Capítulo 06

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Cecília

É tudo tão confuso e novo, ele e a esposa me tratam tão bem, não são nada parecidos com o que minha mãe dizia.

Eles parecem se importar comigo. Não sei se é apenas carência minha, por isso me sinto tão querida, ou se eles realmente são bons, se ele realmente lutou por mim, me procurou todo esse tempo, se ela realmente me quer por perto.

Estou confusa e com medo, não quero ficar de favor na casa deles sem ter ao menos um emprego. Eu só preciso descansar um pouco para então voltar a tomar o controle de minha vida, vou atrás de uma escola para Adam e também vou sair a procura de um emprego. Ainda não encontrei com minha irmã, tenho um certo receio de como será nossa encontro, e se ela pensar que estou tirando algo dela?

Tantas dúvidas, mas estou tão cansada de tudo que apenas consigo dormir agarrada ao meu pequeno. Acordar não é nada fácil, tenho até medo de que horas sejam, se eu perdi o jantar? Olho o celular e constato que dormi por meia hora, suspiro aliviada. Ouço uma batida na porta e uma voz melódica pede licença. Meu coração parece que vai sair pela boca, minha irmã.

— Entre. — Fico surpresa ao me lembrar que nem tranquei a porta, deveria, não sei se posso confiar. A garota adentra o quarto e meu Deus como é linda. Ela parece tímida, ou talvez acanhada, não sei ao certo, seus passos até a cama são vacilantes, ela parece reunir muita coragem para estar aqui.

— Cheguei a pouco do shopping, papai disse que chegou, fiquei surpresa, não imaginava que viria nos ver tão cedo. — Isso é ruim, ela não me quer aqui, eu queria poder me dar bem com ela, ter uma irmã, parece até sonho para mim que sempre fui sozinha, mas ela não parece compartilhar do mesmo pensamento. — Pareceu que eu não quero você aqui? — Ela pergunta arregalando os olhos, acho que analisou melhor suas palavras, afirmo e ela baixa a cabeça se sentando na cama. — Eu quero, acredite, quero muito, não sei como é isso de ter uma irmã mais velha, mas o papai e a mamãe sempre deixaram claro que eu tinha uma irmã, que ela me amaria quando eu a conhecesse, que seríamos melhores amigas, eu sempre sonhei com isso sabe? E agora você aqui parece surreal. — Ela sorri, é tão bonita, mais ainda quando sorri. — Talvez demore para termos essa relação de irmãs, mas quero que saiba que eu fui incentivada a amá-la, e eu a amo, por isso quero muito ser sua amiga, irmã, confidente, enfim é isso.

Eu queria chorar, uma irmãzinha, mamãe dizia que ela me odiaria, que eu não valia nada para eles e que ela nem saberia de minha existência e se me conhecesse me odiaria, eu acreditei cegamente em suas palavras, mas agora já não sei de mais nada, a garota em minha frente não parece estar mentindo.

— Eu sei que é difícil, papai disse que sua mãe poderia ter feito sua cabeça para nos odiar, não conte que eu contei. Sabe eu sou uma pessoa complicada, talvez quando me conhecer melhor vai me odiar, eu sou mimada, tenho tudo que quero, na hora que quero e isso às vezes me deixa, bem, como dizer? Às vezes sou egoísta, preguiçosa, ajo como uma patricinha mimadinha, mas isso não quer dizer que sou ruim, eu acho que não pelo menos. — Ela fica confusa e sorrio.

— Todos temos defeitos, quando me conhecer melhor, vai poder identificar os meus, não vou ficar falando igual você fez com os seus, porque eu ainda não tenho essa coragem, não com a irmã que acabei de conhecer e quero muito que seja minha melhor amiga. — Ela me olha surpresa, um segundo apenas, depois seus olhar é risonho.

— Também quer tentar? Quer ser minha amiga? Melhor amiga?

— É isso que as irmãs são não é? Ao menos deveriam ser.

— Obrigada, só não desiste de mim, porque como eu disse, às vezes posso ser bem complicada.

— Às vezes eu também posso ser bem complicada.  Eu não sei seu nome! — Ela sorri e não é pouco.

Trilogia Irmãos Guerra - Amor Além Do DNAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora