57.

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POV PAYTON

Levantei e, com as mãos trêmulas, peguei o bilhete que S/n havia deixado, enquanto, com a mão livre segurei com força a pulseira.

"Não se drogue por não ser capaz de aguentar a sua própria dor. Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo. - Jonh Lennon.

Ass: Aquela que está voltando para sua terra."

Olhei para a pulseira em meu braço, o único sinal de que ela realmente esteve aqui um dia. No mesmo instante a porta bateu no andar de baixo, desci as escadas correndo, com um fio de esperança

Chris: Payton... - chamou-me, capturando minha atenção. - É uma pena. - negou com a cabeça. Meu corpo gelou. Ele já sabe. - Que não tenha ido se despedir de S/n. - suspirei, aliviado. - Mas, dormiu na casa de qual amigo ontem? - balbuciei um nome qualquer e voltei ao quarto, onde me escorei na janela, olhando o imenso céu azul.

Imaginei seus olhos. Que agora estão tão distantes de mim. Olhei de relance para minha cama, ainda com os olhos manejados e notei um pequeno caderno que não havia notado antes. Abaixei-me para pegar e tirei o pó que tinha sobre sua capa. O diário. O que eu pedi que S/n escrevesse.

Sequei o rosto com a manga da camiseta e sentei sobre a cama, abrindo-o. Toquei as páginas, com uma saudade arrebatadora em meu coração. E eu nem tive a chance de me despedir.

POV S/N

Encostei minha cabeça na parede do avião, coloquei os fones no ouvido e permiti que meu pensamento voasse com a música calma que soava. Momentos, muitos deles, voltaram com tudo em minha mente, ainda que tenha passado por coisas ruins não trocaria por nada esse intercâmbio. Se chorei, sorri mil vezes mais. Se me perdi, acabei conhecendo uma parte de mim que sequer sabia que existia. Se errei, aprendi tantas coisas que é impossível numerar. Cada segundo foi válido.

E é só eu recordar que a vontade de chorar volta, não sei como será meu retorno ao Brasil, mas sei que certamente sentirei uma saudade absurda de LA. De Anne e seus desenhos animados às sete da manhã, de Joanne e sua preocupação constante, de Chris e seu jeito tímido, porém protetor, de Faith e todas as risadas que demos juntas e, ainda que uma parte enorme de mim esteja querendo que ele se exploda nesse momento, sentirei falta de Payton, e desse amor enorme que descobri que carrego em meu coração.

Porém depois de hoje eu senti a necessidade de voltar, Payton deixou bem claro que aquele não é meu lugar, que aquela não é minha família, ainda que tenha parecido. E mais do que nunca eu preciso de um colo materno, de um abraço de minha irmã, de um desabafo com Riley e Nailea. Eu preciso deletar os momentos ruins e guardar somente os felizes. Tirei os fones e prestei a atenção no filme que passava, recém-casados, no momento em que comecei a ver um de seus personagens falou a frase mais verdadeira e mais propicia ao momento:

"Você nunca vê os dias ruins em um álbum de fotografia. Mas são esses os dias que o levam de uma foto feliz até a próxima".

Agora é a hora de restaurar meu álbum, voltar ao lar e recomeçar minha vida.
Uma vida sem Payton.

POV PAYTON

Página por página, letra por letra, rasgava meu coração. Lágrimas molhavam meu rosto, impedindo-me, diversas vezes, de conseguir ler. Algo que me faria bem até um tempo atrás, hoje é um martírio. Saber toda a saudade, o sufoco, os momentos de puro amor que ela passou me doem, porque eu fui fraco. Porque eu achei estar curado, eu achei que ia olhar para as drogas e não sentir nada. E não precisar mais delas. Porém foi como um misto de sensações, eu não aguentei. Eu sequer consegui tempo para fugir daquele lugar.

 𝘁𝗵𝗲 𝗲𝘅𝗰𝗵𝗮𝗻𝗴𝗲 ! 𝗽𝗮𝘆𝘁𝗼𝗻 𝗺𝗼𝗼𝗿𝗺𝗲𝗶𝗲𝗿Where stories live. Discover now