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Any Gabrielly

Minha perna tremia, enquanto eu fazia de tudo para me concentrar na aula. Era importante e eu sabia que precisaria lembrar disso mais para frente. Mas na verdade, por mais que eu tentasse dizer que não, eu estava demasiadamente ansiosa para mais tarde. Minha avó iria almoçar em casa e eu prometi que a apresentaria ao Josh. Claro que os meus pais ficaram um pouco hesitantes, mas não existe nada que a minha avó peça que eles neguem.

Eu estava com um pouco de medo. Lidar com a negação da minha mãe sobre o meu relacionamento é uma coisa, agora ter que lidar com a da minha avó é diferente. Eu sempre obedeci o que a minha avó dizia. Eu sempre segui a risca os seus conselhos. Ela é uma pessoa muito importante pra mim e eu não sei se consigo brigar com ela também. Pra ser sincera, eu também tenho medo que o meu namoro com o Josh seja apenas passageiro. Tenho medo dessa sensação morrer e nós não termos mais nada além de uma obrigação. Eu não quero isso.

- Any? - Escutei a professora me chamar. - E então? Qual a sua opinião sobre Orgulho e Preconceito?

- Ah, claro! A minha opinião... - Eu pensei nas minhas próprias palavras, antes de dizer. Até porque fazia muito tempo que eu tinha lido Orgulho e Preconceito. - Eu acho que é um romance feminista revolucionário. Pra época, foi ousado da Elizabeth se afastar quando o Senhor Darcy foi grosseiro com ela. Acho que Jane Austen pensava além de seu tempo.

- Eu discordo. - Escutei a voz irritante da Maya atrás de mim. - Eu acho que a Elizabeth era uma orgulhosa arrogante e acho que ela teve sorte de conseguir casar com um homem elegante como o Senhor Darcy.

- Isso é sério? - Sabina indagou do outro lado da sala. - Do contrário, o Senhor Darcy que teve sorte de se casar com uma mulher tão respeitosa e cheia de princípios como a Elizabeth. Como mulher, você deveria ter vergonha de defender o Darcy!

- Há muitas coisas que nós, mulheres, deveríamos ter vergonha de fazer. Estou errada, Any? - Ela me encarou com um sorriso maldoso no rosto. - Eu teria vergonha de usar o meu melhor amigo como step.

- Por Deus, garota! Se toca! - Sabina rebateu impaciente.

- Ok, meninas. Estamos fugindo do assunto. - A professora barrou o resto da discussão. - Então, como eu ia dizendo...

Eu estava um pouco envergonhada, pra ser sincera. Eu não sei em que ponto da minha vida, eu deixei de ser a menina quieta e que prefere ficar apenas com um grupo de amigos limitado, para ser o centro das atenções. Eu sinto que a Maya vem me colocando sob os holofotes, desde o acidente com o Josh. Tudo bem, ela já deixou claro que quer o meu namorado, mas eu ainda não entendo como ela ainda tem coragem de suportar essa perseguição boba. Já faz tanto tempo e o Josh já mostrou que não está interessado umas mil vezes.

Nesses últimos meses, eu não me reconheço mais. Eu parei de dar total atenção aos meus estudos, parei de me dedicar ás coisas que eu gosto, como por exemplo a pintura, parei de tentar me encaixar no padrão filha perfeita que a Priscila impunha sobre mim e comecei a fazer mais coisas que eu jamais me veria fazendo. Eu menti muitas vezes pros meus pais, eu deixei as minhas notas caírem e eu usei o Max. Usei mais do que eu deveria até. Nós cruzamos a linha de melhores amigos e eu sinto que foi a maior burrada que nós fizemos. Ele me pressionou e eu cedi. Não pode acontecer de novo. Não vai acontecer de novo.

- Oi - Eu me virei e encarei Max pela primeira vez durante um bom tempo. Eu sorri pra ele. - Eu fiquei sabendo da briga com a Maya. Ela é um porre mesmo.

- É... Acontece. - Dei de ombros e nós começamos a caminhar para fora. - Faz um tempo desde a última vez... Ta tudo bem?

- Sim. As coisas estão indo bem pra mim... E pra você também, pelo visto. - Ele diz e encolhe os ombros. - Na verdade, eu queria falar com você. Será que a gente pode conversar rapidinho?

HeartbrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora