capítulo 5 • mi bebé.

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Joaco Piquerez.

Fazem 3 minutos que estou aqui e Becca ainda não havia chegado na clínica. Bem, acho que cheguei cedo demais.

Me sentei em um dos milhares de bancos que tinham na sala de espera e resolvi jogar algum jogo sem graça enquanto Becca não chegava para a consulta.

— cheguei atrasada? — sua voz sonoramente angelical ecoou pelo ambiente, levando a minha atenção para si.

Ela usa uma camiseta preta que marca perfeitamente a sua barriguinha de quase 3 meses e uma calça jeans, seus cabelos longos e escuros estão soltos e sua maquiagem é quase inexistente. Rebecca Gómez Portillo está deslumbrantemente bonita.

— eu que cheguei cedo demais. — respondi risonho, me levantando para abraçá-la.

Puxei o seu corpo para perto do meu e enlacei meus braços em volta da sua cintura. No instante em que nossos corpos se juntaram, uma corrente elétrica atravessou o meu corpo, chegando a arrepiar a minha pele. Provavelmente ela sentiu o mesmo que eu, pois os pelinhos de seu braço estavam completamente arrepiados. Logo após, fomos mandados para a sala da médica obstetra para iniciar a consulta.

— deite-se aqui, senhora Gómez. — pedia, apontando para a maca.

A paraguaia me encarou e, em código morse, pedia ajuda para subir na maca. Segurei em uma de suas mãos para que pudesse ter apoio para dar impulso e em poucos instantes ela já estava deitada.

Um gel transparente foi aplicado na região de seu útero e um aparelhinho foi levado até lá, revelando um pequeno e inquieto corpo.

— e aqui está ele... ou ela! — a mulher apontou para a tela.

Senti minhas pálpebras pesarem e meus olhos se encherem de água. Lágrimas caíam sucessivamente dos meus olhos conforme alterava o olhar á barriga de Gómez e o meu bebê naquela tela. Ele é tão lindo...

Nunca me imaginei chorando por conta de um ultrassom, mas hoje eu chorei e chorei com motivo, afinal, é o meu filho.

Limpei as centenas de milhares de lágrimas que escorreram pelo meu rosto e tornei a prestar atenção nas recomendações da obstetra.

— é importante consumir alimentos ricos em vitaminas e outros nutrientes essenciais, variando no consumo de frutas, legumes e verduras. Outro ponto importante é evitar bebidas alcoólicas, se automedicar e dirigir, independentemente da ocasião. Bom, é isso. — finalizou limpando o gel melequento da barriga de Becca.

— obrigada, doutora. — abriu um sorriso para a mulher, que por sua vez, apenas repetiu o ato.

— fique de olho na sua mulher. — dirigiu sua fala á mim.

— ela não é minha mulher, é minha amiga... — ri fraco. — mas pode deixar.

— é a mãe do seu filho? — perguntou.

— sim. — afirmei.

— como caralhos isso aconteceu? — perguntou com uma careta, arrancando gargalhadas minhas e de Be (que escutava a conversa ao meu lado).

— numa festa... ambos bebemos excessivamente e acabou rolando. — expliquei resumidamente.

— lamento de certa forma, mas pensem pelo lado bom; vocês estão gerando uma vida. — sorriu sugestiva.

— estamos felizes e ansiosos demais pela vinda desse bebê, só que ainda não contamos para os nossos pais que eles terão um netinho... ou netinha. — foi a vez de Becca.

— oh, boa sorte, vocês precisarão. — fez uma expressão apreensiva.

— obrigada. — agradeceu.

— por nada. Se cuidem e da próxima vez, usem...

— usaremos, pode deixar. — abracei a mãe do meu bebê de lado e levei-a até a saída da sala. — até mais, doutora.

Saímos da clínica abraçados até chegarmos no estacionamento e a garota resolver se desvencilhar dos meus braços para me encarar.

— o que foi, pinscher? — cruzei meus braços.

— primeiro: não sou pinscher, segundo: eu estava conversando! Custava esperar? — arqueou uma sobrancelha.

— não. — dei de ombros, voltando a andar em direção ao meu carro.

— me espera. — pediu, andando em passos apressados até mim.

— você anda muito devagar, mano. — "reclamei" com a paraguaia.

— olha o tamanho das minhas pernas seu arrombado. — apontou para suas pernas, me arrancando boas gargalhadas. — ahm, vou embora com você, não quero pagar uber.

— e é assim? — a olhei sarcástico, após parar de rir.

— sim. — respondeu simples.

A observei abrir a porta do meu carro e adentrá-lo como se tivesse um nível absurdo de intimidade comigo. Achei folgada. Fiz o mesmo e em questão de segundos dei partida no carro.

— coloca música. — entreguei meu celular desbloqueado para ela.

— claro. — assentiu.

Não sabia nada sobre seu gosto musical, mas se Rebecca colocasse Rauw Alejandro ou Manuel Turizo iria idolatrá-la por ter o mesmo gosto musical que eu.

A música "la nota" começou a tocar no carro e foi nesse momento que percebi que Rebecca Gómez Portillo tem o mesmo gosto musical que eu e o melhor desse mundo todo.

[...]

O caminho para a casa dela foi repleto de risadas, conversas e até mesmo fofocas por minha parte. Notei que Becca tem uma energia incrível, é simpática, divertida, fofoqueira e um pouquinho folgada, convenhamos.

— chegamos! — exclamei ao parar o carro em frente ao seu condomínio.

— não vai entrar? Guga tá lá. — avisou, enquanto pegava sua bolsa.

— eu preciso ir embora, esqueceu que tenho treino? — levei minhas mãos á minha cintura.

— puts, esqueci totalmente. — bateu na própria testa. — vou indo então, tchau Joaquín.

— tchau, Be.

Um beijo de sua parte foi depositado no canto da minha boca e isso foi o suficiente para que um sentimento esquisito se reascendesse dentro de mim. Só senti isso apenas uma vez e foi quando os nossos corpos se encontraram e se encaixaram naquele dia, depois daquela classificação.

Fui tirado dos meus pensamentos com a porta do carro sendo fechada com uma certa força.

— tem geladeira não, desgraça? — reclamei.

— não. — gritou por conta da distância onde já se encontrava.

Dei partida no carro após ter a certeza de que a folgadinha estava segura e dentro do condomínio. Agora, o destino é o Jardim Peri.

nós 3 - joaquín piquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora