Capítulo 3

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-Caçador? - Heero franziu o cenho diante da informação que o amigo lhe deu. –Hum garoto?
-

Parece que sim. Quando eu li essas informações, cacei algumas coisas no submundo para saber o motivo dessa mudança brusca na taxa de mortalidade, e me disseram que há um novo caça-vampiros na cidade.
-Um garoto? - Ele ainda estava estupefato e Wufei lhe dava toda a razão. Um caçador de vampiros era coisa rara.
-Eu sei, Yuy. Um garoto, como eu já disse.
-Caçadores masculinos são raros. Um a cada cem anos.
-Foi o que eu soube.
-Geralmente eles surgem quando as opções do mal estão em seu pico. Eles sempre surgem quando está prestes a acontecer algo grande, algo bem grande.
-Com esse demônio Apocalíptico a caminho não é de se estranhar que esse garoto exista. Mas o que há de especial nos caça-vampiros homem? - O chinês consulta ao amigo que agora andava de um lado ao outro da sala, pensativo.
-Nada de muito especial. Ele é apenas mais forte, mais ágil, os poderes dele são maiores do que de uma caçadora comum.
-Ah! E então? - Wufei perguntou enquanto Heero ainda andava de um lado para o outro, pensativo. –Acha que isso pode apresentar um problema? Os caçadores hoje em dia estão os mais espertos do que no passado. Eles matam primeiro e perguntam depois. Por acaso está temendo esse garoto desconhecido?
-Não é questão de temer. Já lutei com um caçador antes e posso dizer que foi uma experiência bem dolorosa. Quase não sai vivo dela.
-Teme que eles resolvam não ajudam? Pois bem, é obrigação deles. O Conselho está te devendo… e muito. Você os diversas em diversas ocasiões diferentes. Está na hora de eles pagarem pelo seu apoio.
-Eu sei, eu sei. Mas descubra mais sobre esse caçador e quem é o seu sentinela. Prefiro estar disponível antes de dar qualquer tiro no escuro.
-Sim senhor.- Respondeu o chinês, saindo novamente, do mausoléu.
-Olá belezinha! - Quatre parou ao ouvir a voz arrastada perto de seu ouvido e a sentir uma mão cruzar os ombros. Rapidamente ele virou-se para livrar-se do braço e encarar seu interceptor.
-Trevor.- Cumprimentou com uma voz suave o jovem capitão do tempo de basquete, embora não lhe agradasse em nada a sua companhia. Trevor gostava de pisar nos outros e humilhar as pessoas, apenas porque era forte, atlético e popular. E Quatre sempre pareceu ser uma vítima vítima preferida, apenas por parecer ser indefeso.
-Ah, estou lisonjeado Winner, você lembra do meu nome.- Disse com um sorriso predador e o loiro recuou um passo.
-Infelizmente.- Murmurou soluçar a respiração, olhando a sua volta para ver se ninguém vinha lhe ajudar. Mas parecia que todos estavam muito absorvidos em seus mundos fúteis para se importar com o que acontecia aos colegas de escola.
-Procurando o seu namoradinho para ver se ele vem te socorrer? Acho meio difícil. Que tal, enquanto ele não aparece, nós dois nos divertirmos? - Esticou uma mão para tocar no rosto dele, mas foi impedido a meio caminho quando alguém segurou o seu braço.
-Melhor parar com as gracinhas Trevor.- Duo sibilou perto do garoto, tentando mover o braço dele para longe de Quatre e, estranhamente, encontrando alguma resistência.
-Não perturba Maxwell.- Trevor o empurrou com força, o fazendo cair sentado no chão. Vendo isso, Quatre partiu para cima do jogador, dando um forte soco no rosto dele, e logo sentindo uma dor forte cruzar seu braço.
-Está doido Winner? - Murmurou o jogador, colocando a mão sobre a parte acertada e encarando em choque o jovem e doce herdeiro dos Winner's.
-Isso é para aprender a não mexer com os meus amigos! Agora fora daqui antes que receba mais…
-Eu duvido muito que você consiga me derrubar Winner.- Trevor deu outro sorriso predador. –Esse soco nem doeu.
-Mas pode apostar que o meu irá fazer se você não ouvir o que ele disse.- O jovem atleta virou-se para encarar os olhos frios e brilhantes de Trowa. Mexer com Quatre era uma coisa, mas com Barton era outra totalmente diferente. O moreno poderia ser silencioso e às vezes muito calmo, mas quando perdia a paciência poderia ser bastante perigoso, ainda mais se era para o defensor do loiro árabe.
-Já estou saindo! - Disse, erguendo as mãos em rendição. –Sem estresse.- E virou os calcanhares, sumindo pelo corredor tumultuado.
-Você está bem Duo? - Quatre perguntou ao amigo que ainda estava sentado no chão, com uma expressão chocada no rosto.
-Ele me derrubou.- Balbuciou o garoto. –Ele me derrubou.
-Nós percebemos Duo.- Trowa ajoelhou-se ao lado dele, o ajudando a se levantar.
-Vocês não entendem! Como aquele acéfalo me conseguiu derrubar? - Trowa e Quatre trocaram olhares preocupados. Sabiam do que Duo estava falando. Trevor nunca conseguiria derrubar o garoto de trança. Se isso tinha acontecido, alguma coisa estava errada.
-Não seria melhor falar com o sr. Khushrenada? - Quatre sugeriu.
-Vou… vou falar com ele depois da aula. Agora temos que ir porque estamos atrasados.- Concluiu, recolhendo as suas coisas, ainda em choque, e caminhando para uma sala de aula, seguindo por seus dois amigos.
A semi-escuridão da casa apenas criado o ambiente a sua volta parecer mais assunto do que já era. E o fato de que estava servindo chá apenas deixava a situação totalmente bizarra. Mas para alguém que já tinha visto coisas piores, aquele cenário até que parecia bem normal.
-Acha isso certo? - Treize perguntou, bebendo um gole de seu chá.
-Faz parte das regras. Seu caça vampiros está chegando à idade de dezoito anos, por isso tem que passar no teste para provar suas habilidades.
-Um teste que se prova arcaico e totalmente grosseiro.- Treize argumentou.
-Mas é preciso ser feito, são as regras do Conselho.
-Não acha que está na hora do Conselho mudar um pouco as regras? Prendê-lo dentro dessa casa, sozinho, fraco e com um vampiro assassino não é o que eu chamaria de um teste saudável.
-Se ele conseguir passar no teste…
-Se ele sobreviver ao teste. Duo é especial, você sabe o que o chamado dele implica dentro do Conselho. Se ele morrer, só daqui a cem anos outro como ele surgirá. Por que ele tem que se submeter ao teste como todas as outras? Uma caça vampiros, que Deus me perdoe por essas palavras, pode ser substituída. Mas um caçador? Tem certeza de que querem fazer isso… - Como a palavra de Treize foram interrompidas por um grito ensandecido que veio da sala adjacente. Rapidamente ele e o conselheiro levantaram-se para ver o que estava acontecendo.
Ao chegarem na outra sala, viram dois rapazes abrindo uma grande caixa de madeira grossa, exibindo um vampiro preso em amarras e camisa de força, e preparando-se para dar medicação a ele.
-Espera que ele lute contra isso? - Treize perguntou enojado, saindo da sala e sendo seguido pelo conselheiro.
-Não se preocupe Khushrenada. Se esse garoto é isso tudo o que você diz, ele vai sair bem.
-Ou acabar morto.- Rebateu irritado, indo embora da casa.
Treize entrou em sua biblioteca adorada com o mesmo ar preocupado com que saiu dela, encontrando um Duo parado no centro dessa e atirando facas, ou ao menos tentando, em um alvo pendurado a sua frente.
-O que você está fazendo? Ou tentando fazer? - Treize perguntou, vendo o garoto errar mais uma vez o alvo.
-O que está acontecendo comigo Treize? Eu estou lento, estou fraco, meus reflexos estão ruínas e eu estou atirando facas feito…
-Um garoto normal?
-Um garoto normal ao menos teria acertado o alvo. Eu nem isso consigo!
-Talvez você devesse realmente descansar um pouco.
-Talvez eu devesse começar a procurar saber o que está acontecendo. Você sabia o que houve hoje de manhã na escola? O Quatre me defendeu do Trevor. QUATRE! Não que seja ruim o Q começar a se defender, embora tenha ganhado uma mão roxa por causa da briga, mas é um pouco humilhante ele ter que me defender.
-Duo…
-Onde estão meus poderes? Minha força? Minha agilidade? Eu não posso perdê-los! Eu não posso ser um garoto normal! Eu já saí muito pela noite, eu já vi muita coisa para terminar como um garoto normal e para no futuro estar no asilo dos caça vampiros contando sobre os meus dias de glória. Isso não pode acontecer.
-Eu sei! - Treize soltou um suspiro. Duo estava certo, mas esse teste foi feito. –Vá para casa descansar, Duo, eu vou ver o que há de errado.
-Promete?
-Prometo.
-Ótimo. A gente se vê Treize.- Retrucou, recolhendo a sua jaqueta e indo embora.
Uma hora depois de ter saído do colégio, Duo se encontrava no mesmo parque que tinha sido quase derrotado, sentado sobre uma mesa que lá tinha, observando o sol se por atrás das casas. Deveria ir correndo para casa e se esconder, como um garoto normal faria diante dos perigos da noite, ainda mais agora que parecia sem seus poderes, mas apenas não impede fazer isso. Tantos anos dentro dessa "profissão" o fez se tornar um ser noturno como aqueles que caçava. Não, ele não havia virado um demônio, embora seus inimigos o considerassem um, tanto que ele é conhecido no submundo como Shinigami, ele apenas havia se acostumado com a escuridão e a solidão que essa impunha. Mesmo que tenha amigos, o que se resumia apenas a Quatre e Trowa, ainda sim a parecia parecia ser a melhor companheira. E ter que abandoná-la,
-O que vai acontecer agora? - Disse a si mesmo, olhando para as mãos fechadas em um punho, sobre as suas coxas. O que diria ao seu tio? A Irmã Helen? A sua família que descansava a sete palmos debaixo da terra? Havia jurado que sempre seria forte e que sempre lutaria até o fim. Sempre soube do seu destino, sempre soube que era especial, e era por isso que as pessoas a sua volta sofriam por sua causa. Por isso, havia prometido que nunca choraria as suas perdas. Havia prometido que sempre seria forte. Mas isso era quando ele era especial. Agora que não passava de um garoto comum, como poderia ser forte? Como poderia proteger aqueles que ainda não pareceram a sua maldição de ser sempre um caçador solitário? Sentiu seus olhos arderem mas recusou-se a chorar.
-Meninos não choram.- Lembrou-se.
-Uma frase bem machista para falar a verdade. Não vai morrer se chorar um pouco.- Duo quase caiu da mesa onde estava sentado diante do susto que levou. Olhou freneticamente a sua volta a procura do dono da voz, um achando estranhamente familiar, quando viu algo se mexer nas sombras.
Com a saída de Wufei para conseguir mais informações sobre o caçador, Heero recurso que elementos que iriam sozinho algo que comer antes que os açougues fechassem. E, quando estava novamente voltando para casa, passando pelo mesmo parque onde salvou aquele garoto, qual não foi a sua surpresa e alegria ao ver o mesmo rapaz lá, sentando em uma das mesas e com um grande ar melancólico no belo rosto.
-Ah, é você.- Duo falou em um tom mais aliviado ao ver o belo moreno que andava a passos silenciosos em sua direção, sentando-se ao seu lado.
-Como você está? Depois da noite passada, acho que não é muito seguro para você andar sozinho por aí.- Heero falou em um tom suave, sentindo arrepios descer por sua espinha ao sentir o calor do corpo ao seu lado e ao ouvir como o coração do rapaz batia rápido.
-Eu já disse que eu sei… - O garoto de olhos violetas calou-se. Não sabia mais se cuidar, não analisa mais derrubar ninguém. Estava fraco e indefeso e isso o assustava e o irritava ao mesmo tempo. Inconscientemente fechou as mãos mais fortemente em um punho e nem goze quando uma lágrima escorreu dos olhos.
-Não chore.- Heero sussurrou, achando um pecado tão bela criatura estar tão triste. Duo subitamente virou o rosto para encarar aquele estranho que parecia tão disposto a lhe consolar, e respirar a respiração presa na garganta com a proximidade de suas faces e em como ele poderia ver os olhos azul cobalto brilhar naquela escuridão.
-Eu não estou chorando… Eu não posso chorar… Meninos não choram… - Fungou em uma voz mínima, dando um outro pulo de susto quando sentir uma mão fria tocar seu rosto, secando como suas lágrimas.
Heero não soube o que o motivou a tocar o rapaz. Mas ver aqueles belos olhos violetas tão tristes, deixando o jovem mais bonito do que já era, despertou um desejo estranho dentro de si de tocá-lo, confortá-lo, protegê-lo por toda a eternidade. Duo soltou um suspiro diante da leve carícia que aquele toque proporcionava, surpreendendo-se por deixar um completo desconhecido tocá-lo em um momento tão frágil. Mas, mesmo assim, sentir-se seguro perto dele, apenas não sabia por que.
-Você é tão belo… tão belo… - O japonês sussurrou para si mesmo, deslizando a mão pela face macia e molhada, descendo pelo pescoço e alcançando o peito dele, quando algo o fez subitamente afastar-se. –Argh! - Grunhiu, recolhendo a sua mão rapidamente e sentindo essa arder.
-O que foi? - Duo abriu os olhos, saindo do transe que o toque daquele homem lhe proporcionava.
-Nada.
-Você se machucou? - Perguntou preocupado. Será que tinha alguma coisa na sua camisa que tinha machucado o homem na hora em que ele o tocou?
-Não! - Retrucou Heero, não abrindo a mão ferida para Duo, que insistia em ver o que tinha acontecido.
-Mas eu não estou sentindo a minha camisa pinicar, não deve ter nada pontiagudo nela… - O americano começou a resmungar, procurando algo na sua camisa, mas apenas encontrando a sua cruz de ouro que sempre carregava consigo. Será que era nisso que o moreno havia encostado? Mas como poderia ter se machucado? A não ser que…
-Deixe-me ver sua mão.- Ordenou o menino de trança.
-Não! Eu já disse que não foi nada.- Retrucou Heero, levantando-se da mesa para se afastar de Duo. Rapidamente o rapaz também estava de pé, puxando algo de dentro de sua camisa e ritmos para Heero, que recuou um passo do brilho do brilho cruz cruz apontada para si.
-Você ...
-Não! Espere.- Heero tentou aproximar-se dele, mas o garoto recuou um passo.
-Fique longe de mim!
-Espere ...
-Fique longe de mim! - Gritou Duo, dando meia volta e saindo correndo do parque.
Treize havia feito a sua decisão. Depois da conversa que tivera com Duo essa tarde, ele havia feito a sua decisão. Não importava o que o conselho dizia, ele não deixaria seu caça vampiros solto com aquele monstro, de jeito.
Resoluto, ele dirigiu até uma velha pensão onde haveria o teste e entrou no local, encontrando a porta desse apenas encostada. Para alguém que vivia de patrulhar como atividades demoníacas no mundo, deixar uma porta encostada em Sunnydale não era algo muito sábio a se fazer. Caminhando cautelosamente, ele começou a andar pela casa, sentindo que algo estava muito estranho. Estava muito quieto, um silêncio pesado, o que não era sinal de boa coisa. Ainda andando, ele entrou no quarto onde o monstro era mantido preso, apenas para ver que ele não estava dentro da caixa de madeira e que havia sangue espalhado pelo chão. Saindo do quarto e voltando para uma sala, ele quebrou um pedaço do corrimão da escada, fazendo uma estaca improvisada e voltando a sua busca.
Percorreu salas e quartos, cômodos da velha pensão, até que chegou ao último para ser vasculhado. Vagarosamente segurou a maçaneta da velha porta, com a estaca em punho, a abrindo lentamente pronto para qualquer eventualidade. Mas o que ele encontrou dentro do quarto não foi um vampiro, mas sim o resultado do ataque de um.
Sentindo ânsias de vomitar, Treize largou a estaca no chão e rapidamente saiu da casa. Precisava encontrar Duo antes que o pior acontecesse.
Duo atravessou uma rua correndo, mal vendo direito para onde ia. Estava chocado, assustado, admirado, todas as emoções que deseja existir corriam por seu corpo ao mesmo tempo. O seu salvador da outra noite, o belo homem com frios olhos azul cobalto que não saíam de sua cabeça, era um vampiro. Como ele não percebera isso antes? Com certeza aquela cena toda de batalha era uma encenação. Com certeza ele fizera aquilo apenas para lhe chamar a atenção e ganhar a sua confiança, para depois matá-lo. E, Deus, ele modifica que o homem o tocasse. E o pior de tudo, gostara do toque dele.
Ainda transtornado e sem sabre para onde estava indo, o jovem mal viu quando algo entrou no seu caminho e bloqueou a sua corrida. E iria cair sentado no chão com o impacto, quando mãos fortes seguraram seus braços, e por um momento insano ele desejou que fosse o vampiro de olhos azuis.
-Ora, ora, ora, veja o que temos aqui.- Chegou a voz em seus ouvidos, enviando arrepios pelo seu corpo. Duo inflamar os olhos, apenas para sentir o medo aprofundar-se ainda mais na sua alma. Estava cara a cara com um vampiro. E esse, pelo jeito que o olhava, estava vendo uma sua refeição servida de bandeja a sua frente. Esse com certeza era o pior aniversário de todos.

Duo, o caça vampiros! Where stories live. Discover now