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Any Gabrielly

Era a milionésima vez que eu me encarava no espelho, apenas naquela noite. Eu não sei. Tem algo de errado. Bom, prefiro evitar pensar nisso, enquanto retoco o meu batom. Minha maquiagem era simples, eu não quis nada que chamasse muita atenção, já que meu vestido já faria isso por mim. Ele tinha um decote na parte de trás, enquanto a parte da frente tinha um decote, se é que pode ser chamado de decote, no estilo princesa. Ele era de um vermelho carmim em um tecido lindo de cetim. Nos meus pés, eu optei por um salto alto de brilhantes, que iriam combinar, propositalmente, com, os meus brincos de festa. Meu cabelo estava preso apenas de um lado, enquanto descia pelos meus ombros. Eu estava me sentindo completamente deslocada, mas não é como se eu estivesse incomodada. Parecia demais pra um simples baile.

Josh me enviou uma mensagem dizendo que já estava chegando, e eu respirei fundo outra vez. Peguei minha bolsa e coloquei apenas o necessário, ou seja, o meu celular, meu batom caso eu precise retocar, e uns cem pratas. Enquanto eu me arrumava, pude notar que a Priscila estava parada na porta do quarto, mas eu sequer me preocupei em falar com ela. Ainda não tínhamos nos acertado, até porque ela quer que eu a perdoe e tente entender o lado dela. É a minha mãe, eu sei, mas eu não quero que ela fique se metendo na única coisa que eu pensei que pudesse escolher, com quem eu saio.

— Você está linda! — Ela diz com um sorriso no rosto. Eu a encaro de uma vez e noto que ela está com os olhos marejados, talvez emocionada. — Ele é um garoto de sorte...

— Mãe... — Eu mordo minha bochecha e tento procurar algo para dizer, além de sinto muito. Eu não gosto de brigar com os meus pais, me sinto culpada mesmo sabendo que não tenho culpa alguma.

— Eu te devo desculpas, Any. Sinto muito por ter te dado um tapa, eu passei dos limites e eu reconheço. — Ela diz por fim. — Você acha que consegue me perdoar algum dia?

Eu caminho até ela e sorrio de leve. Junto nossas mãos e sinto meus olhos marejarem também.

— Que tipo de filha desnaturada eu seria, se eu não fosse capaz de perdoar a minha própria mãe? — Nós duas rimos de leve, enquanto eu observo o olhar de agradecimento de Priscila. — Nós duas erramos... Desculpa por ter mentido. Eu prometo que não vou mentir mais. A partir de hoje, sem mentiras entre nós duas.

— E eu prometo que vou tentar parar de me intrometer na sua vida amorosa. — Ela estende o dedinho e eu entrelaço o meu com o dela. — Mas... Vamos com calma, ok?

Eu assinto de leve e ela me puxa para um abraço apertado. O som da campainha faz com que ela se afaste um pouco de mim. Ela sorri mais ainda e eu seco o canto dos meus olhos. Ela desce na frente, enquanto eu ainda enrolo um pouco no quarto. Silvio me pediu para conversar um pouco com o Josh antes de irmos, mas eu não vou deixar que isso aconteça por muito tempo. Eu sei que meu pai vai tentar deixar o Josh apavorado, afinal é o que ele sempre faz.

Quando finalmente me sinto pronta, eu desço as escadas com cuidado para não cair. Quando chego na sala, Josh e Silvio me encaram com admiração. Eu diria que eles não tem palavras, porque ambos abrem a boca algumas vezes mas nada sai de lá. Eu sorrio um pouco envergonhada e encaro o Josh. Ele sorri da mesma forma que eu, mas seus olhos brilham. Algo como um olhar apaixonado, mas eu prefiro não me precipitar ainda. Eu analiso sua roupa e constato o óbvio. Joshua Beauchamp fica lindo em qualquer roupa, mas de terno, o homem parece ficar mil vezes mais atraente. O cabelo perfeitamente alinhado, enquanto suas tatuagens estão cobertas pela roupa. Céus, eu estou louca pra beijá-lo e tirar esse paletó.

— Você está perfeita! — Josh diz por fim.

— Cuidado com o que diz, garoto! — Silvio o repreendeu e todos nós rimos. Meu pai me encarou outra vez e sorriu pra mim também. — Mas ele está certo. Você está perfeita, querida!

HeartbrokenWhere stories live. Discover now