Capítulo 15

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Relena deu outro grito agudo ao ver as três criaturas que estavam na sua frente. Elas não tinham olhos, as pálpebras pareciam costuradas a pele e o rosto estava cheio de cicatrizes em formatos de símbolos. Usavam longas mantas e mantinham os braços estendidos enquanto vinham em sua direção com uma faca em punho.

-Alguém me ajuda! – gritou mais uma vez, recuando um outro passo e tendo o seu salto preso em uma pequena saliência da calçada. Arregalou os olhos quando percebeu que estava prestes a cair e soltou um outro grito, não apenas de dor, mas de pavor. Todos diziam que sempre era uma péssima idéia cortar caminho pelo cemitério, mas ela pensava que eram apenas lendas bobas criadas pelos garotos bobos da escola para assustar as meninas. E além do mais, quando se está atrasada para uma festa, você não pensa muito em que caminho você está tomando para poder chegar lá.
A criatura aproximou-se mais um passo, erguendo o punho com a faca. Por que isso estava acontecendo logo com ela? O que ela tinha feito? Perguntava-se enquanto via o sujeito começar a desferir seu golpe contra ela, mas não conseguiu o seu intento, pois do nada seu braço soltou-se de seu corpo. Relena deu outro grito quando viu o braço caído no chão, com a mão ainda segurando a faca, envolto em uma poça de sangue.
-Levanta! – alguém sibilou atrás dela, segurando na gola de seu vestido e a pondo de pé.
-O quê? – balbuciou em meio ao seu estupor, virando-se para ver quem a tinha pegado. –Maxwell? – disse incrédula quando viu aqueles dois orbes violetas. E arregalou mais ainda os olhos quando viu a arma pingando sangue na mão dele. Então foi assim que o braço do sujeito sem olho tinha caído.
-Duo! Uma ajuda aqui seria bem vinda! – outra pessoa chamou e Relena virou-se para ver o homem moreno que lutava contra as criaturas, e perdia. Ouviu Duo soltar um grunhido ao seu lado e correr para ajudá-lo. Deu um pequeno resmungo, o que o idiota do Maxwell poderia fazer? Contar piadas sem graças até os sujeitos caírem mortos no chão de tanto tédio? Surpreendeu-se mais ainda quando viu que não foram com piadas que ele lutou contra seus atacantes. Na verdade, nem um sorriso estava brotando daquele rosto.
Duo deu um chute giratório no rosto da criatura, a afastando de si. Foi quando ela parou, cambaleando, debaixo de um poste de luz que ele pode ver melhor contra o que estava lutando.
-Como é que eles sabem onde eu estou se não me vêem? – murmurou, preparando-se para se defender de outro ataque. Bloqueou um soco, mas não conseguiu impedir que o sujeito segurasse em sua camisa e o arremessasse para longe, o fazendo deslizar pela calçada uns bons metros. Abriu os olhos apenas para ver o atacante de apenas um braço descer a faca em direção ao seu peito. Com uma rolada de corpo desviou-se do golpe e com uma rasteira derrubou a criatura, rodando a foice em sua mão e a cravando nas costas dela.
Vendo que um dos seus tinha sido derrotado, os outros dois começaram a se debandar, levando o corpo do companheiro morto consigo, correndo a alta velocidade cemitério adentro.
-O que eram aquilo? – Heero aproximou-se de Duo, estendendo uma mão a ele e o pondo de pé.
-Não pergunte para mim… pergunte para ela. – retrucou o caçador, batendo a poeira da roupa e virando-se para uma Relena estática no meio da rua.
-Para mim o quê? – ela pareceu sair do transe quando viu que os dois estavam se dirigindo a ela.
-Quem eram eles e o que eles queriam com você? – perguntou o japonês de maneira fria e cortante, o que enviou calafrios pela espinha da garota.
-Como eu vou saber? Eu estava indo para a festa na casa da Tifanny e essas coisas surgiram do nada e me atacaram.
-Ninguém nunca lhe disse, princesa, para não andar perto do cemitério? – retrucou Duo com sarcasmo.
-E o que você estava fazendo aqui então? – rebateu Relena, irritada.
-É que eu ouvi os gritos histéricos de um certo alguém.
-Pois eu não pedi a sua ajuda.
-Engraçado, eu tenho certeza que eu ouvi você gritar: "alguém me ajude".
-Alguém, e não você. Você não é ninguém. – disse de forma petulante e aquilo foi demais até para Duo.
-É isso! – falou, empunhando a sua deathscythe. –Vou terminar o trabalho que aquelas coisas começaram.
-Duo! – Heero segurou o caçador pelas costas da jaqueta de couro dele, o puxando para perto de si. –Olhe isso. – e apontou para a mão caída na calçada.
-É um braço, e daí? Agora dá para me soltar Hee-chan para eu poder matar essa menina?
-Baka, deixa isso para depois. Olhe o símbolo na manga da roupa. Você o reconhece? Pois eu tenho certeza que já vi esse símbolo em algum lugar.
-Bem, o jeito é levar para o trio fantástico analisar. – retrucou o garoto, rasgando o símbolo e o guardando no bolso. –Acho que por hoje chega de ronda. Isso significa… - murmurou, dando um sorriso malicioso para Heero.
-Hei! – Relena chamou quando percebeu que os dois tinham se esquecido dela. –Será que você poderia me acompanhar até em casa? Eu posso ser atacada de novo. – abriu um sorriso e caminhou até Heero, entrelaçando seu braço no dele, jogando o cabelo sobre o ombro e piscando seus olhos azuis.
-É, atacada por mim! – rebateu Duo, desgrudando a garota de seu namorado.
-Qual é o seu nome? – perguntou, ignorando Duo e voltando para perto de Heero.
-Hn. – foi à única resposta que obteve do japonês.
-Você é novo na cidade? – tentou de novo.
-Hn.
-Não é de falar muito, não é? Mas está tudo bem, eu gosto de homens calados e sérios. E mais velhos também. – abriu outro sorriso branco e isso foi à gota d'água para o garoto de trança.
-Peacecraft. – chamou com um tom de voz estranhamente calmo. –Nós a acompanharemos até em casa. Mas se você deseja chegar viva lá… eu aconselho que o solte.
-Está me ameaçando Maxwell? – disse petulante.
-Estou te avisando. – Duo a separou novamente de Heero, se colocando entre ela e o japonês, começando a caminhar rua abaixo em direção a casa dela. E poderia jurar que vira, pelo canto do olho, o vampiro dar um sorrisinho. Ah, então ele tinha gostado da cena? Mais tarde Heero se entenderia com ele, ah se entenderia.
-Eu odeio a Peacecraft. – Duo resmungou pela enésima vez e Hilde bufou, enquanto estava sentada ao lado dele dentro da biblioteca, esperando Noin terminar de avaliar o tecido que o caçador trouxera da ronda da noite passada.
-Bem, se ela não gritasse, você e Heero ainda estariam se agarrando… - a morena parou, olhando para o seu relógio. -… em algum lugar escuro e sem sol de preferência, e você teria se esquecido da ronda. Das suas responsabilidades.
-Responsabilidades? Parem tudo senhoras e senhores. – o americano inclinou-se em sua cadeira, fazendo gestos largos com os braços e abrindo um sorriso sarcástico. –Hilde Schbeiker sabe o significado da palavra responsabilidade.
-Engraçadinho. – resmungou a garota, dando um soco no braço dele e o fazendo cair com a cadeira no chão. –Bem, pelo visto aqueles três não vão sair de lá de dentro tão cedo. – a jovem inclinou a cabeça de modo que pôde ver os três sentinelas dentro da pequena sala de Treize. –Então acho que vou dar uma volta por aí… sabe, verificar o que há dentro do mercado do Colégio Sunnydale em relação a garotos. – levantou-se e começou a caminhar em direção a porta, quando Duo retrucou:
-Vou avisando que só há produtos baratos dentro desse mercado. – brincou e a jovem virou-se para ele com um sorriso malicioso no rosto.
-Por quê? Você já experimentou? O que o sr. Yuy diria sobre isso heim D?
-Ah cala boca. – Duo retrucou, corando intensamente e Hilde foi embora da biblioteca, rindo durante o caminho.
O silêncio voltou a imperar no local depois da saída da jovem, mas não durou por muito tempo, pois logo uma nova pessoa estava entrando no lugar. Duo ergueu seus olhos de sua revista, achando que poderia ser um de seus amigos afinal, apenas o trio estranho, como eram considerados pelos colegas, freqüentavam intensamente aquele lugar. Surpreendeu-se quando viu Relena caminhar em sua direção com toda a arrogância que possuía e sentar-se ao seu lado, como se fossem íntimos. Ignorando a presença dela, o jovem caçador voltou a sua revista, e continuaria nela por um bom tempo se não estivesse sentindo dois pares de olhos azuis lhe queimando a testa.
-Algum problema princesa? - falou, já cansado de ter aquela garota lhe olhando tanto, será que tinha alguma coisa em seu rosto? Por precaução passou a mão pelas bochechas mas não sentiu nada diferente nelas além de sua pele.
-Por que não estou surpresa em saber que você esqueceu? - disse irritada e Duo de ombros, não entendendo aonde ela queria chegar.
-Esqueci do quê? Se foi algo relacionado a você pode ficar sabendo que foi totalmente… intencional.
-Você é um idiota Maxwell, se você quer saber a minha opinião.
-Felizmente a sua opinião não me interessa, não é mesmo? Agora cai fora garota, vai empoar o nariz ou algo parecido.
-Maxwell! Nós temos um trabalho para fazer. - gritou e Duo lançou-lhe um olhar irritado, apontando para uma placa que tinha no alto da porta de entrada, escrita: fale baixo dentro da biblioteca.
-Precisava me lembrar do acontecimento mas infeliz e desastroso que ocorreu na minha vida? - retrucou com uma expressão de desalento.
-Bom saber que o seu cérebro vazio conseguiu funcionar. – resmungou a jovem, recolhendo seu material e o depositando em cima da mesa.
-Você é muito estranha garota. Ontem você estava gritando por socorro e quase beijando os meus pés por ter salvado a sua vidinha fútil… - Relena grunhiu, coisa que ela nunca faria mas a presença de Duo sempre a fazia esquecer da sua boa educação. -… hoje você fala comigo com quatro pedras nas mãos. Sinceramente, se eu também não precisasse dessa nota… - apertou a revista em suas mãos com firmeza, tentando descontar no bloco de papel a raiva que sentia toda vez que estava perto daquela garota. Mas o pior não era a raiva, mas sim a inveja. Certo, não era uma inveja muito grande, até porque Relena era cheia de defeitos, mas ele a sentia ainda mais sobre alguns aspectos em relação à garota. Por mais incrível que possa parecer, Duo um dia fora assim. Não frívolo que nem ela, mas sim despreocupado, sem saber dos terrores que abalavam o mundo depois que o sol se punha, e isso realmente lhe dava uma pontinha de inveja.
-Para começo de conversa, você não salvou a minha vida… e sim foi aquele pedaço de mau caminho… - a loira ganhou ares sonhadores que quase fizeram Duo vomitar. -… aliás, qual é o nome dele? O pobrezinho é tão tímido que nem me disse.
-E você fumou um muito forte se está achando que eu vou dizer. – zombou o garoto.
-De qualquer maneira eu vou descobrir, eu sempre descubro mesmo e tenho o que eu quero.
-Sinto estourar a sua bola de felicidade, princesa, mas acho que você não é o tipo dele.
-Não sou o tipo dele? Eu sou o tipo de 90% dos garotos dessa mísera cidade. Como eu não posso ser o tipo dele? O que eu tenho que ele não possa gostar? – "Peitos?!" pensou Duo, dando um pequeno sorriso escarninho.
-Escute aqui, você veio aqui para trabalhar ou para ficar falando sobre o He… sobre o meu amigo?
-Certo, certo, estou vendo que não conseguirei nada de você.
-Isso mesmo, viu certo princesa. – disse zombeteiro, catando um dos livros que estava em cima da mesa e começando a trabalhar. Quanto mais cedo começasse, mais cedo terminaria e se livraria logo daquela garota.
Duas horas depois de um tenso silêncio e metade do trabalho pronto, Duo esticou-se em sua cadeira, estalando a coluna ao espreguiçar-se, e fechou o livro a sua frente, encerrando suas tarefas pelo dia. Olhou para a porta da saleta do bibliotecário, se perguntando sobre o que aquele pedaço de tecido da noite passada tinha de tão especial, já que as poucas vezes que os sentinelas saíram daquela sala foi para pegar um livro aqui e acolá, ignorando totalmente a presença dos dois jovens no local. Voltou seus olhos para Relena, que lixava as unhas, indiferente ao grosso livro aberto na sua frente, e suspirou ante a isso. Parecia que o trabalho duro ficaria todo com ele. O que ele poderia esperar tendo como parceira a princesinha Peacecraft?
-Acho que chega por hoje. – falou e isso chamou a atenção da garota, que ergueu os olhos para mirar o rapaz a sua frente.
-Já terminou?
-Não, ainda estou na metade.
-Ainda? – disse presunçosa.
-Bem, se uma certa criatura tivesse me ajudado, acho que eu já teria terminado a muito mais tempo.
-Bem, tanto faz. Já que você não vai fazer mais nada hoje, pode me acompanhar até em casa. – retrucou displicente, recolhendo suas coisa e as guardando com cuidado dentro de sua bolsa rosa.
-Como é? – Duo ergueu ambas as sobrancelhas. Não deveria ter escutado direito. Relena queria que ele a acompanhasse até em casa? Que palhaçada era essa?
-Oras, eu posso muito bem ser atacada novamente. – falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
-E eu sinto pena de quem resolver te atacar. – escarneceu o rapaz.
-Você vem ou não Maxwell?
-Não foi você mesma que disse que eu não salvei a sua vida noite passada? Então para que você quer que eu te acompanhe? – Relena mordeu o lábio inferior. Certo, ela tinha sido um pouco arrogante, pois tinha que admitir que Duo fizera muito por ela noite passada, mas morreria antes que qualquer palavra saísse de sua boca.
-Vamos logo Maxwell – segurou no braço dele, tentando fazê-lo se levantar da cadeira, mas Duo não se moveu um centímetro. Ele, apesar de esguio, era mais forte do que aparentava. Então aquelas histórias de que ele já tinha uma vez derrubado o capitão do time de basquete não era mesmo mentira.
-Não. Até porque eu tenho coisas importantes a fazer.
-Ah é? Como o quê? – Relena perguntou aborrecida, soltando o braço do rapaz e cruzando os braços sob o peito.
-Duo. – a voz de Treize entrou na biblioteca, encerrando mais uma discussão Peacecraft x Maxwell. –Vamos reunir o pessoal, parece que descobrimos mais alguma coisa sobre a profecia que Yuy trouxe.
-Profecia? – a garota perguntou curiosa ao ver os três adultos entrarem na biblioteca e o pedaço de pano na mão de um homem loiro e alto. –É sobre as criaturas sem olhos que me atacaram ontem à noite? – a jovem tremeu um pouco ao lembrar-se da cena.
-E quem é você? – Zechs virou-se para ela, erguendo uma sobrancelha loira.
-Relena Peacecraft. – a garota apresentou-se com um grande sorriso no rosto, mas o homem pareceu continuar na ignorância.
-A patricinha da escola, Zechs. – Duo esclareceu, dando de ombros, e o homem pareceu entender um pouco. –A que salvei ontem à noite.
-Ah, sei. E o que você está fazendo aqui? – continuou o loiro.
-Marquise meu amigo. – Duo caminhou até ele, passando um braço sobre o seu ombro e dando um sorriso matreiro. –Caso ninguém tenha lhe informado, essa daqui é a biblioteca. Alunos vêm aqui para estudar… se bem que a princesinha ali… - apontou com o dedão Relena, que já cruzou os braços esperando pela próxima piadinha do rapaz. -… me surpreendeu ao mostrar que ao menos sabe o caminho daqui. Chocante, eu diria.
-Bem, o que seja que a senhorita tenha vindo fazer aqui, eu creio que já terminou, não é? – Noin perguntou calmamente, depositando uma mão no ombro da garota. –O expediente da biblioteca já se encerrou.
-Como? – perguntou confusa e desconfiada, piscando os olhos intensamente. Sabia que estava tarde e que deveria ir embora, mas a curiosidade de saber o que estava acontecendo, além de temer ir para casa e ser atacada novamente, estava predominando.
-Você nos chamou, Treize? – as portas da biblioteca se abriram e quatro jovens entraram por ela. Dois Relena conhecia, eram os amigos inseparáveis de Duo: Trowa e Quatre. As outras duas jovens, uma ela conhecia de vista e se não se enganava ela se chamava Hilde. A outra, de tranças, lhe eram uma completa estranha. Os quatro adolescentes passaram por ela, a olhando como se estivessem se perguntando o que ela estava fazendo ali. Uma porta sendo fechada soou ao fundo da biblioteca e mais duas figuras apareceram.
-Mandou nos chamar? – a voz fria e grossa de Heero ecoou no local e a loira abriu um grande sorriso. Haviam se encontrado novamente, seu "salvador" e ela. Estava prestes a dar um passo a frente para poder cumprimentá-lo, quando viu o moreno ir em direção a Duo e envolvê-lo pela cintura, cochichando algo no ouvido dele que fez o jovem americano corar. Logo depois, ele deu um leve beijo nos lábios do garoto, que ficou mais vermelho ainda. Agora sim ela entendia o que Maxwell quis dizer quando falou que ela não era o tipo do belo moreno. Sem contar que ela sempre desconfiou que com aquela trança enorme e aquela fisionomia um pouco andrógina, Duo jogava no mesmo time que os amigos.
-Bem… parece que a trupe está reunida. E eu não tenho mais o que fazer aqui. – disse a garota, se sentindo estranhamente fora do lugar. Aquele grupo parecia de uma certa maneira tão unidos, como uma família. Uma estranha família que revolvia em torno de Duo como se ele fosse o alicerce e o elo de união de todos. Isso a deixava com um pouco de inveja. Um dos motivos de nunca ter se dado bem com o americano era o fato de como ele conseguia atrair a tudo e a todos com apenas um sorriso e todo o mistério que o envolvia, sem contar a beleza extrema para um simples, ou talvez não tão simples assim, menino.
-Na verdade, srta. Peacecraft, prefiro que você fique. – falou Treize com uma voz calma e monocórdia, e os queixos de Duo, Quatre e Trowa caíram. Ela ficar? Se ela ficasse para essa reunião iria saber sobre o que eles estavam escondendo de toda a população de Sunnydale há dois anos. Ela iria ficar sabendo do motivo de Duo ser tão misterioso e considerado por todos um esquisito. Ficaria sabendo sobre o garoto ser um caça-vampiros e, pela regra, quanto menos pessoas soubessem, melhor.
-Para quê? Para dar comentários sobre moda enquanto estamos tentando salvar o mundo? – Duo murmurou sob a respiração e recebeu um olhar indagador de Heero, que estava ao seu lado e que tinha o ouvido com a sua audição apurada. A única resposta que o garoto deu ao namorado foi um sacudir de ombros.
-Quer que eu fique? – perguntou a garota, abismada. –Por quê?
-Verdade. – Wufei intrometeu-se. –Por que ela tem que ficar? Pensei que essa reunião fosse sobre… o senhor sabe sobre o quê.
-Sim eu sei. – Treize continuou, ainda com o tom calmo. –Os outros sentinelas e eu averiguamos o símbolo e o tecido que Duo trouxe para nós. Parece que temos uma seita nova na cidade, diferente das outras. Elas não foram atraídas para cá por causa da energia que a Boca do Inferno está liberando, mas sim pelo que vai sair dela. São chamados de Os Preparadores.
-Tenho até medo de perguntar. – Hilde enfiou as mãos nos bolsos da calça, balançando o corpo para frente e para trás. –Mas preparadores de quê?
-Do fim do mundo. – Noin respondeu em um tom fúnebre. –Eles têm a missão de preparar o plano terreno para a vinda do Apocalipse.
-Apocalipse? Vocês estão doidos? O que vocês são, alguns fanáticos pelo fim do mundo? – Relena soltou uma risada debochada. Deveria ter ido embora de vez do que ter ficado e ouvido toda aquela maluquice.
-Caso você tenha se esquecido, princesa, - o jovem de trança cuspiu o apelido como se fosse uma espécie de veneno. –você quase foi morta ontem à noite por criaturas que não tinham olhos e eram cheias de cicatrizes na cara. E eu não acredito que você seja o cúmulo da burrice para não perceber que essa cidade não é normal.
-Eu sei que Sunnydale não é o paraíso na terra… - Relena retrucou, não gostando daquele olhar de Duo. Ele estava tão sério que isso dava medo. Rara eram as vezes que alguém vira Duo Maxwell sério. -… e eu sei que fenômenos estranhos acontecem aqui, mas o fim do mundo, pelo amor de Deus, não é um pouco demais?
-Eu desisto. Por que ela tem que estar aqui mesmo, Treize? Me ilumine sobre isso! – Duo protestou.
-Porque nós ligamos os pontos e graças a esse ataque a Relena descobrimos uma coisa muito interessante sobre a família dela.
-O quê? Que eles são um bando de riquinhos esnobes? Disso a gente já sabia. – retrucou o caçador.
-Não… que eles são os portadores da outra metade da profecia.

Nessa fic Relena e Zechs não são irmãos.

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⏰ Last updated: Sep 02, 2021 ⏰

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