capítulo 4 • la llamada.

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Joaco Piquerez.

Com a final da Libertadores se aproximando, era previsível que Abel tentasse coisas novas no treino e colocasse suas ideias malucas em prática; Gómez de lateral no lugar de Marcos Rocha (que não poderá jogar) é uma delas.

A real é que estou mais inspirado que o normal, não sei se é a ambição de conquistar a taça, a ideia de ser pai tão repentinamente ou as duas coisas, só sei que estou mais focado e isso é bom.

— ei cabeção, eu tô falando com você! — disse, me dando um pequeno empurrãozinho.

— eu tô ouvindo, Gustavo. — devolvi o empurrão.

— então o que eu disse? — ergueu uma sobrancelha.

— que eu sou bonito. — abri um sorriso cínico.

— engraçadinho. — riu fraco. — eu tava falando que talvez a gente pudesse se reunir lá em casa domingo, sabe? Como as nossas famílias moram longe, uma chamada de vídeo para contar a novidade seria ótimo!

— que novidade? — me fiz de sonso.

— ela me contou. — fez uma careta. — e relaxa, eu não estou bravo, pelo contrário! Tô feliz demais que vou ter um sobrinho.

— QUEM VAI TER UM SOBRINHO? — gritou Danilo, que veio correndo até nós com a velocidade do Flash. Patrick, Gabriel Menino e Wesley vinham logo atrás.

— é, quem deu o rabo e quem é o pai? — perguntou o mais curioso entre eles, Patrick.

— também quero saber. — Gabriel cruzou os braços.

— não é da conta de vocês. — disse o mais velho.

— é sim! Conta, vai... — implorou Wesley, juntando suas mãos num gesto de "por favor".

Gustavo me encarou como se dissesse "isto é com você, parceiro". Eu estava cercado de fofoqueiros, a única solução que via era contar a novidade.

— eu vou ser pai... — mal havia terminado de falar e a gritaria havia começado dentro do vestiário. — e a mãe é a Becca. — finalizei, o que fez com que eles parassem com os gritos.

— o que? A minha Becca? — Gabriel me encarou sarcástico. — impossível.

— acredite, Gabriel. — Gustavo. — a minha irmã tá grávida dessa mula aí.

— GABRIEL CORNO!! — gritou o arrombado do Danilo.

— eu te falei que boi sem chifre não existia. — foi a vez de Wesley.

— mais ai vocês se lembram que a gente não namora. — disse, jogando beijinhos pelo ar.

— mas você tem crush nela. — rebateu o de cabelos platinados.

— chega, chega, chega. — interferiu a pequena discussão, batendo palminhas. — não contem que a minha irmã está grávida para ninguém, ok?

— ok. — assentiram em tom uníssono.

[...]

Estava assistindo ao documentário do River Plate na netflix, quando o barulho do toque do meu celular ecoou pela sala, dirigindo minha atenção para a tela do aparelho.

O contato nomeado como "becca" aparecia no visor do telefone. Era ela.

— oi, Be. — atendi.

— oi, Joaco. — sua voz soou calma e um pouco mais preguiçosa que o normal do outro lado da linha. — liguei para avisar que amanhã tem exame de rotina e ultrassom... vai querer ir?

— sim! — aceitei de imediato. — que horas é para estar lá?

— ahm... — pausou sua voz. Aparentemente estava checando o horário. — 10h da manhã esteja lá, ok?

— tudo bem, Be. — assenti. — o merda do Gustavo vai?

não, apenas nós dois... penso que se formos juntos, talvez possamos nos acostumar um com o outro. — riu fraco.

bem, se já fizemos um bebê sem termos a mínima intimidade, nos acostumar um com o outro não vai ser tão difícil. — abri um sorriso divertido. — enfim, como você tá?

— bem, na medida do possível. E você?

— estou bem, muito bem. — dei ênfase no "muito". — por incrível que pareça não estou mais nervoso para a final daqui a 2 semanas, alguma coisa me deixou leve e sou suspeito para falar que foi o bebê.

— eu tava bem até você tocar no assunto da final. Porra, ainda não acredito que estamos a 90 minutos da glória eterna... — disse a última frase com entusiasmo na voz.

— nem eu, vou jogar uma final de Libertadores pela primeira vez e minha ficha nem caiu. É incrível.

— faça gols pelo bebê, ok? — falou autoritária.

— pode deixar, mamãe. — brinquei com a paraguaia.

— tia, o papai mandou eu te pedir ajuda na lição da escolinha. — uma voz infantil invadiu o outro lado da linha.

— ahm... eu vou desligar aqui, ok? — era a voz dela novamente. — Pía precisa de ajuda na lição de casa.

— vai lá ajudar ela, Be.

— obrigada... — mas obrigada pelo que? — tchau, Joaco.

— tchau, Be.

Logo a chamada foi encerrada e eu voltei a assistir o documentário.

nós 3 - joaquín piquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora