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Hermione já havia perdido a esperança de enxergar na escuridão

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Hermione já havia perdido a esperança de enxergar na escuridão.

Por um tempo, ela pensou que, se deixasse seus olhos se ajustarem, algum contorno fraco se tornaria visível.

Não havia nenhum lampejo de luz da lua que se esgueirasse tão fundo nas masmorras. Não havia tochas nos corredores fora da cela. Apenas mais e mais escuridão, até que, às vezes, ela se perguntava se estaria cega.

Ela havia explorado cada centímetro da cela com as pontas dos dedos. A porta, selada com magia, não tinha fechadura que pudesse ser arrombada, mesmo que ela tivesse algo além de palha e um penico. Ela cheirou o ar na esperança de que ele pudesse indicar algo: a estação do ano, o cheiro distante de comida ou poções. O ar estava viciado, úmido, frio. Sem vida.

Ela esperava encontrar uma pedra solta na parede, algum compartimento secreto que escondesse um prego, uma colher ou até mesmo um pedaço de corda. Aparentemente, a cela nunca havia abrigado um prisioneiro audacioso. Não havia arranhões para marcar o tempo. Nenhuma pedra solta. Nada.

Nada além de escuridão.

Ela não conseguia nem mesmo falar em voz alta para aliviar o silêncio interminável. Esse tinha sido o presente de despedida de Umbridge depois que a arrastaram para a cela e verificaram suas algemas pela última vez.

Eles estavam prestes a sair quando Umbridge fez uma pausa e sussurrou: — Silencio.

Levantando o queixo de Hermione com sua varinha para que seus olhos se encontrassem, ela disse: — Você vai entender logo.

Umbridge deu uma risadinha e seu hálito açucarado e enjoativo passou pelo rosto de Hermione.

Hermione havia sido deixada na escuridão e no silêncio.

Será que ela havia sido esquecida? Ninguém nunca veio. Nenhuma tortura. Nenhum interrogatório. Apenas solidão escura e silenciosa.

As refeições apareciam. Aleatórias, de modo que ela não conseguia nem mesmo controlar o tempo.

Ela recitava receitas de poções em sua cabeça. Técnicas de transfiguração. Revisou runas. Rimas infantis. Seus dedos se mexiam enquanto ela imitava as técnicas da varinha, falando a inflexão do feitiço. Ela contava de mil para trás, subtraindo números primos.

Começou a se exercitar. Aparentemente, não havia ocorrido a ninguém restringi-la fisicamente, e a cela era espaçosa o suficiente para que ela pudesse dar cambalhotas na diagonal. Ela aprendeu a fazer bananeira. Passou o que pareciam ser horas fazendo flexões e coisas chamadas burpees, com as quais seu primo tinha ficado obcecado em um verão. Descobriu que podia enfiar os pés nas barras da porta da cela e fazer abdominais enquanto estava pendurada de cabeça para baixo.

Isso ajudava a desligar sua mente. Contar. Levando a si mesma a novos limites físicos. Quando seus braços e pernas se transformavam em gelatina, ela caía em um canto e dormia sem sonhos.

Manacled | DramioneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora