Capítulo 12

5.2K 538 275
                                    

Aalya abriu os olhos.

Tudo estava girando. Ela fechou os olhos e os abriu novamente, mas continuava girando. Fechou os olhos de novo. Sentia as pálpebras pesadas, como se tivessem ficado fechadas por muito tempo. Por quantas horas ela ficara desacordada?

Abriu seus olhos e enxergou o teto branco. Não estava mais girando, então ela sentou na cama. Estava em um quarto no palácio do irmão. A claridade que vinha da varanda cegou seus olhos por um momento. Olhou para si e encontrou seu corpo aparentemente intacto. Usava calça de linho branca e uma blusa de alças finas branca também.

Pôs seus pés para fora da cama e encontrou o piso quente. Levantou seu corpo e sentiu dor. Uma dor alucinante que percorria cada centímetro de seu corpo. Sua cabeça latejava, como se tivesse um coração batendo rapidamente ali dentro. Aalya esperou que sua magia curasse a dor, mas não curou.

Caminhou lentamente até um espelho grande que estava ali. Olhou para seu reflexo. Seu cabelo estava limpo e seu rosto estava pálido. Aalya suspirou. Abriu a porta do quarto e saiu andando no corredor vazio. O silêncio preenchia o palácio.

Andou silenciosamente e chegou até a cozinha, também vazia. Pegou um copo d'água e bebeu. Voltou para o corredor e andou até o salão principal, mas também estava vazio. Foi até a varanda e sentiu o vento bater em seu rosto. Fechou os olhos e respirou fundo, puxando o ar que trazia o cheiro salgado do mar.

Ela encostou seu corpo nas grades que protegiam a varanda, apoiou os cotovelos no parapeito e observou. Observou a água calma do mar, as ondas batendo nas pedras brancas e voltando, a cidade acordada, com pessoas andando, rindo e conversando.

A cidade não parecia ter acabado de ser atacada. Certamente ninguém se ferira.

Aalya andou a passos lentos até o escritório de Thesan. Parou na porta e viu o irmão sentado na escrivaninha, mexendo em papéis. A luz solar deixava a pele castanha do macho brilhando e o cabelo, do mesmo tom, caía em sua testa. Ele ergueu o rosto e quando a viu, abriu o maior sorriso que a irmã já vira.

⎯ Aalya! ⎯ o Grão-Senhor se levantou em um pulo, deu a volta na mesa e puxou a irmã em seus braços. Aalya agarrou a túnica do irmão e fechou os olhos, sentindo o contato que tanto evitava, mas gostava.

Thesan desvencilhou do abraço. Pôs as mãos grandes no rosto dela e a olhou, como se pudesse achar algo de errado. Aalya tirou as mãos do irmão delicadamente de seu rosto e murmurou:

⎯ Eu estou bem.

⎯ Ficamos preocupados com você. Você simplesmente apagou depois da batalha.

Sim, ela sabia. Ela se lembrava do sentimento de querer ir, da dor alucinante que sentira e de como o ar parecia ter se extinguido.

Ela não fazia ideia do que havia acontecido depois e como as coisas estariam no pouco tempo que ficara desacordada. A fêmea abriu a boca para perguntar, mas percebeu um movimento no canto do escritório.

Mirou seus olhos rapidamente e viu Azriel sair do meio das sombras. Ele estava ali o tempo inteiro?

O mestre-espião percorreu Aalya com o olhar dos pés à cabeça. Quando chegou aos olhos, ele a olhou mais profundamente, como se pudesse enxergar sua alma. Aalya engoliu em seco, encarando aqueles olhos dourados.

A última vez que haviam se visto fora na noite da missão deles. Se despediram de uma forma estranha e se verem ali, naquele momento, era um gatilho para todas as lembranças daquela noite voltarem como um turbilhão na mente de Aalya.

Azriel a encarava tão fixamente como se também lembrasse. Aalya viu as asas negras do macho farfalharem e as sombras rodeando o rosto do mestre delas.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora