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23| Pontos finais são odiados

Os pontos finais costumam ser sempre evitados. Colocar um ponto final significa que o fim realmente chegou, tanto em textos quanto na vida. Uma relação com um ponto final significa que finalmente se pode seguir em frente sem nenhum fantasma do passado acorrentado a seus pés, era assim que funcionava na mente de Jimin.

Ele não deixou de amar Taehyung depois da sua partida repentina, assim como também sempre amou Jungkook desde que o conheceu, seu coração estava em conflito e sua personalidade o impedia de ser completamente duro e frio com as pessoas. Ele não conseguia dizer um não, nunca conseguiu. Então quando Taehyung se ofereceu para acompanhá-lo até em casa, apenas para conversarem como nos velhos tempos, ele não conseguiu dizer não, mesmo que na sua mente estivesse se passando que ele deveria deixar tudo completamente claro dessa vez.

Ele diria tudo sobre seu relacionamento com Jungkook, sobre como eles não iriam terminar, sobre como um destinado não poderia atrapalhar a vida deles e que aquela amizade entre eles só daria certo se Taehyung deixasse de lado a parte do romance. Ele teria que deixar de esperar por mais, algo que Jimin não poderia dar, algo dele que já pertencia a Jungkook.

— Eu sei que tudo não pode ser perdoado de uma hora para outra, eu simplesmente sumi e não tivemos contato por todos esses anos..., mas ainda assim, eu espero de verdade que você entenda tudo. — Ele andava ao lado de Jimin com a esperança de que aquele fosse o primeiro passo dado em direção a uma reconciliação entre eles. — E que possa me dar outra chance...

— Mesmo sabendo de tudo isso e eu te juro que entendo, mas as coisas não vão mudar entre nós. Você conheceu o Jungkook e pra você ele pode ser só um menino, por conta do jeito inocente..., mas ele não é um garoto e eu o amo exatamente daquele jeito. Eu estou em um relacionamento com ele, um relacionamento real, concreto e não com esperanças bobas de algo que o universo reserva ou sei lá. — Ele disse com sinceridade, aquele era quase um ponto final. Quase. — Eu estou com ele agora.

Então a confusão se instaurou na sua frente, com Jungkook batendo em Taehyung, Taehyung batendo ainda mais em Jungkook. O olhar quebrado de Jungkook e sua pergunta, sendo quem era, não pôde mentir e apesar de sempre optarmos pela sinceridade, a verdade às vezes machuca.

À noite, quando tentou entrar no quarto de Jungkook, como já era o seu costume, encontrou a porta trancada e mesmo chamando repetidas vezes, a porta não foi aberta. Ele não era bem vindo naquele momento e aquela porta trancada era a maior prova, então ele desistiu de chamá-lo. Ele voltou ao seu próprio quarto, esse que só frequentava agora para trocar de roupa.

Foi estranho estar no próprio quarto, porque já era quase se tornando um lugar desconhecido. Naquele ponto Jimin reparou que muita coisa em sua vida estava no quase, quase isso, quase aquilo. Quase.

Ele tentou dormir e acabou se estressando por simplesmente não conseguir, aquele era o momento em que ele repassava tudo que tinha que dizer a Jungkook, tudo que ele poderia falar para concertar o coração do homem que ama.

Sua vontade era ir até a porta do quarto de Jungkook novamente, esperar sentado na porta como um cachorrinho adestrado até que ele abrisse a porta e ouvisse o que ele tinha a dizer, e quando estava prestes a fazer isso, ouviu uma porta bater.

Saindo do quarto quase em desespero pela pressa, viu a porta do quarto aberta. Já eram 11h00 da noite e ele não esperava que Jungkook tivesse saído, então calçando suas pantufas, seguiu até o quarto do mais novo e não o encontrou lá. Viu o breu em que a sala estava mergulhada e finalmente teve voz para chamá-lo.

— Jungkook? — Nenhuma resposta, então ele acendeu a luz com a esperança de que o namorado estivesse deitado no sofá depois de tanto tempo trancado no quarto.