Capítulo 33

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O baile não resultara em nada.

Nenhuma peça importante do quebra-cabeça esteve presente, e Azriel sentiu-se frustrado por isso.

Ele estava frustrado no termo geral. Sentira-se enciumado por Aalya e intrigado com as falas de Morrigan.

A ida ao baile foi por nada. O mestre-espião gostaria de não ter ido. Arrependia-se de pensar que teria algum inimigo para ficar de olho.

Quando chegara na Casa da Cidade, já estava ocupada pela presença de Aalya. A fêmea estava apoiada no balcão da cozinha, bebendo de um copo de água. Azriel, silencioso como era, entrou pela porta da sala de estar sem fazer nenhum barulho.

No momento em que ele pisara dentro da Casa, Aalya girou a cabeça em direção à ele, observando-o na penumbra da sala. Havia apenas uma parte do sofá em que tinha iluminação no cômodo, vinda da lua.

Ele a observara durante a noite toda. E, deuses, como ela estava linda.

O vestido dourado de seda prendia-se ao seu corpo esbelto. Os cachos que estavam presos em um coque afrouxado caíam levemente nos lados da cabeça, quase tendo o penteado desfeito por completo.

E ela o encarava com suas íris de cores diferentes brilhando.

Até mesmo na escuridão sua beleza podia ser vista e apreciada.

Azriel fechou as asas atrás de si, adentrando na cozinha e indo em direção a pia, pegando um copo e enchendo-o de água. Sentiu o olhar da fêmea penetrá-lo.

Ele terminou de beber o líquido, pôs o copo sobre a pia e virou-se. Aalya o olhava com raiva nos olhos.

⎯ Sua função no baile de hoje era me espionar? ⎯ perguntou ela, o tom de voz cortante.

⎯ Não. ⎯ ele respondeu ⎯ Por que a pergunta?

⎯ Você me encarou a noite inteira. Se tem algum problema, apenas diga.

⎯ Não há nenhum problema. ⎯ Azriel mentiu. Ele engoliu em seco com a mentira.

Aalya estreitou os olhos, desconfiada.

Azriel saiu da cozinha e seguiu até o sofá, sentando-se na única parte iluminada pelo luar.

⎯ Você está mentindo. ⎯ a fêmea afirmou, andando e parando em frente à ele.

Ele não respondeu.

Fixou seus olhos nas coxas dela, que recebia o corte da fenda, deixando uma delas à mostra. O reflexo da iluminação da lua refletia no tecido sedoso e na fenda.

⎯ Você beijou Lucien? ⎯ Azriel indagou, os olhos ainda presos nas coxas da fêmea.

Ela deu uma risada de escárnio.

⎯ Então esse é o problema? Se, por acaso, eu beijei Lucien?

Azriel respirou fundo.

⎯ Apenas responda a pergunta, Aalya.

A Grã-Feérica esticou o corpo para frente, pondo as mãos no encosto do sofá, ao lado dos ombros de Azriel. O macho apoiou as costas no sofá, finalmente erguendo os olhos e encontrando o olhar predador da fêmea sobre si.

⎯ Tenho certeza que você sabe a resposta, já que ficou me observando a noite inteira. ⎯ ela respondeu, o rosto a centímetros de distância do dele.

Azriel a observara, sim, mas houve momentos em que não estava olhando. Era grosseiro e tóxico da parte dele, mas ele apenas odiava a ideia de vê-la beijando Lucien.

O cheiro do ruivo estava levemente presente nela, o que fizera os sentimentos negativos de Azriel borbulharem dentro de si mesmo.

Como se pudesse piorar, Aalya inclinou-se ainda mais sobre ele, raspou os lábios úmidos pela sua orelha e sussurrou, a voz da fêmea resultando em arrepios pelo corpo inteiro do mestre-espião.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora