Capítulo 42

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Sua mãe.

Ela usava a mesma armadura vermelha, com a insígnia do olho no centro do metal. Os cabelos crespos iluminavam-se com a luz do dia. O enorme sorriso, branco demais, abriu-se conforme ela viu a filha. Abriu-se mais ainda quando seus olhos desceram até a mão de Aalya, que segurava a adaga que usara para matar Daella.

A mestra virou o rosto, seus olhos castanhos com um pequeno fragmento verde encontraram o corpo da aliada no chão.

Morta.

Sangue empoçava embaixo e ao redor da fêmea, as tranças do cabelo, que pareciam naifas, banhavam-se no líquido vermelho e o pescoço, com a abertura do corte, expelindo mais sangue.

⎯ Posso ver que você já matou uma das minhas aliadas mais fortes. ⎯ a mestra falou, lançando um sorriso viperino para a filha.

⎯ E você fica feliz com essa notícia? ⎯ Aalya indagou, apertando fortemente o cabo da adaga.

A mestra riu de escárnio.

⎯ É claro que não, mas isso é uma amostra de como você é exatamente igual à mim, Aalya.

Não. Aalya não era nada igual à mãe.

⎯ Eu preferia morrer a ser semelhante à você em alguma coisa. ⎯ ela respondeu.

⎯ Bem, eu estou sabendo de algumas informações sobre os ataques nas outras Cortes. ⎯ a mestra iniciou ⎯ Helion e Tarquin estão lutando bravamente, mas perdendo muitos soldados. Kallias nem mesmo apareceu, apenas seu exército, mas ouvi dizer que sua esposa está em trabalho de parto agora mesmo. É uma pena essa criança nascer em meio à guerra, não é mesmo?

Aalya sentiu seu sangue esquentar.

⎯ Se a criança está nascendo em meio à guerra, é por sua culpa. Se todos esses inocentes estão mortos ou lutando por suas vidas agora, é por sua culpa. Apenas sua, de mais ninguém. ⎯ a Grã-Feérica retrucou.

Deuses, ela estava sentindo tanta raiva que podia explodir. Sua magia chiava, querendo ser libertada.

Aalya sentiu a presença reconfortante de Azriel ao seu lado. O macho olhou para a fêmea e depois seus olhos avelãs rumaram para a mestra, que observou o mestre-espião com curiosidade.

⎯ Não esperava que você estivesse aqui. Sua Corte precisa de você lá para ajudá-los com o exército. Irá abandonar seu querido irmão neste momento? ⎯ ela indagou, abrindo um sorriso zombeteiro.

⎯ Eu não devo satisfações à você, mas Cassian está a comandar todo o exército e certamente não precisa de mim. ⎯ ele respondeu, apertando os lábios.

A mestra aproveitou o gancho e continuou:

⎯ Está tão apaixonado pela minha filha que irá sacrificar sua própria vida para ajudá-la? ⎯ ela gargalhou ⎯ É lindo, mas tão, estupidamente, burro.

Aalya não deixou o macho responder e intrometeu-se, o tom de voz elevado:

⎯ Apenas pare com suas piadinhas e interrompa essa guerra. Renda-se.

A mestra ficou calada. Sua expressão facial tornou-se fria.

As sombras de Azriel giraram ao redor dele, furiosas e agitadas.

⎯ Esta guerra irá acabar no momento em que eu tomar todas as Cortes. Eu já lhe expliquei todos os meus planos e objetivos e você pode decidir se quer permanecer viva ou não, basta render-se. ⎯ a mestra disse, firmemente.

A guerra continuava ao redor deles, sem interrupção.

Era como se ambos os exércitos soubessem quem estavam ali e não quisessem incomodá-los. É claro que havia a grande burrice que teriam se sequer tentassem atacá-los.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora