08

791 72 5
                                    

Any Gabrielly

Os três primeiros tempos foram normais, e eu diria que até foram bons. Muitas pessoas pareceram felizes em me ver de volta, e algumas, as que não gostaram muito, preferiram se manter quietas. Sabina também não falou nada para ninguém sobre o que aconteceu mais cedo, mas ela deixou bem claro que eu precisaria procurar ajuda. Ela, Nour e Max não saíram do meu lado, exceto nos momentos em que tínhamos aulas separadas. 

— Quer que eu compre um chocolate? — Max perguntou, enquanto tirava sua carteira do bolso. — Oportunidade única, huh! 

— Estou sem fome, Max. Mas obrigada mesmo assim! — Comentei sorrindo. 

— Tem certeza? — Ele perguntou outra vez. 

— Absoluta. — Eu disse mantendo o sorriso. Ele deu de ombros e escolheu o que iria comprar. 

Minutos depois, nós estávamos andando pelo refeitório procurando por um lugar vazio, mas todos pareciam estar ocupados. Como uma ação ordinária, meus olhos foram para a mesa dos atletas e eu vi a pior cena que meus olhos poderiam captar. Maya estava sentada ao lado de Josh, enquanto falava com o olhar totalmente perdido em seus lábios. Eu não sabia o que eles estavam falando, mas eu senti meu estômago embrulhar outra vez naquele dia. Ela notou que eu estava olhando, e sorriu como se me dissesse oi. Eu desviei o olhar e caminhei para o lado de fora, sem sequer me importar com Max ou qualquer outra pessoa. 

— Hey... — Max disse um pouco mais alto, enquanto eu saía na frente. — O que aconteceu? Tudo bem? 

— Eu... Eu to bem. — Disse com o olhar perdido. — Eu só precisava de um pouco de ar... Me senti sufocada com aquelas pessoas me encarando. 

— Quer ir pro nosso lugar especial? — Ele perguntou. 

— A Nour e a Sabina não vão ficar chateadas? — Ele deu de ombros, mas sorriu de lado. 

— Acho que elas vão entender. 

— Tudo bem... — Eu sorri também. — Vou mandar uma mensagem avisando, então. 

Max seguiu na minha frente, enquanto eu digitava no meu celular. Assim que terminei de escrever no nosso grupo, eu guardei o celular no bolso do meu moletom e dei uma pequena corridinha para alcançar Max. 

— Ainda pretende fazer teatro? — Ele pergunta apenas para puxar assunto. 

— Acho que sim... Eu gosto de atuar. — Entorto a boca em um sorriso pequeno. — É o único momento em que eu deixo de ser a Any, e posso ser qualquer outra pessoa melhor e mais saudável. Gosto dessa ideia de fugir um pouco de mim mesma. 

— Nunca vou entender o porquê você se odeia tanto. — Ele dá de ombros, enquanto comenta. 

— Eu não me odeio. — Rebato. — Só enche o saco ter que ficar aguentando esse personagem bonitinho e educado que me foi imposto. Se eu pudesse sumir pelo menos uma vez ao mês, aguentar tudo isso seria fácil. Mas eu não posso. 

Max se mantém em silêncio, enquanto nós nos sentamos no gramado. A sombra da árvore nos faz aproveitar um pouco da brisa, sem a sensação chata de estar fritando no sol. Hoje é mais um daqueles dias em que se você está no sol, você passa calor, mas se está na sombra, você passa frio. 

— Quer ir jantar em casa hoje? — Max pergunta, depois de longos minutos em silêncio. 

— Eu... — Engulo em seco, mas antes que eu sequer pudesse prosseguir, ele me interrompe. 

— Relaxa, não é um encontro! — Ele comenta divertido. — É um jantar de família e vai ser um saco. Eu só pensei que talvez você pudesse ir pra me distrair um pouco, mas eu entendo completamente. Foi maluquice. 

HeartbrokenOù les histoires vivent. Découvrez maintenant