Capítulo 49

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Aalya adorava a Corte Primaveril.

Os vastos campos verdes, repletos de flores e árvores frutíferas encantavam os olhos da Grã-Feérica. Apesar de não gostar do Grão-Senhor que governava a bela Corte, Aalya não podia ignorar as belezas daquele pedaço de Prythian.

Ela não ia com tanta frequência para a Primaveril, infelizmente, mas houve a oportunidade de ir averiguar o que Tamlin arquitetava.

Enquanto andava pelo caminho de terra, observava as centenas de árvores que projetavam sombras. Aalya pensou que poderia sentar embaixo de uma delas e ler um livro durante horas. Era o tipo de relaxamento e tranquilidade que sua vida precisava naquele momento.

Deparou-se com a espécie de palácio onde Tamlin morava. Havia um tempo em que aquela construção era magnífica, mas o Grão-Senhor afundou em sua própria solidão e sua casa virara em algo que não podia ser, relativamente, denominado como casa.

Suas botas pretas afundaram no emaranhado de folhas caídas no chão, na frente do enorme casarão. Aalya não sabia como avisar que estava ali, portanto, deu curtos passos até as escadas e subiu-as. Quando chegou no último degrau, abaixou seu corpo até o chão para desviar da flecha que voara em sua direção.

Olhou para trás, encarando Tamlin. Ele usava roupas sujas e com alguns rasgos, além de botas surradas e o longo cabelo loiro completamente bagunçado. Em suas mãos, levava o arco que usara para disparar a flecha.

⎯ Se pensou que eu iria tentar roubar essa habitação obsoleta que você chama de casa, está enganado. ⎯ Aalya falou, levantando e limpando as partes da calça que ficaram sujas.

O Grão-Senhor Primaveril andou até a fêmea, largando o arco nos degraus. Suspirou e disse:

⎯ Desculpe. Pensei que poderia ser algum invasor. Não lhe reconheci de imediato.

Ele nem mesmo reconhecia as pessoas rapidamente. Era estranho e até mesmo doloroso pensar tal fato, pois Tamlin sempre fora um dos mais respeitados e temíveis guerreiros de Prythian. Ter se tornado este macho, cujo qual estava submerso em problemas psicológicos, não fazia sentido.

Bem, ele estava pagando pelo que tanto fizera com Feyre e Rhys. Além de muitas outras pessoas.

Não era daquela forma que as coisas funcionavam?

Karma, talvez.

⎯ O que você quer? ⎯ Tamlin perguntou.

⎯ Apenas queria saber o motivo de seu silêncio. Você estava aliado à mestra, afinal. ⎯ Aalya respondeu.

O Grão-Senhor da Corte Primaveril olhou em direção ao céu. Seus olhos verdes voltaram-se para a fêmea e ele murmurou:

⎯ Não sou o mesmo de antes.

Aalya não acreditava. Aprendera que não devia confiar em qualquer um, muito menos em alguém que já fora seu inimigo. Ou ainda era.

Bem, não havia o que fazer ali. Sabia que não conseguiria tirar nada de Tamlin.

Ela assentiu para o macho e desceu os degraus. Parou na frente do Grão-Senhor e falou:

⎯ Tenha mais cuidado com sua casa. Qualquer um poderia entrar.

E saiu, andando rapidamente até o caminho de terra que seguira anteriormente.

Aalya atravessou para perto de alguns arbustos, onde ela já conhecia. O local proporcionava uma visão estratégica de todo o perímetro da moradia de Tamlin.

Ela abaixou-se atrás de um arbusto maior e observou o Grão-Senhor colocar alguns cavalos de volta no estábulo. De onde os animais haviam saído, ela não tinha ideia.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora