Capítulo 22

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Cecília

Confesso que pensei em dizer não ao seu convite, mas logo o medo que me afligia se foi quando ele me olhou nos olhos. Me senti bem, me senti segura.

Sua mãe é um amor, gosto muito dela, seu drama pra que os filhos se casem e lhe dê netos é até engraçado.

Quando ela diz a ele sobre ele continuar a ser lerdo, e de outro aparecer e me levar, Deus do céu, eu jamais me envolveria com alguém que não ame meu filho ou que eu não amasse e me sentisse segura.

Não que eu ame ele, Augusto, posso estar sentindo algo por ele, mas não chega a ser amor. Não sei o que é, tudo é tão confuso. E tem mais, ele pode me ver somente como sua amiga. E talvez eu esteja nessa sozinha.

Fico sem reação quando Adam pergunta se eles são seus avós, ele nunca se sentiu tão bem assim com as outras pessoas. E agora ele age diferente. Não tem mais aquele ar assustado com as pessoas.

Mas quando seu Joaquim e dona Luiza o trata tão bem, dizendo que são seus avós, eu fico feliz, pois Adam está tendo aquilo que sempre sonhou em sua cabecinha. Ter avós, ter uma família.

Me assusto quando Augusto me chama pra dar uma volta pela propriedade dos seus pais. Tudo aqui é lindo, simples e isso é maravilhoso.

— Aqui é tudo lindo. — Digo a ele que do nada me puxa ao seu encontro. Me assusto. — Augusto...O que é?

— Sei que sofreu, sei que tem algo no seu passado. — Ele acaricia meu rosto, e fico ali parada sem saber o que dizer. O que aconteceu me atormenta, sei que muitas pessoas conseguiram seguir em frente, depois de ser covardemente violentada. Quero um dia poder fazer assim, ter uma família dar uma a Adam. — Eu também tenho um passado, eu também sofri. — Quero dizer algo, mas nada sai.

— Augusto...Eu não sei, o que dizer. — Suspiro ao olhar em seus olhos. Quero dar essa chance a nós. Pois agora sei que seja o que for que estou sentindo, ele também sente.

— Eu não queria me envolver novamente com alguém, mas ai você apareceu e fez um reboliço aqui dentro. — Suspiro ao ouvir ele dizer isso.  — Me dê essa chance? Nos dá essa chance.

— Eu não sei. — Digo sincera a ele. Pois eu não sei qual decisão tomar. Seguir meu coração ou deixar meu medo falar mais alto.

— Eu prometo não falhar. — Ao dizer isso, ele não me deixa falar mais nada. Logo seus lábios estão nos meus. E isso é bom, seus lábios são carinhosos nos meus. Seu beijo é viciante, que quando ele se afasta quero mais. — Eu vou cuidar de vocês. — Minha vontade é de chorar ao ouvir isso.

— Promete? Eu não posso contar, não me sinto pronta. — Digo acariciando seu lindo rosto. Quero um dia poder me abrir e dizer tudo o que me atormenta. — Não vai desistir de mim? — Não quero que ele desista, não quero que fique longe de mim.

— Nunca, serei eternamente teu. Vou lutar por nós. — Quando ele diz isso, e logo me beija, seus braços me dá a segurança que nunca tive. Seus lábios me deixa completamente embriagada, estou feliz, como nunca.

Ele me faz sentir coisas que nunca senti, coisas que jamais imaginei que iria acontecer. Augusto pode ser a minha salvação ou a minha ruína. Mas do fundo do meu coração, eu desejo que ele seja a minha salvação.

Do nada começa a ventar, me afasto dele sorrindo. O vento é de chuva. Sentimos alguns pingos nos molhar. É como se Deus estivesse abençoando á nós dois, como se abençoasse essa chance que estamos nos dando.

— Acho melhor voltarmos pra casa. — Ele diz rindo. — Minha mãe vai me arrancar as orelhas se você chegar molhada.

— Não me lembro qual foi a última vez que tomei banho de chuva. — Digo rindo ao sentir o vento em meus rosto e os pingos de chuva.

— Minha mãe sempre nos fazia lavar nossas roupas.

— Minha mãe antes de se casar ela era uma boa mãe. — Digo me lembrando da minha mãe. Ela era distante mas ainda assim era mais presente do que quando se casou.

— Sente falta dela? — Ele pergunta enquanto vamos caminhando pra casa.

— Eu não sei. — Suspiro ao olhar pra ele que me olha com carinho. — Eu perdi minha mãe pra bebida, e pra àquele  monstro.

— A bebida acaba com a pessoa.

— Sim, ela se entregou sem ao menos lutar. — Digo a ele que me puxa e beija meus lábios novamente e amo o seu jeito carinhoso. — Mas agora que tal mudarmos de assunto.

— Ok, vamos correr, tenho certeza que minha mãe e Adam estão preocupados.

— Meu Deus, Adam deve estar chorando. — Digo indo na frente, ele vem rindo atrás.

Quando chegamos na casa, paro na varanda que tem na frente. E o olho sem saber se entro ou não.

— Que foi?

— Sua mãe vai brigar se eu entrar assim. — Mostro minha roupa molhada e com os sapatos embarrados.

— É só tirar os sapatos. Ela vai brigar comigo e não com você. — Ele diz rindo e entra na casa.

— Vocês nem pense em ir embora hoje. — Dona Luiza diz assim que entramos na sala. — A estrada vai estar ruim, e é perigoso. Não vão sair hoje daqui. — Fico olhando pra ele que tenta falar.

— Mãe, Cecília tem obrigações, não podemos. — Ele tenta mas ela nem dá ouvidos e vem até mim.

— Querida, você é mãe assim como eu, sabe o quanto nos preocupamos com nossos filhos. — Ela diz e sei como é. E pra deixar ela mais sossegada sorrio.

— Vamos ficar, eu sei como é. — Abraço ela que suspira de alívio. — Irei avisar meu pai.

— Ok meu amor. Você sabe intuição de mãe.

— Eu sei, entendo a senhora. Agora licença irei avisar meu pai.

Ligo pro meu pai, mas com o tempo de chuva o sinal fica ruim. Tento umas três vezes mas consigo. Digo a ele que irei ir amanhã. Ele ficou receoso mas logo disse que é pra me cuidar e cuidar se Adam. Que me ama,  e qualquer coisa é pra ligar pra ele. Fico emocionada com seu jeito protetor e carinhoso comigo no telefone.

— Por que esta chorando? — Augusto esta parado na porta do quarto, me olha preocupado. — Se quiser ir nós vamos, não quero que fique só porque minha mãe fez drama.

— Não é isso. — Digo rindo e limpo as lágrimas. — É que fico sempre assim quando falo com meu pai.

— Ele te magoou?

— Não, ele disse que me ama.

— Bom, normal ele é seu pai.

— Sim, mas é que por muito tempo achei que ele tinha me abandonado, achava que ele nunca me amou.

— Tenho certeza que ele sempre te amou. — Ele diz vindo até mim. Sorri acariciando meu rosto e deposita um selinho em meus lábios. — E você ama ele? Se dá bem com Fernanda e sua irmã?

— Fernanda é um amor, me ajuda muito. — Sorrio ao lembrar dela. — Ela é como uma mãe pra mim. Minha irmã e eu nos damos bem, apesar dela nem parar em casa direito.

— E seu pai?

— Ele é maravilhoso. — Sorrio ao pensar que sempre quis estar junto do meu pai. — Eu tenho vontade de dizer que amo ele.

— E porquê não diz?

— Eu travo, mas fica entalado. — Digo a ele que sorri. — Eu quero muito, mas não consigo.

— É só você deixar seu coração falar. Deixe ele tomar as rédeas da situação. — Ele me beija e retribuo. Gosto dos beijos sem avisar dele, gosto dele tomar as iniciativas. — Ele vai amar saber o que sente por ele.

— Eu vou dizer. Sei que vou conseguir.

— Vai, eu acredito em você. — Ele diz e logo sou arrebatada por seus lábios viciantes. Não quero que isso acabe. Quero ficar assim pra sempre.

Trilogia Irmãos Guerra - Amor Além Do DNAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora