Joaco Piquerez.
Acordei com o barulho alto e irritante do despertador, anunciando que era hora de acordar.
Me levantei da cama, tomei um banho quente, vesti o uniforme de viagens e corri para a casa da mãe do meu bebê para me despedir dela.
- hermano! - recebeu-me Gustavo, com um sorriso no rosto. Ele já vestia a roupa de viajar e suas malas estavam separadas num canto da sala.
- cheguei cedo? - fiz uma expressão receosa.
- que nada, chegou foi tarde. - ironizou. - entra... e coloca suas malas ali. - apontou para o canto onde suas bagagens estavam, me dando espaço para adentrar a casa em seguida.
- bom dia, Pique. - desejou Jazmin, que tomava uma xícara de café.
- bom dia, tio. - Pía.
- bom dia Jaz, bom dia Pía. - as cumprimentei com um abraço. - cadê a folgadinha?
- tá lá na cozinha, vai lá. - apontou para o cômodo.
- obrigado. - agradeci minha amiga e fui correndo até a cozinha, encontrando Becca comendo um pote de açaí escondida.
- bonito né, dona Rebecca. - aumentei o meu tom de voz, fazendo-a se assustar.
- que susto! - praticamente gritou, batendo suas mãos contra a mesa.
- comendo besteira essas horas? - cruzei meus braços.
- foi seu filho que quis, não posso ir contra as vontades dele. - retrucou.
Antes que pudesse argumentar contra sua fala, a garota soltou o pote de sorvete em cima da mesa e me envolveu em um abraço.
- pensei que não viesse. - sussurrou na altura do meu ouvido, me causando alguns arrepios.
"Era óbvio que eu viria, nunca deixaria de vir te visitar, minha Becca."
Era isso que a minha mente dizia.
- eu não poderia viajar sem me despedir de você, Be. - abracei a sua cintura.
- que lindo o momento do casalzinho. - disse uma voz carregada de sotaque, nos assustando.
- que susto, seu cachorro! - exclamou a paraguaia, me desabraçando e batendo nas costas do chileno quando o alcançou.
- isso dói, sua peste! - passou a mão pelo local onde Becca bateu.
- bem feito. - murmurei risonho.
- oi pra você também, Piquerez. - deu ênfase no meu sobrenome.
Não deu nem tempo de respondê-lo, pois Rony acabara de chegar com um gato branco e as coisas do animal na cozinha.
- CHEGUEI PORRA. - gritou, "jogando" o gato no colo de Becca.
- que isso, seu louco? - ergueu uma sobrancelha.
- você vai cuidar do meu gato enquanto eu estiver viajando. Gostou? - abriu um sorriso sugestivo.
- eu não sei cuidar de animal. - negou, colocando o gato nos meus braços.
Ah, pronto... agora sobrou pra mim.
- relaxa, você vai aprender. - jogou uma piscadela para a mãe do meu bebê.
Após a situação, nos cumprimentamos como se nada tivesse acontecido e fomos tomar café (mas não antes de deixar o gato e suas coisas no sofá).
- acho que nós vamos golear o Flamengo por 10x0, com direito a um gol do calvo. - referiu-se ao Weverton, vulgo, melhor goleiro do Brasil.
- ai, Rony, vai zikar o capeta... e cala a boca. - resmungou Becca, bebericando o café dentro da sua xícara.
- silêncio, marrentinha. Apenas minha opinião importa aqui. - se gabou, recebendo um belo de um dedo do meio.
- achei foi pouco. - ironizei.
- Joaquín, como sempre, sendo cadelinha da Becca. - comentou o camisa 4+3, que jogava baralho com Gustavo e Jazmin.
Deyverson e Benjamín revezavam entre cuidar do felino e brincar com Pía e Lucca. E eu, Be e Rony tomávamos café pela terceira vez.
A casa estava uma verdadeira zona, mas tínhamos apenas 1h para aproveitar Becca, sua barriguinha, sua cunhada e seus sobrinhos.
Não estou preparado para viajar e deixar minha baixinha aqui em São Paulo; principalmente depois de saber que ela vai ficar sozinha com Lucca e o gato de Rony (pois Jazmin e Pía viajarão daqui a 3 dias para ver a final em Montevidéu).
Em partes, me sinto culpado por tê-la engravidado e a feito perder um momento tão mágico como esse.
E como diria o poeta Deyverson: nunca foi sorte, sempre foi Deus. Tudo tem um propósito.
Os últimos minutos na casa de Gustavo passaram-se rápidos demais. Não deu tempo de terminar de ouvir os discursos motivadores de Becca (aos quais não vou esquecer tão cedo) e nem anotar no meu bloco de notas tudo que ela queria do Uruguai; um pônei de Punta del Este estava na lista.
Infelizmente a hora da despedida chegou.
- você vai conseguir sozinha? - chequei, aflito. - estou preocupado em te deixar... você tem mesmo que ficar, Be?
- relaxa, eu sei como me cuidar. - disse, minimizando um pouco a minha preocupação. - essa semana está sendo uma das mais calmas, tenho certeza que vou conseguir sobreviver.
Eu não disse nada, apenas concordei com a cabeça e a abracei o mais forte que consegui. Eu vou sentir MUITA saudades da minha gatinha, mas entendo que ela precisa ficar em casa e se cuidar.
Quando nos separamos, deixei um beijo na sua testa e esbocei um sorriso.
- não esquece de tudo que eu disse, ok? - me encarou autoritária. Por minha vez, assenti com a cabeça. - não precisa fazer um gol para o bebê, nem virar o Alphonso Davies do Bayern e muito menos bater no Rony quando ele perder gols, apenas...
- proteja o que é nosso. - completei, fazendo-a abrir um sorriso largo e orgulhoso.
- é isso. - beijou a minha bochecha e saiu, indo em direção ao irmão.
•••
Becca Gómez.
Meu irmão, o pai do meu filho e meus amigos partiram para Montevidéu em busca da glória eterna pela segunda vez seguida e eu estava em lágrimas.
Lágrimas de orgulho, alegria e emoção.
- não precisa chorar, Becky. Eles voltam em breve. - tentou me confortar, afagando meus cabelos logo após.
- Jaz, acha que eles vão conseguir? - a encarei, buscando por respostas.
- é a Sociedade Esportiva Palmeiras! Não tenho dúvidas de que o tri será nosso. - abriu um sorriso confiante.
- MANHÊEEEE. - gritou Pía. - O GATO SUBIU EM CIMA DO ARMÁRIO E TÁ GRITANDO, COM MEDO DE DESCER.
- ai meu Deus, só o Rony pra inventar de colocar gato aqui em casa. - resmungou, se levantando da minha cama e calçando seus chinelos. - vai descer também?
- sim. Preciso ver a festa de despedida da torcida pela janela. - me levantei também e descemos a escadaria juntas.
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nós 3 - joaquín piquerez
Fanfictiononde Rebecca Gómez e Joaquín Piquerez tem um problema sério para resolver.