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Josh Beauchamp.

Tudo ainda parecia um pouco confuso pra mim. É estranho acordar e simplesmente não lembrar de toda a sua vida. Eu não me lembro de coisas que eu consideraria importante, como o meu primeiro beijo ou a minha primeira vez. E agora tudo parece um borrão. É como se tivessem me tirado do meu corpo e me jogado nesse aqui, onde eu não sei sequer quais pessoas eram meus amigos de verdade.

Nos primeiros dias, minha mãe me deu um panorama de como era a minha vida, e aos poucos eu fui memorizando algumas coisas. Eu sei que eu tinha uma namorada, e também sei que eu tentei protegê-la no acidente. Isso porque minha mãe me contou. Ela me disse que eu costumava amar a Any, e que eu tinha planos para me casar com ela depois da escola. O mais estranho é que eu não me lembro de nada, e muito menos me lembro de sentir essa paixão toda que foi me descrito. Digo, a Any é bonita e parece ser bem gentil, mas pelo que me contaram, eu não acho que ela seria uma pessoa com a qual eu namoraria. Ao contrário do que a minha mãe me contou, a Maya me disse que o meu relacionamento era instável e que eu sempre brigava com a Any.

Levando em conta a forma que a Any se sentiu incomodada ao apenas se sentar ao meu lado, talvez a Maya tenha razão. Mas estranhamente, eu sinto que preciso manter a Any por perto. Talvez ela possa me ajudar a me lembrar de quem eu realmente era. E ta aí uma coisa que eu tenho medo. Me lembrar de quem eu costumava ser. Eu tenho medo de acabar descobrindo que eu era um completo babaca, ou que eu já machuquei alguém. Tenho medo de saber como o antigo Josh era de verdade.

— Azul ou vermelho? — Noah perguntou enquanto me mostrava os copos descartáveis.

— Tanto faz. — Dou de ombros. — Os dois vão servir mesmo.

— Você não mudou nada, Beauchamp! — Ele diz revirando os olhos. — Você falou com a Any hoje? Ela estava estranha.

— A baixinha do cabelo cacheado? — Perguntei apenas para confirmar. Ele assentiu e eu respirei fundo. Acho que ele é uma pessoa da qual eu posso confiar. — Falei. Ela é minha parceira na aula de biologia.

— Você tem sorte, cara! Todo mundo queria fazer dupla com ela, porque ela é super esperta. — Ele disse. Noah jogou no alguns pratos descartáveis no carrinho, e continuou andando enquanto falávamos. — Ela não se importou com isso, na verdade. Ela só tinha olhos pra você, e pra ajudar, o treinador reclamou das suas notas. Você uniu o útil ao agradável.

— É estranho pra mim ainda... — Murmurei. Noah se virou para me encarar, enquanto eu focava meus olhos em qualquer outro canto. — Todo mundo me falou sobre o quanto eu a amava, mas eu sequer me lembro disso. Digo, se fosse algo realmente forte, eu deveria me lembrar, não?

— Bom, você não se lembrava da sua mãe. E eu acho que ela é importante pra você, né? — Ele deu de ombros. — Mas não se apega muito nisso. Tenta se aproximar e se você achar que não rola mais, segue em frente.

— Eu a convidei pra festa, mas ela me disse que não sabia se iria. — Comentei. — Ela já teve alguma coisa com aquele garoto alto e moreno? Não consigo me lembrar do nome dele!

— O Max? — Noah perguntou entretido em escolher um vinho do agrado dele. — Eu não conheço muito a história deles, mas eu acho que ele gosta dela. Ou pelo menos já fodeu com ela. Não sei, mas eles sempre andam colados. Quer dizer, menos quando ela tava com você.

Eu não puxei mais assunto, mas sempre trocava uma palavra com Noah apenas para dar a minha opinião sobre alguma coisa. Eu ainda não sabia como ele pretendia passar as bebidas alcoólicas, mas ele me garantiu que tudo daria certo. E deu, no final. Eu o ajudei com algumas sacolas, mas o suficiente pra que não me atrapalhasse com as muletas. Era um saco ter que usar isso, mas eu ainda não posso arriscar andar sem. De qualquer forma, nós andamos por pouco tempo, apenas para chegar até o carro dele. Eu não sei se ele tinha dinheiro, mas o carro dele parecia ser bem caro. Eu também não perguntei, mas deduzi que sim.

HeartbrokenWhere stories live. Discover now