Percy Jackson conheceu o amor de sua vida. Percy Jackson casou com o amor de sua vida.
Mas a história não acaba no "e viveram felizes para sempre" como nos contos de fadas. Ainda mais quando você é o responsável pela sua esposa estar internada no h...
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O casal entrou em casa em silêncio. Depois de horas sentado escutando todos os detalhes técnicos da adoção, a mente de Percy tinha virado gelatina e ele só queria deitar e dormir sem hora para acordar, mas ele ainda tinha que voltar ao trabalho enquanto Annabeth tinha que visitar uma casa que ela tinha arquitetado para ver se estava tudo indo dentro do prazo - nunca estava -, então nenhum dois tinha tempo de conversar sobre a última hora com a assistente social. Eles precisam de muitos documentos e permissões que Percy nem se lembra mais dos nomes, sua cabeça rodava durante toda a reunião, mas felizmente para o casal, Annabeth tinha tudo anotado em um caderno.
O que mais estava o incomodando, a algum tempo na verdade, era a possibilidade de Annabeth só estar adotando por causa dele. Percy tinha passado por esse sentimento por um breve período de tempo e não queria que sua esposa passasse por isso também. Mas novamente, a falta de coragem para perguntar e esclarecer tudo dominava seu coração. Ele morria de medo da resposta. Isso estava se tornando um padrão seu, de ter medo da vontade de Annabeth não combinar com as suas e eles se verem em um linha cruzada em que nenhum dos dois poderiam ceder. Não conseguiriam ceder.
Às vezes ele mesmo se perguntava o porque queria tanto ter um filho. Parecia estúpido, como uma criança mimada que queria de qualquer forma um brinquedo que os pais não deram, muitos casais eram extremamente felizes sem filhos. Chegou até a se perguntar se era saudável. Ele queria mesmo ser pai ou só queria substituir o Bernardo e a Isabela? Tinha medo dessa resposta também se fosse completamente honesto consigo mesmo.
- Acho melhor contratar um advogado... - Annabeth soltou. Percy ficou tão assustado que quase tropeçou no tapete. A esposa riu e o ajudou a se equilibrar enquanto ele a olhava confuso.
- Pra que um advogado, meu bem? - Perguntou ele, jogando as chaves do carro na tigela de porcelana em uma mesinha alta ao lado da porta de entrada. Era para ser um objeto de decoração chique mas que acabou virando um porta-treco ao longo do tempo.
- Todos esses documentos me parecem muito estressantes. Não quero lidar com eles. Podemos contratar aquela amiga do Grover, que cuida desse tipo de assunto.
- Sabrina Ducker? - Percy tentou lembrar-se de seu nome.
- Algo assim - respondeu e se jogou no sofá de couro preto. Inclinando a cabeça para trás a loira fechou os olhos e tomou uma longa respiração, tentando acalmar seu nervosismo.
Percy rodeou o sofá e ficou em frente a ela, colocou as mãos em seu ombro e começou a massagear.
- Nós vamos conseguir - afirmou. Ele não sabia disso, obviamente. Se analisasse de forma pragmática eles tinham bons empregos, uma casa confortável, uma família saudável para apoiá-los e o desejo de serem pais e amar uma criança, qualquer criança acima de tudo; se ele pensasse de forma espiritual, eles já tinham sofrido tanto que não era possível que até dessa vez as coisas dariam errado. Nem a lei de Murphy era tão filha da puta assim.
- Mas e se... Não? - Annabeth abriu os olhos, as íris cinzas que Percy era tão obcecado exalavam medo. Medo de novamente ter algo tirado de si.
- Então nós vamos passar por isso. Juntos. - Afirmou novamente. Ele abaixou sua cabeça e deu um beijo em sua testa.
Depois um beijo em cada uma de suas pálpebras. Nas bochechas vermelhas, no nariz cheio de sardas bonitinhas, nos lábios com gosto de gloss de menta e em seu pescoço arrepiado.
O medo de Annabeth deu a Percy uma ponta de esperança, por mais maldoso que parecesse, esperança de que ela queria aquela criança tanto quanto ele; Percy poderia lidar com essa pequena ponta de esperança na incerteza, ele já viveu com nenhuma, afinal.
Mas não importa o quão incerto tudo esteja, seja sobre seus próprios sentimentos e vontades ou as de sua esposa, uma certeza ele sempre teve e sabia que isso nunca iria mudar, que ele não queria que mudasse.
