15| O amor nos pequenos gestos

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O momento em que descobrimos que o amor não é um sentimento tão bondoso quanto costumam pintá-lo por todo o mundo é um dos mais cruéis em toda a vida, porque a ideia de um sentimento tão bonito ser estragado pelos seus cinquenta por cento de maldade é doloroso. Sentimentos têm seus lados positivos e negativos, mas as pessoas escolhem apenas um desses lados para defini-lo, separando-os como sentimentos bons e ruins. O amor se encaixa no lado dos bons, pelo menos era isso que Jungkook pensava.

Quando o garoto começou a descobrir o amor, ele não tinha ideia de que aquele sentimento poderia acabar por machucá-lo, deixando seu coração aos pedaços. Para alguém que era tão sonhador em relação ao amor, aquela era uma punhalada muito grande para suportar sem perder a fé naquele sentimento, por isso as pessoas tendem a se fechar para esse sentimento tão contraditório.

Porque quando ele chega, a escolha de quem amar não está nas suas mãos, fica a mercê do destino zombeteiro. O amor não pede permissão para chegar, nem mesmo antes de se enraizar até o fundo da alma, ele invade, consome e pode até mesmo destruir.

Os mais diversos tipos de amor, todos eles têm algo em comum: a forma desesperadora que tentamos cuidar do alvo do afeto, às vezes mais do que quando cuidamos de nós mesmos.

— Tem certeza que não estava muito ocupado? — Jimin perguntou enquanto levava um bolinho de arroz até a boca.

— Claro que não estava, hyung! — Ele respondeu de boca cheia, ouvindo o riso do loiro ressoar pelo consultório de forma leve e gostosa.

— Pode comer antes de me responder, amor. — Os olhinhos pretos se iluminaram de uma forma mágica, a boca cheia de comida quase se abriu pelo choque antes dele se forçar a engolir, engasgando um pouquinho antes de quase se afogar na água.

O impacto que aquela pequena palavra teve na mente do garoto o fez agir de uma forma tão confusa, engasgar com a comida e em seguida com água era o sinal mais claro disso, fazendo com que Jimin largasse sua marmita de lado e se levantasse para esfregar suas costas na tentativa de ajudá-lo.

— Por Deus, amor! — E a razão do colapso do garoto voltou em questão de segundos. — O que foi?

A-amor? — Ele repetiu, gaguejando da forma que Jimin já conhecia e sabia que era por conta do nervosismo.

— Hm?

— Porque está me chamando de amor? — Perguntou, os olhos ainda brilhando de puro êxtase, aquela mera palavrinha mexeu com todo o seu ser.

— Não gostou que eu te chamei assim? — Jimin se sentiu bobo, porque nunca tinha tido a atitude de chamá-lo daquela forma, com meses de namoro e ainda se sentia receoso com tantas coisas bobas.

— Não, não é isso! Eu gostei! — Ele suspirou, segurando a mão do namorado em seguida. — Eu posso te chamar assim também, p-posso te chamar de amor?

O sorriso bobo chegou devagar no rosto do loiro, sentando-se novamente no lugar de antes, segurou as bochechas do namorado entre as mãos, antes de deixar um beijo casto nos lábios sujos de molho.

— Eu iria adorar se você me chamasse assim... — Respondeu, enquanto voltava a comer, sob o olhar admirado do outro.

— Tudo bem. — Ele respondeu, antes de colocar um pedaço de carne na boca para se manter ocupado por alguns segundos. — Amor.

Jimin mordeu o lábio, porque sentiu o pobre coraçãozinho aquecer com aquela simples palavra, mas não quis deixar o garoto ainda mais tímido com aquele assunto.

— Realmente não te atrapalhei quando liguei pra te chamar para almoçar?

— Não atrapalhou não, hyung... — Ele coçou a cabeça, num gesto meio desengonçado. — Na verdade, você me livrou de um convite que ia ser muito desconfortável.

Obsessão • ABO | jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora