Capítulo 31

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Aalya correu.

Não fugiu, mas correu.

Ela certamente teve que pensar rápido ao ouvir a notícia de que a taverna onde estava hospedada sofria um ataque.

Havia crianças presentes naquele local?

A fêmea pegou todas as suas adagas e, ao lado de Azriel, correu porta afora do quarto. Não era o certo a se fazer, mas ela correu.

Sons de luta reverberavam do andar de baixo. As portas dos outros quartos estavam todas escancaradas, como se os hóspedes tivessem fugido. Ela não duvidava que isso tinha mesmo acontecido.

Já que fora pega de surpresa pelo dono da taverna, Aalya estava com a calça e o suéter que vestira para dormir e sem nada nos pés. Mas ela sentia-se levemente sortuda, pois Azriel só trajava uma calça no corpo.

Desceram os degraus da escada em uma velocidade perigosa e saltaram no andar de baixo. E então viram.

Os dois machos que estavam sobre a carroça na noite passada, do tráfico feérico.

O maior deles, com os braços cobertos por tatuagens avermelhadas e o cabelo repleto de cachos castanhos, estava preparado para enfiar a adaga no pescoço da fêmea amedrontada na sua frente, mas Aalya foi mais rápida.

Da distância onde estava, preparou uma lâmina e arremessou em direção à região debaixo da orelha do inimigo, encontrando a carótida. O macho caiu com um estampido no chão já ensanguentado.

Azriel correu para o lado contrário, onde ouviram-se sons de luta. Aalya foi até a fêmea caída no chão, assustada.

Ela tinha cabelos loiros curtos e olhos verdes. As orelhas eram pontudas, sendo definitivamente feérica. Ou podia ser semi feérica. Aalya não sabia.

⎯ Você se machucou? ⎯ Aalya perguntou, agachando-se na frente da fêmea.

Ela respondeu com apenas um aceno positivo.

⎯ Eu posso lhe ajudar. Me mostre o machucado e tentarei curá-la.

A fêmea levantou aqueles grandes olhos verdes para ela, a encarando profundamente, como se pudesse ver seu interior. Bem, talvez poderia, Aalya não fazia ideia se aquela pudesse ser a magia da fêmea.

Após alguns segundos, a loira levantou o braço apoiado na barriga.

Deuses.

Havia um corte profundo, sangue e até mesmo vísceras já saindo pela abertura. Se aquilo não fosse curado o quanto antes, a fêmea poderia morrer.

⎯ Eu tenho a magia de cura. Permita-me usá-la em você e curar isso. Duvido que haja algum curandeiro aqui por perto, e não podemos esperar tanto tempo. ⎯ Aalya afirmou.

A fêmea acenou com a cabeça, um movimento de cima para baixo.

Aalya a arrumou, deitando a fêmea no chão. Precisava que a região do machucado ficasse em posição reta. Segurou a mão dela e disse:

⎯ Se doer, aperte minha mão.

A fêmea assentiu, fechando os olhos.

Aalya puxou a magia de dentro de si e, em um clarão, a luz dourada veio à tona. A fêmea arfou de dor, mas ela logo estava curada. Após o procedimento passar e a luz voltar para dentro do corpo da portadora da cura, o corte virara uma cicatriz e o sangue e as vísceras desapareceram.

A loira abriu os olhos e olhou para baixo. Um sorriso agradecido se instalou em seu rosto.

⎯ Muito obrigada, querida. Que essa gentileza retorne para você.

Espada de Sombras - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora