapidamente encontrando a sua resposta. –Yuy.
-Conhece o Heero? –Duo perguntou curioso, sentindo as suas bochechas avermelharem quando todos se viraram para olhar para ele. Onde estava o Yuy? Agora ele chamava o vampiro de Heero? –Oras, o que foi? O que eu disse? –Falou irritado e Quatre soltou uma risadinha, enquanto Hilde o olhava de maneira estranha e curiosa, cutucando Quatre e sussurrando no seu ouvido para saber o que acontecia. O loiro sussurrou de volta e dessa vez foi à vez da morena rir. Duo apenas rolou os olhos em frustração.
-É, conheço. Como você acha que ele chegou tão longe para a procura da profecia? Não foi apenas com as visões de Chang.
-Você foi o informante dele dentro do Conselho. –Atestou Treize. –Então… você pode ser de grande ajuda também.
-Acho que a nossa vinda à cidade então está relacionada a esse Heero, não é? –Noin perguntou e os dois homens ingleses assentiram com a cabeça, e logo depois Treize começou a explicar a história que Yuy lhe contou.
-Então… -Hilde enfiou as mãos nos bolsos de sua calça jeans, fazendo uma expressão de menina inocente, enquanto ela e Duo andavam por entre as lápides de pedra.
-Então o quê? –Duo murmurou distraído, agradecendo ao fato de que era sexta feira, e nervoso porque logo o final de semana estaria chegando. A missa de domingo iria valer mais do que umas Aves Maria e uns Pais Nossos. Talvez uma confissão seria boa. Hunf! Que ridículo, ele nem era católico de verdade, por que iria se confessar? Mataria seu tio do coração se contasse a ele o que aconteceu na noite anterior. Sem contar que, apesar de se sentir um pouco culpado, não se arrependia do que tinha acontecido. E o pior, queria mais. Sentir Heero tão perto de si, o tocando com aquelas mãos frias, enviava chamas ardentes por todo o seu corpo.
-Duo! –Hilde gritou no ouvido dele, o fazendo dar um pulo no lugar.
-O que foi? –Retrucou irritado. Imagens muito sexys de Heero estavam surgindo em sua cabeça e o grito da garota quebrou a sua linha de pensamentos.
-Como o que foi? Você ficou aéreo. Está pensando nele? –Perguntou maliciosa, cutucando o rapaz nas costelas.
-Nele quem? –Fez-se de desentendido, virando o rosto para ela não ver a vermelhidão que estava nele.
-Heero Yuy. Quatre me contou tudo e mais um pouco sobre ele. E pelo o que eu vi dele ontem à noite… yummy. Ele é gostoso, dá vontade de lamber. –Provocou e Duo virou a cabeça rapidamente na direção dela, fazendo a longa trança chicotear em suas costas. O garoto ainda estava vermelho, mas Hilde tinha a sensação de que era raiva aquele rubor todo.
-Mas ele não é para o seu bico, está me ouvindo? –Disse possessivo e a jovem abriu um grande sorriso traquinas.
-Ciúmes, ciúmes. –Retrucou calmamente, sentando-se em uma lápide. –Admita, você está a fim dele.
-Eu não estou a fim de ninguém. –Falou, fazendo uma certa birra e Hilde riu.
-Negação, negação. Mas diga, vocês já trocaram algum beijinho? –Duo corou até a raiz do cabelo e a garota arregalou os olhos, com um grande sorriso no rosto. –Ah! Conta como é que foi?
-Não!
-Por favor. –Implorou, com os olhos brilhantes.
-Não! Até porque, você vai estar ocupada agora.
-Com o quê? –Mal terminou de perguntar e sentiu algo segurar seu tornozelo. –Pombas! Logo quando ele ia me contar as aventuras amorosas dele com o vampiro bonitão? –Resmungou a jovem, dando um pulo e soltando a mão de seu tornozelo, enquanto via a terra se revirar e o vampiro começar a sair de sua cova.
-Você cuida desse daí. Eu cuido daquele lá. –E apontou para uma outra cova um pouco mais distante, que estava começando a se remexer.
Calmamente, Duo caminhou até a cova, parando em frente a ela com os braços cruzados e as pernas um pouco abertas, enquanto em uma das mãos ele balançava uma estaca. Esperou mais um pouco, enquanto o vampiro terminava de sair de dentro do túmulo. Olhou de relance para onde estava Hilde e viu que ela já estava batalhando, melhor dizendo, brincando, com o vampiro. Assim que o "seu" vampiro ficou de pé, ele deu um pequeno sorriso ao demônio.
-Olá! –Disse com uma voz suave, enquanto a criatura piscava um pouco confusa para ele.
-Olá. –Ele respondeu.
-Tchau! –Duo retrucou, avançando para cima do sujeito e cravando a estaca em seu peito, o matando. Pegá-los quando eles ainda estavam frescos era muito fácil. Eles ficavam sempre confusos por terem ressuscitado e por isso demoravam a reagir.
Virou-se em direção a Hilde e viu que essa não teve a mesma sorte que ele. Brincar na hora da batalha ocasionava isso de vez enquanto. O vampiro conseguiu dar uma rasteira na caçadora, que grunhiu quando se viu derrubada e a criatura começou a fugir. Rapidamente ela se pôs de pé e começou a perseguir o demônio, com Duo a seguindo de perto.
O vampiro olhou por cima do ombro, no meio de sua fuga, para ver que aquela garota forte ainda o estava perseguindo, ainda por cima acompanhada de outra pessoa. Estava tão entretido observando seus perseguidores, que não viu o braço que foi posto na sua frente, chocando-se contra o seu pescoço e o fazendo cair no chão, para logo depois uma estaca ser cravada em seu coração.
Duo e Hilde pararam de correr, observando a figura na frente deles. Hilde piscou confusa para a pessoa, mas Duo abriu um grande sorriso ao vê-la.
-Duo Maxwell. –Disse a pessoa longamente. –Você não mudou nada.
-O mesmo eu digo de você… -Ele sorriu mais ainda. –… Sally.
*Pronto, antes que alguém me esgane pela demora, finalmente Duo e Heero caíram de boca um no outro ^^. Espero que estejam felizes. Beijinhos.

Duo, o caça vampiros! Where stories live. Discover now