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Josh Beauchamp

Eu não sei ao certo quando foi que eu me decidi sobre amá-la. Não me lembro se eu já tinha a certeza de que a amava, antes do acidente. Ou se foi apenas depois que eu entendi isso. De uma coisa eu sei, eu precisei pensar que havia perdido ela pra entender que sim, eu a amo. Nunca houve outra. Não depois dela. Não consigo mais imaginar um futuro sem ela. Um em que nós não estamos juntos. Eu preferiria morrer do que ter que viver uma vida sem ela.

- Bom dia! - Ela diz sorridente assim que nós cruzamos a porta da cozinha. - Bom dia, Nonna! Como a senhora dormiu?

- Bom dia, querida! Eu dormi bem, obrigada por perguntar. - A Nonna respondeu sorrindo igualmente.

Eu me encostei no batente da porta e sorri para a cena. Priscila estava preparando o café, assim como Silvio. Eles pareciam conversar sobre algo importante, já que eles apenas se viraram para responder o bom dia de Any e dois segundos depois, eles estavam conversando entre si outra vez. A Nonna estava sentada e parecia escutar Any falar animadamente sobre alguma coisa também. Eu estava ali, mas mal estava prestando atenção.

Eu costumava ver a família da Any como a pior família do mundo, mas estando aqui, com eles, não me parece ruim. Ontem eu enfrentei uma longa conversa com os pais da Any. Eles concordaram em me deixar dormir aqui, contanto que a porta estivesse aberta o tempo inteiro e eu precisava ser cuidadoso sobre onde eu colocaria as minhas mãos. Any me disse que nós já passamos por essa fase antes, mas que eles quiseram reforçar as regras sobre eu ficar aqui dentro. Até porque eu não me lembrava de nenhuma delas. De qualquer forma, eu não iria avançar muito com os pais dela dormindo no quarto ao lado e a avó dela dormindo bem no quarto da frente. Eu sou inconsequente, mas nem tanto.

E também, eu estava feliz por ter cruzado essa barreira com os pais dela. Ontem foi a primeira vez, que eu me lembre, de nós termos ficado mais de dez minutos sem discutir ou causar algum conflito que pudesse deixar a situação tensa. Eles foram gentis comigo, pareciam estar me dando uma segunda chance. O que deixou a minha garota super feliz.

- Josh, vai ficar em pé aí a manhã inteira? - A voz doce da Nonna me despertou dos meus próprios pensamentos. Foi aí que eu percebi que todos já estavam sentados e me encaravam um pouco divertidos. - Vem até aqui, querido. Vamos agradecer antes de comer e você está convidado a se juntar á mesa conosco.

- É verdade, Josh. - Priscila disse e sorriu de lado. - Eu sei que nós não temos o melhor dos passados, mas eu prometi pra Any que tentaria fazer dar certo.

- Obrigado, Priscila. - Eu sorri pra ela também. Ela se levantou e caminhou até mim, apenas para me receber em um abraço confortável.

- Mas você ainda vai precisar tomar cuidado sobre onde coloca as mãos na minha filha, huh! - Silvio diz em um tom divertido e todos nós rimos. E em meios aos risos, ele continua: - É verdade! Não estou brincando!

Nós agradecemos pela comida e depois tomamos café. Como uma família. Não haviam brigas ali, o clima estava agradável. Quando o meu olhar foi de encontro com o da Any, eu vi que ela também sentia que tudo estava indo conforme os planos. Ela estava feliz. Mais do que eu já tinha visto. Ela estava bem. Era esse o momento.

[...]

- Você vai dormir comigo hoje, amor? - Eu soltei a mão de Any apenas para abraçá-la, enquanto eu me despedia dela.

- Acho melhor não abusar muito da nossa liberdade... Vai que eles se arrependem e resolvem implicar de novo. - Ela assentiu e sorriu de lado pra mim. - Mas sabe, eu estava aqui pensando. Minha mãe tem um chalé há umas duas horas daqui. É um lugar bonito, acho que você gostaria de conhecer. O que acha? Tem um lado enorme na frente e é cheio de patinhos.

HeartbrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora