Prólogo- O Início do Caos

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Há muito tempo, a Mansão dos Malfoy foi um local onde grandes encontros importantes aconteceram, aquele lugar possuía um brilho próprio, esbanjando sua riqueza e poder que passaram por gerações, aquela casa, era conhecida como um recanto que retratava tudo o que as nobres famílias do mundo bruxo queriam ser. Mas há um tempo isso havia mudado e parecia estar cada vez mais impregnado nas paredes daquela casa enorme e sombria.

A residência dos Malfoy agora era um lugar tenebroso, marcado pela morte e pela tragédia, um lugar que nem mesmos seus próprios donos conseguiam permanecer por muito tempo. Era como se as paredes chorassem e sangrassem com tanto horror que presenciavam naquela casa. Um sofrimento sem fim.

O mais novo dos Malfoy estava sentado em seu quarto, ainda atordoado com os últimos acontecimentos, sua mente rebobinava de maneira insistente todas as atrocidades que precisou presenciar, todas as maldades que precisou fazer, as pessoas que teve de trair a confiança. A pessoa que precisou largar em um momento tão delicado...

Seu quarto estava completamente abafado, as janelas fechadas, assim como as cortinas pesadas, a lareira acesa... Tudo estava organizado, como ele sempre gostava de manter as coisas. Na escrivaninha, sua varinha estava posicionada próxima a uma pilha de livros, e ao relógio de bolso que Astoria havia lhe presenteado antes de tudo acontecer. Ele não ousava mexer naquele relógio, não queria despertar mais ainda o incômodo que sentia toda vez que lembrava que não poderia se envolver mais com ela. Draco não queria colocá-la em perigo mais do que ela já estava.

Sua cabeça estava completamente confusa, e ele ainda conseguia sentir o terror dos olhos dela. Catherine. Ele ainda se lembrava perfeitamente do grito que a garota soltou a plenos pulmões quando Snape proferiu o feitiço da morte, não era um grito de dor, ou medo, mas sim de ódio. Ele conhecia bem aquele sentimento.

Ódio. Draco sentia corroer as suas entranhas, dia e noite de maneira ininterrupta. Ele apenas queria que sua vida voltasse a ser como era antes, mas não havia mais volta, desde o dia em que ele recebera a sua marca, ele soube disso. Um passo longe demais, que havia levado o rapaz para o abismo, um passo em falso e tudo pode se perder em uma questão de segundos. Ele achava estranhamente tentador se jogar em direção a esse abismo, mas se fizesse isso, ele sabia que acabaria levando sua família junto.

Draco ouviu uma batida na porta.

– Entre. – Ele disse recompondo-se.

Em minutos, sua tia Bellatrix Lestrange entrou sorridente.

– Draquinho, meu sobrinho mais lindo...– Ela disse jogando-se na cama do garoto. Ele sorriu educadamente apesar de se sentir constrangido.

– O que houve para estar de tão bom humor? – Draco perguntou.

– Vamos lá embaixo, que eu lhe mostrarei...– O sorriso da mulher se alargou. – Vamos, logo bebezinho! Não vai querer perder o grande show!

Bellatrix se levantou apressada com uma animação, que apenas aquela mulher desmiolada conseguiria ter em um momento como aquele. Draco levantou-se da cama prevendo que haveria uma catástrofe pronta para acontecer. 

Ele desceu as escadas frias daquele casarão, sentindo-se estranhamente desconfortável. Draco não se sentia mais pertencente a aquela casa, era como se ele fosse um intruso. Ele seguiu sua tia por entre os corredores, sentindo uma brisa gélida percorrer sua espinha. Um mau augúrio. Draco ergueu o queixo, ele não poderia vacilar dentro daquela casa, as paredes ouviam, e o observavam diariamente a espera de algo comprometedor, ele precisava manter a imagem impecável, mesmo que por dentro ele estivesse desmoronando.

Os dois passaram pelo escritório de seu pai, que agora não o pertencia mais, e então foram parar em uma saleta onde geralmente as visitas eram recebidas. Ele hesitou colocar os pés naquele lugar ao ver a cena pavorosa.

Catherine estava parada em frente a Voldemort, mas não parecia ter noção de nada do que acontecia a sua volta. O olhar da garota era vago, como se estivesse completamente hipnotizada, fora do ar, seus olhos brilhavam em uma intensidade bizarra, deixando-a lindamente assustadora, os cabelos esbranquiçados balançavam de um lado para o outro, embora não houvesse janela alguma aberta naquele cômodo.

O Lord das Trevas sorriu ao ver Draco e Bellatrix. O rapaz manteve distância.

– Eu disse que conseguiria o que eu queria...– Ele disse vitorioso. Sua voz era fria, mas havia um certo orgulho nela.  – Minha querida filha veio até nós, como eu disse que ela viria...

– Claro, Milorde... – Bellatrix disse fazendo uma reverencia exagerada. – Ela não iria resistir seguir os caminhos do próprio pai, tenho certeza de que em breve sentirá orgulho de carregar um sobrenome como o seu...

– Sem dúvida, Bella... – Voldemort disse, seu rosto pareceu contorcer-se num sorriso. – Em breve vamos obter uma resposta dela. E não será outra além do sim. Não com a surpresa que você me trouxe. – Ele se aproximou da mulher.

Draco encarava a cena de longe, ainda com o mesmo espanto de antes, mesmo sem demonstrar uma gota de seu desespero. Ele escutou alguém gritar na sala ao lado, aquela voz lhe parecia vagamente familiar. Voldemort sorriu mais ainda e Bellatrix gargalhou alto como uma criança que havia acabado de receber um doce.

Rapidamente o rapaz saiu dali, e andou até outra sala, ele queria ter certeza de que aquele grito de dor não era da pessoa em que ele estava pensando. Aquele seria um golpe baixo e desesperado demais, até mesmo para Lord Voldemort.

Draco abriu uma brecha da porta, apenas o suficiente para observar a parte de dentro.

A princípio ele apenas viu uma parte da sala, onde havia uma grande prateleira de carvalho, uma poltrona de couro branco, e uma mesinha de centro. Mas ao abrir um pouco mais a porta ele viu a cena que mais temia. Amarrado em uma cadeira, sem blusa e com vários cortes e hematomas espalhados pelo rosto sardento, lá estava ele. Fred Weasley, completamente desnorteado, machucado e sofrendo. Foi naquele instante em que o rapaz compreendeu o que Voldemort queria dizer com o fato de a garota não ter escolha, ele havia pegado o bem mais precioso dela, o seu coração fora do corpo. Lord Voldemort acabara de sentenciar o mundo bruxo a morte e não haveria outra escapatória, a não ser que Catherine tivesse um vislumbre de lucidez.

(...)

Quando Catherine abriu os olhos, ela estava em seu quarto, seu corpo parecia diferente, como se pela primeira vez, estivesse nutrido devidamente, ela sentia algo pulsar dentro de suas veias. Ela se sentia viva. Ao olhar para o lado, Fred dormia profundamente, sua blusa estava manchada de sangue, seu cabelo cor de cobre grudado no rosto suado e foi naquele instante em que ela se lembrou do ocorrido.

Seu coração estava partido, a pessoa que ela amava estava machucada, arruinada e era tudo culpa dela...

LIVRO 2- Dangerous Reality And The Darkside  | Fred Weasley {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora