AGORA

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Percy tremia dos pés à cabeça

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Percy tremia dos pés à cabeça. Tinha gritado, ele tinha chorado, caído no chão em joelhos e implorado. Mas leis eram leis e ele não poderia levar Charles pra casa. Não naquele dia, não amanhã.

Ele não sabia quando. Percy foi obrigado a deixar seu filho chorando nos braços da assistente social. Que porra de pai faria isso? Mas ele sabia, depois de horas escutando Sabrina em seu ouvido, que tinha feito o certo.

O certo pra quem? Não parecia certo para ele deixar Charles aos cuidados de estranhos, do governo ou não, deixá-lo fora de sua vista nesse momento parecia o pior dos crimes, mas Deus o ajudasse se ele apenas o pegasse e levasse-o para longe. Aí sim, dessa vez, ele perderia qualquer chance de conseguir a guarda definitiva. E Annabeth contava com isso, ele não poderia lhe causar mais isso.

Deus, porque Percy não poderia ter um ano de paz? Porque ele tinha que lutar tanto? Lutar para ter um filho, lutar para manter esse filho, lutar para o relacionamento não afundar de vez, lutar e lutar e lutar. Era assim que era a vida? Uma luta eterna? Ele estava perdendo as forças. Não somente agora, ele vinha perdendo as forças a um bom tempo e ninguém havia notado. Até porque quem que notaria? Quem que iria socorrê-lo? Sua esposa estava em uma porra de cama de hospital e coma por sua culpa, por culpa de algo que ele, no calor do momento, disse e agora nada nunca estra bem novamente. Porque se ela acordasse... Porque quando ela acordasse ele teria que lidar com as últimas palavras que disse a sua esposa. E Percy não tinha forças para mais isso, se ele não tivesse forças para resolver as próprias ações, como poderia cuidar de uma criança sozinho? Seu plano nunca foi esse. Era sempre ao lado de Annabeth que ele se via, nunca um pai solteiro e agora ele teria que agir como um, mas não só isso. Ele teria que lutar só para ter seu filho em casa. Como ele faria isso novamente? De onde ele tiraria forças para isso quando tudo que ele queria era deitar em uma maca e entrar em coma por dez anos e esperar tudo se resolver por si só.

Ele sabia que não era isso que ia acontecer. Ele era um adulto, afinal, embora nos últimos dias sentia-se muito como aquele adolescente que fugia de todas as responsabilidades possíveis. Mas ele não poderia fugir agora, não quando tinha uma criança o chamando de pai, implorando por ele e Annabeth, pedindo-o para levá-lo para sua casa. Annabeth não poderia fazer isso, mas ele ainda estava ali de pé. Em suas últimas reservas de energia, mas estava fisicamente bem o suficiente para continuar. E por mais exausto que estivesse, deixar Charles à mercê do governo nunca foi uma opção, mas ele não sabia qual o próximo passo, era sempre ela que sabia o que fazer nessas horas.

Mas ela não estava ali. E a ficha dele finalmente começou a cair. Annabeth não estava ali e não estaria durante um longo tempo. Há anos ele não sabia o que era ficar sem ela.

Sua respiração acelerou, seu coração bateu cada vez mais rápido e cenas de tudo dando errado passavam como flash em sua mente. Ele perdendo Charles. Charles chorando e sendo levado embora. Percy caiu no chão do hospital, suas costas encostadas em uma parede aleatória enquanto enfiava o rosto entre os joelhos. Seu peito doía como nunca antes. Ele estava sozinho. Ele estava sozinho. Ele estava sozinho e ninguém poderia ajudá-lo. Ele não merecia nenhuma ajuda. Sua esposa estava em coma por sua culpa. Ela morreria por sua culpa. Ela perdeu o próprio filho por sua culpa. Eles perderam Charles por sua culpa. Tudo de ruim que acontecia era sua culpa e não tinha nada mais que ele pudesse fazer para ajeitar tudo porque nada mais tinha volta. Tudo era definitivo e tudo era sua culpa. Ele merecia estar sozinho sem ninguém. Ele merecia estar naquela merda de situação. Nada nunca ficaria bem novamente. Por sua culpa.

Percy queria gritar. Percy queria morrer.

✓ HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN?, PERCY JACKSONOnde histórias criam vida. Descubra agora