ANTES

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As janelas do quarto estavam abertas e a luz do sol das três da tarde esquentava todo o lugar, deixando poucas sombras

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As janelas do quarto estavam abertas e a luz do sol das três da tarde esquentava todo o lugar, deixando poucas sombras. Os detalhes em verde da parede e do berço pareciam mais coloridos, mais vivos.

Percy, sentado no chão em frente a porta aberta com um urso de pelúcia branco na mão, se perguntou se Bernardo seria um bebê chorão, que os acordaria várias vezes de madrugada, interromperia as refeições exigindo atenção. Ele se perguntava qual seria o brinquedo preferido de Bernardo, se era um carrinho, um boneco; graças a Estelle ele tinha opções.

Imaginou ele aprendendo a andar e correndo quando percebesse seu pai entrar em algum cômodo. Com olhos cinzas que nem os de Annabeth e cabelos escuros que nem os seus, a risada gostosa de criança amada que alegrava todo o ambiente. Bernardo seria uma criança social e hiperativa ou mais quieta? Ele gostaria de seu quarto todo em verde e branco ou gostaria mais de alguma outra cor?

As possibilidades eram infinitas, quanto ele seria influenciado pelas paixões dele e de sua esposa? Ele gostaria de estudar que nem Annabeth ou preferiria ficar na praia que nem Percy? Seria a perfeita mistura dos dois ou completamente diferente, com os próprios gostos e sonhos?

Ele não sabia. Poderia imaginar, visualizar em sua mente o pequeno rosto de bebê delicado, o nariz achatado, os dedos com unhas frágeis. Poderia apenas imaginar, porquê Percy não saberia as respostas para essas perguntas. Bernardo nunca iria nascer.

Foi Percy que soube primeiro; ele soube antes de Annabeth que seu filho estava morto em seu útero.

Quando, no meio da noite, acordou ao sentir sua companheira se mover inquietamente, Percy estranhou, a loira tinha um sono pesado, silencioso, dormia que nem uma pedra. Então acordou-a, nervoso com as possibilidades que passavam por sua mente.

Talvez se tivesse acordado-a antes, notado antes que ela estava desconfortável e que era a premonição que algo estava errado...

Algo também o deixou desconfortável, não sabia o que era até que Annabeth arregalou os olhos e falou que Bernardo não se movia. O bebê era agitado durante a noite, uma constante fonte de reclamação da mãe que acordava exausta, mas essa noite ele não se moveu, ficou quieto, quase como se não estivesse ali. O medo os dominou e o casal foi às pressas a clínica da obstetra que acompanhava a gravidez.

Ir nas consultas de ultrassom era uma das maiores alegrias de Percy. Ver Bernardo, mesmo que um borrão cinza, escutar o coração era completamente mágico; foi na primeira ultrassom que a ficha de que ele seria pai finalmente caiu, que soube que aquele serzinho, fruto do amor deles era real; que um pequeno rosto, com pequenos olhos, nariz e boca estava sendo formado, moldado às características deles dois. Foi na primeira ultrassom que Bernardo trouxe Percy a vida e o ensinou o que era amor, antes ele não sabia o que era nenhum dos dois.

Em ultrassom de emergência, o técnico não coloca uma tela extra para a mãe acompanhar, mas Percy, atrás do técnico, conseguia ver tudo. Ele não entendia muita coisa, mas quando depois que oito minutos tinham se passado e as batidas do coração de Bernardo não terem sido encontradas, ele soube.

A primeira coisa que aconteceu foi suas mãos começarem a tremer, ele olhou Annabeth, que carregava uma expressão desesperada, com olhos marejados. O técnico se levantou e saiu, dizendo que chamaria a obstetra, ele não tinha permissão para dar esse tipo de notícia, mas sua expressão congelada transparecia tudo.

Ele sabia. Ele simplesmente sabia. E, oito minutos em completo silêncio depois, ele se dirigiu a sua esposa.

- Acho que Bernardo está morto.

Percy viu o silêncio da morte na última ultrassom de seu filho.

✓ HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN?, PERCY JACKSONOù les histoires vivent. Découvrez maintenant