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author's pov.

Priscila soube no instante em que a filha saiu de casa, que havia algo de errado ali. Ela tinha a certeza de que algo iria acontecer, mas mesmo assim, esperava estar errada. Ela queria acreditar que eram só as taças de vinho fazendo efeito, mas algo dentro dela, um sexto sentido aguçado, dizia que ela precisava ir atrás da filha.

Ela nunca aprovou de verdade o namoro entre Any e Josh. Assim que se mudou pra cidade, depois de algumas idas ao cabelereiro, ela descobriu exatamente quem era o filho de Ursula. Josh Beauchamp era famoso por ser galanteador e charmoso, e o garoto fazia bom proveito dos dons divinos que havia recebido. Todos a alertaram pra manter Any longe de Josh. Mas mesmo com todas as regras proibindo Any de ficar perto de Josh, eles acabaram se apaixonando. Priscila jamais poderia negar algo que fizesse a filha feliz, e Josh deixava os dias de Any mais felizes. Não era necessário fazer parte da família para ver isso, qualquer um poderia notar.

A relação de Josh e Any se mostrou muito saudável, e calou a boca de muitas pessoas na pacata cidade onde Priscila mora. Algumas pessoas até arriscaram dizer pra Priscila que sentiam pena do que Any podia passar, mas mesmo assim, Any não quis dar ouvidas á esses comentários maldosos. Tudo o que ela queria era ser feliz, e Josh a fazia feliz.

O relógio marcava meia noite e dez, e Priscila ainda estava de olhos abertos. Ela sabia que tinha algo errado, também porque Josh nunca atrasava, mas ela sentia uma dor forte no peito. Uma dor de perda, talvez. Silvio estava deitado na cama, já de olhos fechados. A mulher então decidiu esperar mais alguns minutos, eles podiam só ter se perdido com o tempo. Pode acontecer também, não é?

Mais dez minutos se passaram, mas dessa vez Priscila não quis esperar mais. Ela se levantou da cama, agarrou o roupão que estava jogado em uma cadeira no quarto, e desceu as escadas. Priscila correu até seu caderninho de anotações, onde se lembrava de ter anotado o número de Ursula, a mãe de Josh. Ela folheeou o caderno, até finalmente encontrar o que queria. Pegou o telefone no gancho, e discou o número. Ursula atendeu depois de muitos toques.

— Sim? — Ela perguntou um pouco impaciente.

Não podemos julgá-la, o relógio já marcava meia noite e vinte e cinco.

— Ursula, tudo bem? É a Priscila. — Priscila disse e apertou mais o telefone nas mãos. — Eu não quero atrapalhar, então vou ser breve. Desculpe o horário, mas eu preciso saber se está tudo bem com a minha filha. Eles estão na sua casa?

— Não se preocupe, querida. Eu entendo totalmente essa preocupação, porque estou da mesma forma. — Priscila sentiu sua respiração falhar por alguns minutos. — Mas eu achei que o Josh estivesse aí... Ele me disse que o Silvio é rígido com o horário. Eles não estão aí?

— Não... — Priscila disse com a voz falha. — Ele não me disse pra onde ia, você sabe o que ele planejou pra hoje?

— Ele comentou algo sobre a pista de hockey, mas eu não tenho certeza se eles estão realmente lá. — Ursula disse.

— Tudo bem, eu vou pegar o carro e sair para procurá-los. — Priscila disse afobada.

— Priscila, você não acha que é um pouco demais? Talvez eles só tenham perdido a noção do tempo! O Josh sempre fazia isso, quando era mais novo. Talvez eles tenham aproveitado tanto, que tenham perdido a hora. — Ursula tentou acalmar Priscila, mas nada seria capaz de fazê-la se sentir melhor, a não ser ver a filha bem.

— Não, Ursula! — Priscila disse um pouco alterada. Ela respirou fundo, e sentiu as primeiras lágrimas descerem. — Eu to com um mal pressentimento desde que eles saíram daqui. Eu sabia que tinha que ter impedido!

HeartbrokenWhere stories live. Discover now